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FAROL ALTO

Se 2023 não foi dos melhores, também não foi dos piores

O setor automotivo viveu momentos de altos e baixos no mercado brasileiro neste ano que se encerra com números melhores do que os registrados em 2022

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A picape Fiat Strada encerrou o ano como o modelo mais vendido do Brasil
A picape Fiat Strada encerrou o ano como o modelo mais vendido do Brasil Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

Não foi um ano de encher os olhos, mas se considerarmos fatores importantes como os juros altos e os preços dos carros cada vez mais elevados, o setor automotivo conseguiu bons resultados em 2023. O ano ainda não terminou, mas deve fechar com cerca de 2,3 milhões de veículos emplacados, entre automóveis e comerciais leves. E a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta um 2024 ainda melhor.

Ao antecipar o balanço da Anfavea, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, revelou que a projeção para 2024 é de crescimento de cerca de 7% nas vendas de automóveis e comerciais no mercado automotivo brasileiro. E ele afirmou que espera ter errado na projeção, pois acredita que o setor tem potencial para crescer mais no próximo ano.

Volkswagen Polo Track 2023 visto de frente em movimento na estrada. Modelo está incluso na Black Friday da marca.
Polo Track ganhou melhor opção de financiamento Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press.

“Temos demanda reprimida, setor de locação crescendo e uma frota envelhecida. Além disso os números de emprego formal vêm surpreendendo e a economia como um todo pode ser bem melhor no ano que vem”, afirmou o presidente da Anfavea.

Ele tem razão em algumas de suas afirmações, principalmente em relação à frota envelhecida, o aumento de empregos formais e a boa expectativa em relação à política econômica do atual governo. Mas é preciso lembrar que existe uma combinação de fatores que ainda influencia muito o desempenho do setor automotivo no Brasil.

A primeira constatação é de que o poder aquisitivo da maioria da população brasileira caiu após a pandemia da COVID-19 e paralelamente os preços dos carros subiram vertiginosamente nos últimos anos. Para piorar ainda mais o quadro, as taxas de juros permaneceram altas por longo período, comprometendo a principal modalidade de compra do consumidor brasileiro, que é por meio de financiamento.

Mesmo assim, ficou clara a reação do setor automotivo em 2023, com um aumento nas vendas de automóveis e comerciais leves de cerca de 11%, comparando com os números do acumulado de janeiro a novembro do ano passado. Os números ainda são inferiores aos obtidos antes da pandemia, mas começam apresentar sinais de recuperação.

E na briga entre as marcas do setor automotivo, destaque para a Fiat, que vai encerrar o ano na liderança do mercado brasileiro somando as vendas de automóveis e comerciais leves. A marca italiana tem atualmente 22% do mercado brasileiro, contra 15,5% da Volkswagen, a segunda colocada no ranking.

Com sua linha diversificada de produtos e muita força no segmento de picapes – a Strada continua sendo o modelo mais vendido no país –, a Fiat ampliou seu portfólio e surfou na boa onda do Grupo Stellantis, que ainda conseguiu ressuscitar as francesas Peugeot e Citroën. Lembrando ainda dos bons volumes de vendas no segmento de SUVs da Jeep, outra marca do Grupo Stellantis.

A surpresa do ano foi a virada da Volkswagen no segmento de automóveis. A marca alemã começou 2023 com poucas novidades para anunciar, mas o Polo Track, substituto do Gol, lançado no fim de 2022, ajudou a impulsionar as vendas da VW. A marca lidera o segmento de automóveis, mas com uma diferença bem pequena em relação à Fiat e General Motors.

Outro destaque do ano no setor automotivo brasileiro foi a chegada das chinesas BYD e GWM, que apostaram nos modelos eletrificados e provaram que é possível oferecer carros elétricos com preços competitivos. A BYD, gigante mundial no setor de eletrificação, passou na frente das montadoras aqui instaladas há décadas e já deu os primeiros passos para a produção em larga escala do primeiro modelo 100% em território brasileiro.

Mas é notório que ainda há muito o que se fazer para que o carro elétrico ganhe volume no mercado brasileiro, pois, apesar de já existirem modelos com preços um pouco mais acessíveis, ainda estão muito distantes da realidade da maioria dos trabalhadores brasileiros. Se comprar carros a combustão está difícil, imagina os elétricos.

Mas a expectativa é de que o setor automotivo não perca o foco da descarbonização e continue investindo em fontes de energia renovável. Se a melhor opção para o Brasil neste momento é o carro híbrido flex, alimentado por etanol, que venham os incentivos fiscais e a redução nas taxas de juros, para que a frota envelhecida possa ser substituída por veículos mais modernos, seguros e eficientes.

Que 2024 seja um ano mais positivo para todos os setores e que o trabalhador brasileiro possa enxergar novamente a possibilidade de adquirir um carro novo sem ficar com a corda no pescoço. Feliz Natal e um Ano Novo próspero para todos!

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