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Carros híbridos: será que essa onda vai tomar conta do Brasil?

Muitos ainda se perguntam se o carro elétrico vingará no mercado brasileiro, enquanto algumas montadoras sinalizam que a primeira opção será mesmo o híbrido

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A Hilux terá versão híbrida a partir do próximo ano
A Hilux terá versão híbrida a partir do próximo ano Foto: Toyota / Divulgação

Enquanto o mercado de carros elétricos cresce significativamente em países de primeiro mundo, por aqui o assunto ainda é visto com certa cautela. Os preços de alguns modelos estão caindo, já existe fábrica com início de produção local programado, mas ainda falta muito em termos de infraestrutura. Por isso, algumas montadoras já anunciaram que o foco para o Brasil são os carros híbridos, de preferência com motor flex ou apenas etanol.

E esse movimento surge exatamente no momento em que os preços dos carros elétricos no Brasil começam a cair. O mais barato é o Chery i-Car, vendido por R$ 119.990, seguido pelo Renault Kwid E-Tech (R$ 123.490) e JAC e-JS1 (R$ 126.900). Tem ainda o BYD Dolphin, que sobe para a faixa dos R$ 150 mil.

Esta semana aconteceu um fato curioso que mostra o quanto essa briga está ficando cada vez mais acirrada e como é gigantesca a margem de lucro das montadoras. A Peugeot anunciou uma promoção até o fim do mês para o SUV compacto elétrico e-2008, que de R$ 199.990 está sendo vendido por R$ 159.990. Uma redução de R$ 40 mil. Mas os que têm boa memória certamente vão lembrar que quando foi lançado por aqui, o Peugeot e-2008 era vendido por R$ 259.990. O preço do carro caiu R$ 100 mil.

Mesmo com essas sinalizações de redução de preços dos carros elétricos, o consumidor brasileiro ainda os vê com certa desconfiança. Principalmente quando se fala em colocar o carro na estrada para uma viagem com a família. “Eu vou conseguir recarregar a bateria?”. “Já tem estações de recarga suficientes pelas estradas brasileiras?”. Essas são algumas perguntas frequentes feitas por pessoas que pensam em comprar o carro elétrico, mas ainda ficam desconfiadas.

Talvez por isso algumas montadoras estão refazendo seus planos e repensando seus projetos para o Brasil, adequando-os à realidade do país. E é aí que entram os carros híbridos, de preferência com motores a combustão alimentados com etanol, o combustível menos agressivo ao meio ambiente.

A primeira marca a introduzir um carro híbrido flex no mercado brasileiro foi a Toyota, com os modelos Corolla e Corolla Cross. A ideia de ter um motor a combustão auxiliado por outro elétrico, que amplie o alcance, poluindo menos, foi muito bem recebida. Tanto é fato que a Toyota pretende lançar outros modelos no Brasil com a mesma tecnologia, entre eles uma versão da picape Hilux e outra do novo Yaris.

Diante disso, o grupo Stellantis, dono de marcas como Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën, anunciou recentemente que lançará carros híbridos produzidos no Brasil já em 2024. A tecnologia batizada como Bio-Hybrid será do tipo híbrida-flex, permitindo o uso de gasolina ou etanol, associada ao motor elétrico.

O grupo Stellantis não revelou quais serão os primeiros modelos a receber essa tecnologia híbrida, mas especula-se que o Peugeot 2008 puxe a fila. Foram prometidos mais de 40 lançamentos até 2025, com carros híbridos, elétricos e a combustão.

Chevrolet Monza híbrido leve 48V produzido na China vermelho de frente estático
O novo Chevrolet Monza é vendido na China em versão híbrida leve de 48V Foto: Chevrolet/Divulgação

A General Motors, que havia afirmado que faria a transição do carro a combustão direto para o 100% elétrico, já está refazendo seus planos. O vice-presidente de Comunicação e Relações Governamentais da GM, Fabio Rua, declarou, recentemente, que “o foco da empresa continua sendo os elétricos, mas não quer dizer que não avaliamos todas as oportunidades tecnológicas que vão aumentar a eficiência dos nossos carros”.

O executivo afirmou que a GM não tem um projeto aprovado de carros híbridos para produção no Brasil, mas sabe-se que a marca tem alguns modelos na China, como o Chevrolet Monza, que usa um motor 1.3 turbo e outro elétrico. Poderia ser uma opção para o Brasil. De acordo com Fabio Rua, a GM deixará de produzir carros só a combustão no Brasil até 2035, mas prometeu que até lá todos os modelos Chevrolet serão “cada vez mais eficientes”.

Nesta semana, a Renault também anunciou o investimento de R$ 2 bilhões na produção de um produto novo no mercado brasileiro, baseado na plataforma CMF-B, a mesma do Kardian. Sem dar muitos detalhes sobre o modelo, a marca francesa revelou apenas que ele terá uma versão híbrida, confirmando a tendência.

A Volkswagen também não deve ficar de fora, já que percebeu que sua investida com modelos 100% elétricos por aqui não deu muito resultado. A marca alemã trouxe o ID.4 e o ID.Buzz somente na opção de carro por assinatura. Mas é sabido que a VW pretende investir em carros híbridos para o mercado brasileiro, assim como a Honda também já anunciou.

Portanto, o consumidor brasileiro, que na sua grande maioria está longe de ter condições financeiras para comprar um modelo elétrico, fica na expectativa de ter acesso a carros híbridos com preços mais acessíveis. Os que estão disponíveis atualmente no mercado têm preços iguais ou mais caros do que alguns elétricos de entrada. Para que a coisa funcione de forma a estimular o uso das tecnologias limpas, é preciso eliminar essas distorções. Que venham então os carros híbridos flex com preços mais baixos.

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