Um passo de grande alcance para a inclusão de mais equipamentos de segurança nos automóveis fabricados no Brasil, para o mercado interno, foi dado no Senado Federal, onde começa a tramitar o projeto de lei, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que concede isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a produção de airbags e sistemas de freios antibloqueio (ABS, em inglês). O projeto já tem relator na Comissão de Assuntos Econômicos e estima em R$ 12,7 milhões por ano a renúncia fiscal.
Na realidade, frente ao potencial de redução dos custos humanos e materiais em acidentes com mortos e feridos, tanto os cofres públicos como a atividade das pessoas teriam a ganhar em nível de dezenas de vezes superior àquele valor. O País, como um todo, seria o maior beneficiário.
A coluna, embora reconheça a importância dos airbags, sempre mostrou sua preferência pelo ABS, uma das 10 maiores conquistas tecnológicas do século passado. A possibilidade de se evitar o bloqueio das rodas permite que o motorista mantenha o controle sobre o volante e diminui a distância de parada, quanto mais escorregadia estiver a pista. Na situação em que as rodas encontram, em cada lado, diferentes graus de atrito, afasta a possibilidade de um rodopio de conseqüências incalculáveis.
Uma freada de emergência a 120 km/h, por exemplo, na qual o carro tem as rodas bloqueadas até parar, pode significar achatamento da banda de rodagem dos pneus, a ponto de inutilizá-los. Mesmo que não ocorra o acidente, pelo preço atual dos pneus, isso significa um fator que ajuda a amortizar o custo do ABS. Na Alemanha, estatísticas das companhias de seguro apontaram que 40% dos acidentes fatais ocorreram com as rodas bloqueadas.
Airbag pode ser uma demonstração explícita de segurança, mas o ABS é o anjo da guarda de plantão que, na pior hipótese, diminui a velocidade do impacto. Alguns nem percebem a sua importância. Seus sensores são os mesmos que, de forma indireta, levaram ao controle de tração e, mais recentemente, ao sistema de correção de trajetória, conhecido como Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP, em inglês). Nos EUA, todos os veículos novos deverão vir com ESP até 2011 e, talvez na Europa, em 2012. No entanto, três quartos dos automóveis no mundo já têm ABS de série.
No recente Colóquio Internacional para a Imprensa Automobilística, organizado pela Bosch, na Alemanha, com 350 jornalistas de 35 países, foi possível comprovar o enorme progresso que a segurança veicular alcançará nos próximos anos. Radar, câmara e sensor de distância vão interagir com ABS e ESP de modo inimaginável. Um deles é a freada de emergência automática: mesmo se não evitar o acidente, ela reduz drasticamente a força do impacto.
O ESP, aliado aos sensores de airbag, promoverá proteção extra em casos de capotagem ou de choque contra postes e árvores (em geral fatais). Em 2009, chegará um dos desenvolvimentos da Bosch mais interessantes. Quando um carro, em velocidade maior, bate em outro mais lento, o motorista tende a se envolver em dois ou mais choques sucessivos. ABS e ESP agirão em conjunto para evitar o descontrole e parar o veículo, em tempo e espaço mínimos.