Empresas do setor realizaram pesquisas para avaliar a reação do brasileiro em relação aos equipamentos de segurança de automóveis. Resultado: a maioria dos entrevistados se preocupa com o assunto.
Mentira: não acredito na pesquisa. Se você pára o cidadão na rua e pergunta sobre segurança, a resposta é óbvia: "Claro que é importante". E vem a questão seguinte: "Ao avaliar um carro, qual é a prioridade dos equipamentos de segurança na decisão de compra?" A maioria responde que segurança é fundamental e está entre os dois ou três itens decisivos na compra de um carro novo. Outra mentira: na concessionária, ao encomendar o carro, o brasileiro não se preocupa com segurança. As montadoras e concessionárias procuram justificar que seus clientes querem esses componentes, mas não os encomendam por custarem muito caro. Mentira, outra vez: na verdade, ele paga para ter rodas de liga leve e bancos de couro, que custam mais do que freios ABS ou airbags.
E não usa cinto de segurança, quando está no banco traseiro do automóvel, porque acha que a lei é só para quem senta nos dianteiros. Ou seja, brasileiro não usa o cinto para se proteger, só pelo medo da multa. (Mal sabe ele que a legislação obriga sua utilização nos bancos dianteiros e traseiros.)
Estão lembrados do escritor Dias Gomes, que, entre outras coisas, escrevia novelas para televisão? Pois morreu em São Paulo num acidente de trânsito, sentado no banco traseiro de um táxi. Se estivesse com o cinto afivelado, estaria escrevendo novelas até hoje.
E a lady Di? No mês passado, nos 10 anos de sua morte, a imprensa brasileira dedicou muito espaço à sua vida e ao acidente da Mercedes, que bateu no pilotis de um túnel, em Paris.
O que ninguém questionou foi por que o segurança, que estava no banco dianteiro do carro, usava o cinto e se feriu, mas sobreviveu ao acidente. Lady Di e seu namorado estavam atrás, mas não tinham afivelado os cintos e morreram.
Quantas e quantas vezes já se divulgou em filmes e ilustrações que uma criança de 20 kg, sentada no banco traseiro, no momento de um impacto frontal a 80 km/h, é atirada contra o painel dianteiro e o atinge com o peso de quase uma tonelada?
Motorista usa cinto, porque é obrigado. Prova disso é que não pede a quem vai atrás que faça o mesmo, nem que seja para se proteger. Nem tem idéia de que, se estiver afivelado, mas o passageiro de trás estiver solto no banco, no caso de uma batida frontal, ele morre imprensado pela força (e peso) de quem vem arremessado do banco traseiro.
Brasileiro não se preocupa com segurança, ao adquirir um automóvel. Ele compra carro pelo preço e design. Às vezes, lembra-se também do consumo, custo de manutenção e valor de revenda.
Equipamento de segurança? Para que, se acidente só acontece com o vizinho?
Coitado do vizinho
Pesquisas revelam que o brasileiro se preocupa com os equipamentos de segurança quando compra carro novo. Mas é mentira