Nada como uma bem-aplicada mentirinha para vender o desnecessário, justificar o injustificável, trapacear o ingênuo. Como sete é conta de mentiroso, aí vai o mesmo número de inverdades divulgadas pelos “especialistas” de plantão.
Consumo – O carro, apesar de zerinho, não passa de 5km/l. Lá na concessionária, a explicação matreira: “O motor está muito novo ainda, madame. Depois que amaciar, aí pelos cinco mil ou seis mil quilômetros, ele vai rodar de 7km/l a 8km/l”. Mentira deslavada: a redução no consumo será de, no máximo, 10%. E olhe lá!
Aditivada – Marcas famosas (Shell e Petrobras entre elas) já exibiram comerciais divertidos de tevê para sugerir que gasolina aditivada aumenta a potência do motor. Mentira: os aditivos são importantes, pois evitam a formação de sujeira dentro dele, que pode prejudicar seu funcionamento e reduzir potência. Mas não é o viagra da gasolina...
Economizador – Tem sempre um “gênio” inventando economizador de combustível. Dispositivos elétricos, magnéticos ou mecânicos baseados em princípios da magia ou bruxaria. Em geral, “testados e aprovados” por alguma frota de veículos quase sempre do outro lado do mundo: pelo Exército paquistanês, de preferência. Não acredite: fossem eficientes, as montadoras seriam as primeiras interessadas no produto.
Vitrificação – Ao fechar a compra do zero-quilômetro, o prestimoso (além de comissionado) vendedor desfia lista de acessórios e serviços, alguns rigorosamente desnecessários. Entre estes, a “vitrificação” para proteger a pintura, pois (segundo eles) as fábricas não aplicam mais (sic) o verniz de proteção. Mentira: pintura de carro zero sempre recebe camada de verniz protetor. Prontamente danificada tão logo se inicie a operação de polimento ou espelhamento (ou vitrificação) sugerida pelo prestimoso.
Médico e viúva – Volta e meia tem anúncio classificado de usadinho joia em ótimas condições, pois foi de médico ou viúva. Besteira: sua especialidade pode obrigar o médico a sair de casa às pressas, de madrugada, sem o mínimo cuidado com o automóvel. Viúva deixa – às vezes – o possante do pranteado meses na garagem até decidir vendê-lo, quando a ferrugem já deu sinais de vida. Melhores estariam (enlutada e carro) rodando pelas quebradas ...
Oito anos – Ninguém sabe a origem dessa conversa para boi dormir: nunca existiu legislação que obrigue fabricante a manter estoque de peças por oito anos (às vezes o prazo pula para 10) depois de o carro ter saído de linha. O Código do consumidor é omisso, pois fala de “prazo razoável”....
Vidro fechado – Não tem fundamento a teoria de que vidros fechados na estrada compensam o aumento de consumo provocado pelo ar-condicionado. Que a redução do coeficiente aerodinâmico ajudaria o automóvel a vencer a barreira de ar à sua frente, exigindo menos do motor. Pode ser verdade, mas talvez acima dos 200km/h.
Conta de mentiroso
Aditivo é importante, pois evita a formação de sujeira dentro do motor, mas não é o viagra da gasolina