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SUVs são cada vez mais vistos como poluidores e inseguros

Apesar de estarem entre os modelos mais vendidos em várias regiões do mundo, os utilitários-esportivos estão no foco de países que querem reduzir drasticamente as emissões de poluentes

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Modelos como o Cadillac Escalade, de frente robusta, são mais agressivos em casos de atropelamento
Modelos como o Cadillac Escalade, de frente robusta, são mais agressivos em casos de atropelamento Foto: Cadillac/Divulgação

O segmento de SUVs tem uma verdadeira legião de fãs em todo o mundo. Em diferentes mercados, são carros que vendem muito e atraem consumidores que, muitas vezes, buscam a ilusão do status, do poder de ter um modelo de dimensões avantajadas com posição de dirigir “superior”. Mas em tempos de esforços para a redução de emissões de poluentes, esses carros estão sendo vistos como verdadeiros vilões.

O motivo é simples. Principalmente nos Estados Unidos e Europa, os SUVs mais vendidos são os médios e os grandes, ou seja, modelos de dimensões exageradas, alguns com peso acima das duas toneladas, equipados com motores a combustão movidos a diesel ou gasolina. Verdadeiras usinas de poluição.

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Os SUVs grandes, como o Jeep Grand Cherokee, impressionam pelas dimensões avantajadas Foto: Jeep/Divulgação

São carros pouco práticos no trânsito urbano, difíceis de estacionar, que ocupam mais espaço e ainda são extremamente agressivos em casos de acidentes. De acordo com artigo publicado na revista Veja, os SUVs grandes contribuem significativamente com o número de mortes nos casos de atropelamento nos Estados Unidos. Por serem altos e muito robustos, diminuem as chances de sobrevivência dos pedestres, chamando a atenção das autoridades e entidades reguladoras de segurança no trânsito.

Mas o cerco aos SUVs fica ainda pior na Europa, onde governos de alguns países e ativistas declararam guerra ao segmento. Em fevereiro passado, foi assinado em Paris um referendo que prevê a cobrança de taxa maior de estacionamento para modelos movidos à combustão ou híbridos com peso superior a 1.600 quilos. Muitos SUVs se enquadram nesse perfil.

Para se ter ideia, um carro desse porte paga atualmente 18 euros (cerca de R$ 100) pela hora em estacionamentos na área central de Paris, o triplo do preço pago por veículos menores. Em outras áreas da cidade, os SUVs pagam 12 euros a hora.

Ainda de acordo com o artigo da Veja, outras frentes contra os SUVs se espalham pela Europa. A prefeitura de Milão, na Itália, estuda a possibilidade de barrar totalmente o acesso desses carros grandes e poluentes no centro histórico da cidade. A intenção é reduzir as emissões que favorecem o efeito estufa.

Em Estocolmo, na Suécia, é banir da região central veículos movidos a diesel ou gasolina. Em Londres, a pressão é no sentido de aumentar todas as taxas sobre os SUVs ou outros automóveis de porte grande, movidos a combustão, até que ninguém mais queira comprá-los.

Podem parecer medidas radicais, até de certo ponto antidemocráticas, mas quando observamos as alterações climáticas que têm causado verdadeiras tragédias pelo mundo, com chuvas torrenciais, inundações, calor ou frio intensos, não há como não se preocupar.

Não que os SUVs ou veículos a combustão sejam os únicos responsáveis pelo aumento da poluição, mas é certo que eles contribuem significativamente. Por isso, precisamos falar sobre SUVs e as consequências de veículos de porte grande circulando pelas cidades. Não é nada prático e nem ambientalmente correto.

No Brasil, ter um SUV na garagem é símbolo de poder e ostentação. As pessoas se sentem “superiores” olhando as demais do alto de seus luxuosos e imponentes automóveis. Muitos usam o argumento da segurança, quando na verdade muitos motoristas de SUVs viram alvo de bandido por sugerirem que são mais endinheirados.

Queridinhos no Brasil

Desde que o Ford EcoSport foi lançado no Brasil, em 2003, uma verdadeira onda de SUVs de diferentes portes tomou conta do mercado. São inúmeros modelos, para variados gostos e tamanhos de bolsos, apesar de que geralmente são caros.

De acordo com dados da Fenabrave, em 2022, 43,85% dos veículos emplacados no Brasil eram SUVs. No ano passado, o percentual aumentou ainda mais, chegando a 45,46%, com 782 mil unidades emplacadas, considerando SUVs pequenos, médios e grandes.

É uma febre que em países como o Brasil deve demorar muito a passar. Apesar de custarem mais caro e muitas vezes serem menos práticos no dia a dia, os SUVs ainda são os queridinhos dos consumidores brasileiros. Nos países da Europa, onde as cidades têm limitações de espaço para estacionar, inibir a circulação de SUVs e veículos de grandes dimensões, pesados e poluentes, é medida de primeira necessidade.

Para os europeus, que contam com diferentes tipos de transporte público eficientes, como metrô, monotrilho e embarcações, deixar os SUVs na garagem pode ser tarefa mais fácil. Para nós, brasileiros, que não somos tão privilegiados em termos de transporte público, o ideal seria a conscientização no sentido de optar por veículos menores, que poluem menos e que ocupem menos espaço. Comprar um SUV grandalhão para andar a maior parte do tempo sozinho é no mínimo sem sentido e brega.

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