UAI

Decadência da Cometa

Veículos de empresa que já foi padrão de qualidade vivem quebrando e complicando a vida dos passageiros

Publicidade
Foto:

Três jovens - um de São Paulo, dois do Rio - marcaram encontro no fim do ano em Belo Horizonte. Todos viajaram pela Viação Cometa.

O Bruno, que foi em 29 de dezembro de São Paulo para BH, passou por várias peripécias até o destino. O ônibus original, tipo executivo, só teve fôlego para chegar às proximidades de Oliveira. Quebrou a suspensão e os passageiros foram acomodados, mal e porcamente, num outro, da Viação Gontijo. Que só foi até a garagem da empresa. De lá, um terceiro até a rodoviária de Belo Horizonte.

A Bárbara deu mais sorte: na volta para o Rio, em 6 de janeiro, os passageiros só morreram de calor, pois o ar-condicionado estava pifado.

Já o Luiz vivenciou emoções mais fortes em sua viagem BH-Rio no dia 7. O ônibus, um chiquíssimo "Double-decker" (leito, de dois andares), ficou sem freios em Juiz de Fora. Isso mesmo: sem freios. Os passageiros saíram depois que o motorista arrombou a porta com um pontapé e disputaram lugares para tentar chegar ao Rio num outro Cometa. Que não quebrou - um sucesso! -, mas não tinha cintos de segurança. Será que o ônibus era tão velho que foi fabricado antes de 1999, quando a legislação tornou os cintos obrigatórios?

Os três jovens se questionaram quantos usuários da empresa devem ter histórias semelhantes para contar, se, entre eles, o índice de ônibus defeituosos foi de 100%.

E abdicam, nas próximas, das emoções proporcionadas pela Cometa. Que foi, no passado, um padrão de qualidade.

Xenon
A atual administração do Contran dá de 10 a zero na anterior e mais acerta do que erra. Uma de suas últimas medidas foi a regulamentação, em vigor neste janeiro, dos faróis com gás xenon.

Sua luz é muito mais intensa e aumenta, por isso, a segurança veicular. Por outro lado, se o facho do farol estiver no rumo errado, coitado do motorista que vem no sentido contrário.

É por isso que as fábricas de automóveis, ao instalar os faróis com esse gás, se cercam de cuidados. A geometria dos refletores, o lavador dos vidros (sujeira desvia o facho) e o nivelador automático das lâmpadas (compensa o desnivelamento do carro muito pesado).

Milhares de faróis de xenônio foram vendidos no Brasil e instalados em automóveis não projetados para recebê-los. Quem comprou está chiando contra a decisão do Contran, pois é inviável, em termos de grana, instalar os equipamentos periféricos (lavador e nivelador) exigidos pelo órgão. E será obrigado a retirá-los para evitar a multa e a retenção do carro.

Por falar em Contran, circula (mais uma...) na internet um alerta sobre extintores de incêndio no automóvel. Que se eles estiverem envoltos num plástico, o motorista está sujeito a multa e pontos no prontuário. Mais uma besteira inventada por algum maluco. Ou um refinado gozador...