Ficou mal explicada a decisão do governo de reduzir o percentual (25% para 20%) de etanol na gasolina. Não convence a alegação oficial de ?segurar? o preço do álcool em função da entressafra da colheita de cana. Afinal, a vantagem do carro flex não é exatamente tornar o motorista independente das variações de seu custo? Se sobe o preço, a solução não é mandar os usineiros às favas e encher o tanque de gasolina?
E era o que a imprensa já noticiava: uma redução na demanda pelo etanol enquanto o preço subia. Motorista sabe fazer conta.
O que levou o governo a reduzir novamente o percentual do álcool ? mas ele não confirma para não assustar o mercado ? é a possibilidade de ele faltar na bomba.
Noves fora, qual a consequência dessa redução do percentual no dia a dia do motorista?
No motor flex, a mudança é quase imperceptível, pois ele está preparado para consumir qualquer dos dois combustíveis. Nos automóveis modernos só a gasolina, nenhum problema também: a injeção eletrônica se ajusta de acordo com o que percebe ter no tanque. Talvez um pouquinho menos de potência em função da redução da octanagem.
Sobra ? como sempre ? para os menos afortunados que ainda rodam com automóveis mais antigos, que funcionam com o velho carburador: a variação do percentual de álcool pode prejudicar o motor que já estiver carbonizado, pois a redução de octanagem pode fazer surgir a ?batida de pino?. Aquele barulhinho metálico quando se pisa fundo o acelerador. E, se insistir muito, o motor vai para o espaço...
Emissões E a poluição? Essa aumenta ligeiramente, pois o álcool é mais limpo que a gasolina. Não faltaram os ecomaníacos, desculpe... os ambientalistas levantando essa questão, que, obviamente, não prejudicou o sono de ninguém em Brasília.
Por falar em insônia, pouco se faz no país pela limpeza do ar que respiramos. Demonstração inequívoca disso foi ter sido abortada, no início de 2009, a obrigatoriedade do diesel mais limpo na frota de pesados. Fora a inspeção veicular que já deveria ter sido implantada há 12 anos e não sai do papel.
No fim de 2009, num arroubo de preocupação ambiental, o governo estendeu a redução do IPI por três meses somente para os veículos flex. Mas quem disse que o motorista do carro flex só usa álcool?
E o programa de etiquetagem, onde os carros zero quilômetro teriam dependurado no para-brisa um documento informando consumo (e emissões)? O governo bateu palmas para a ideia, mas seguiu a cartilha do poderoso lobby do setor e não a tornou obrigatória. Só dependura quem quiser. Ou seja, ninguém...
E qual foi o estímulo concedido aos modelos que consomem e poluem menos, como se faz na Europa?
Finalmente, em plena onda de elétricos e híbridos, o prezado ouviu falar de alguma medida do governo brasileiro para estimular sua produção ou importação?
História mal contada
Governo atribui ao aumento do preço do etanol a redução de seu percentual na gasolina. Será?