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Manual: quem lê?

Motorista que não lê manual perde tempo e dinheiro no meio da viagem

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O episódio do VW Fox (argola que machuca o dedo) traz à baila uma outra discussão, a do manual do proprietário.

A Volkswagen não deixa de ter razão num ponto: a operação de rebatimento do banco traseiro está explicada no manual e há advertência a respeito no próprio banco.

Existem vários procedimentos ao se lidar com um automóvel que exigem cuidado e respeito às orientações do fabricante. O risco de acidente não está apenas no banco traseiro: há vários componentes potencialmente perigosos em qualquer veículo. Imagine o macaco colocado no lugar errado no momento de trocar o pneu: aí não é só o peso do banco, mas de todo o automóvel em cima do seu pé.

A discussão é tão antiga que remonta aos tempos dos Fordinhos que não tinham partida elétrica. O carro funcionava na base do "feijão", virando a manícula lá na frente do motor. Às vezes, a manivela, num contragolpe, costumava quebrar o polegar do motorista...

Quem lê o manual do proprietário? Quase ninguém. Alguns motoristas procuram se inteirar das regras básicas para funcionar o carro. E a maioria, nem isso.

A verdade é que, parte da culpa é do próprio manual, que vem se tornando um verdadeiro calhamaço nos últimos tempos. A invasão da eletrônica deu nisso: dezenas ou centenas de novas funções, comandos e controles que jamais existiram no passado.

Talvez o prezado leitor não saiba, mas hoje tem que se aprender até como destravar o freio de estacionamento: em alguns modelos mais luxuosos não existe mais a alavanca do freio e o sistema funciona eletricamente.

Um exemplo da falta que faz a leitura do manual é o corte automático de combustível. A maioria dos automóveis mais modernos conta com um equipamento que bloqueia a passagem de gasolina para o motor, em caso de acidente. A idéia é evitar incêndio num carro que bateu ou capotou.

Acontece que, no Brasil, as "crateras" do nosso asfalto iludem o sistema pois seus sensores "acham" que o impacto sofrido pela roda foi provocada por um acidente. E corta a gasolina.

Algumas dezenas de metros depois do buraco, o carro pára na estrada por pane seca. Se o motorista tivesse lido o manual, evitaria perder horas parado no acostamento esperando um reboque, fora o golpe no bolso. O manual explica como funciona o sistema e como desativá-lo (basta apertar um botãozinho) no caso de um falso alarme. Mas, fazer o quê se o motorista não sabe nem que existe o sistema e muito menos onde está o tal botãozinho?

Algumas montadoras estão tentando contornar a situação editando manuais mais práticos, atraentes e objetivos. E até combatendo a eletrônica com a própria, usando recursos mais modernos (CD, DVD) para tornar as instruções mais digeríveis.

Entretanto, quanto mais elas tentam, mais informática é incorporada ao automóvel. E mais complexa, a comunicação com o dono.