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Sedãs médios estão sendo atropelados pelos SUVs; é o começo do fim?

Nos últimos 10 anos, a participação dos sedãs médios caiu significativamente no mercado brasileiro, enquanto a dos SUVs só cresce

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Toyota Corolla Hybrid tem desempenho satisfatório e baixo consumo de combustível
Toyota Corolla Hybrid tem desempenho satisfatório e baixo consumo de combustível Foto: Maria Antônia Rebouças/Esp. EM/D.A Press

Cada mercado tem suas peculiaridades, mas é notório que no mundo todo os SUVs caíram no gosto dos consumidores, sendo transformados em uma verdadeira febre. E no Brasil, é claro, não foi diferente. Viraram os “queridinhos” dos brasileiros, atingindo o status de sonho de consumo para muitos. O reflexo disso foi o desaparecimento de alguns segmentos, como o das peruas (station wagons) e das minivans. Mas, atualmente, os sedans médios estão sendo engolidos pelos SUVs, levantando a dúvida se serão a próxima vítima.

Para tentar entender esse cenário, recuamos o calendário por 10 anos e chegamos em 2014, período em que os sedans médios tinham bastante força no mercado brasileiro. Quem tinha um modelo desse segmento na garagem  estava bem na fita.

Honda Civic e-HEV branco, de frente, em movimento, com prédio industrial ao fundo
Atualmente, a Honda comercializa o Civic apenas em versão híbrida Foto: Honda/Divulgação

Como era o cenário há 10 anos

Naquela época, em 2014, o Toyota Corolla já era o sedan médio mais emplacado no mercado brasileiro, com 63.290 unidades. Em seguida, apareciam seu então arquirrival Honda Civic, com 52.254 unidades emplacadas, o Chevrolet Cruze Sedan (24.506 unidades) e o Nissan Sentra (14.270), citando apenas os quatro primeiros colocados no ranking dos mais emplacados no segmento.

Com esse volume, o Toyota Corolla era o 12º modelo mais emplacado no mercado brasileiro. O segmento de sedans médios tinha 8,31% de participação no mercado, enquanto os sedãs compactos contribuíam com 3,45%, resultando em um total de 11,76%.

Nissan Sentra branco visto pela dianteira em frente a construção estilo japonesa.
Nissan Sentra mudou principalmente na dianteira Foto: Nissan/Divulgação

Já em 2014, os sedans médios enfrentavam a ofensiva dos SUVs, que estavam a todo vapor, em fase de crescente participação no mercado. O Ford EcoSport, lançado em 2003, era o modelo mais emplacado, com 54.263 unidades, sendo seguido pelo Renault Duster (48.865), Hyundai Tucson (18.176) e o Hyundai ix35 (15.315). O segmento tinha uma participação de 10,7% no mercado brasileiro.

Como estão os sedans médios hoje no Brasil?

Atualmente, o Toyota Corolla continua liderando o segmento dos sedans médios, mas aparece com pouco mais de 20 mil unidades empacadas de janeiro a julho, sendo o 19º modelo mais vendido no ranking geral do mercado brasileiro. Em 2023, nos 12 meses, o Corolla teve 42.925 unidades emplacadas, volume que o posicionou no 18º lugar do ranking geral.

Mas se a situação não está boa para o Toyota Corolla, imagina para os outros concorrentes do segmento de sedans médios? O segundo colocado do segmento nos sete primeiros meses de 2024 é o Nissan Sentra, com 3.260 unidades emplacadas. Em seguida aparecem o BYD Seal, sedã elétrico que teve 2.413 unidades emplacadas, o Volkswagen Jetta, oferecido apenas na versão esportiva, com 1.795 unidades, e o Honda Civic, agora só em única versão híbrida mais sofisticada e cara, com 844 unidades.

Ford EcoSport azul 2018 EUAazul de frente em movimento no asfalto
Ford EcoSport foi o primeiro modelo do segmento de SUVs a fazer sucesso no Brasil Foto: Ford/Divulgação

Só para efeito de comparação, nos 12 meses de 2023, o Nissan Sentra teve 4.143 unidades emplacadas, o VW Jetta, 2.230, e o extinto Chevrolet Cruze  Sedan, 1.278. No ano passado, a participação total do segmento de sedãs no mercado brasileiro foi de 16,6%, sendo 8,33% dos compactos, 5,1% dos pequenos e 3,2% dos médios.

Já a participação dos SUVs no mercado brasileiro em 2023 foi de 45,4%, tendo entre os modelos mais emplacados o VW T-Cross (72.440 unidades), Chevrolet Tracker (66.643), Hyundai Creta (65.817), Jeep Compass (59.106) e o VW Nivus (52.103).

SUVs crescem, os sedans médios caem

Nos sete primeiros meses de 2024, a participação dos SUVs já se apresenta melhor do que no ano passado, com 48%, trazendo os cinco modelos mais emplacados: VW T-Cross (39.703), Hyundai Creta (37.812), Chevrolet Tracker (35.256), Nissan Kicks (33.999) e VW Nivus (31.436). O segmento de sedans médios tem no período 2,99% de participação, e os sedãs compactos, 3,76%, somando 6,75%.

Uma diferença brutal entre os segmentos de SUVs e o de sedans, principalmente se considerarmos os médios, que a cada ano perde em volume e tem número menor de opções.

O movimento da indústria automotiva indica uma clara preferência pelos SUVs, que representam maior valor agregado, são os 'queridinhos' do consumidor e, consequentemente, aumentam a margem de lucro.  

Volkswagen T-Cross Comfortline 2025 vermelho, de traseira, estacionado
Volkswagen T-Cross lidera o segmento dos SUVs no Brasil Foto: Volkswagen/Divulgação

O segmento de sedans compactos parece que resistirá um pouco mais, passando a figurar entre as opções mais baratas no mercado brasileiro. É um segmento que tem muita procura por frotistas, taxistas, motoristas de aplicativos e locadoras.

Já o segmento de sedans médios parece estar agonizando, dando sinais claros de que está perdendo a força e sendo atropelado pelos SUVs. O Toyota Corolla é um bravo herói da resistência, mas resta saber até quando ele e os modelos restantes do segmento aguentarão a pressão. É esperar para ver.

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