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Abraão é fichinha

Pai que tem quatro filhos pode levar um no banco dianteiro. É o escolhido para o sacrifício...

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Caminhando outro dia pelo condomínio onde moro, vi uma jovem mulher ao volante com uma criança em pé no seu banco, dirigindo ?de brincadeira?. Uma ignorância e um desafio às regras básicas de segurança. A mãe correndo o risco, no caso de um impacto, de esmagar seu filho contra o volante ou o airbag.

Dessa vez, eu me contive e não protestei, pois, quando o fiz no passado, ainda tive que ouvir ?o filho é meu, e você não tem nada com isso?.

Como também não contesto mais quando vejo uma perua (ou hatch) com as crianças acomodadas no porta-malas. Uma festa para a criançada, que se diverte a valer no espaço projetado para receber bagagens, mas que se deforma com facilidade no caso de um impacto traseiro. Exatamente para proteger o habitáculo de passageiros, no qual deveriam estar as crianças.

Irresponsabilidade é marca registrada do motorista brasileiro. Quantas vezes ele se julga ?o bom geral? e dirige só com a mão direita, pois o braço esquerdo está dependurado para fora da porta. Se ele fosse ao pronto-socorro procurar saber quantos já se feriram ou tiveram pedaço do braço decepado...

E quantas vezes se vê noticiado um acidente de trânsito com quatro feridos e três mortos, que estavam num carro, apesar de o modelo só comportar motorista e quatro passageiros?

Além disso, como ?acidentes só acontecem com os outros?, ninguém usa cinto de segurança no banco traseiro, pois ?não é exigido pela lei?. Engano: cintos são obrigatórios para todos os passageiros. Airbags e freios ABS? Até 2014, quando serão exigidos por lei, quem compra carro zero só quer saber de CD Player, rodas de liga leve, couro e ar-condicionado. A grana fica curta para a segurança...

A concessionária atrapalha em vez de ajudar. Ao vender picape com cabine estendida, algumas oferecem a adaptação da parte traseira para dois assentos. Rigorosamente ilegal e perigosa. Outras insistem na venda de engate-bola e quebra-mato, que foram objeto de regulamentação jamais respeitada. Que se danem as canelas rasgadas pelo engate e as crianças atingidas na cabeça pelo ?quebra&mata?.

Por falar em regulamento, nossos legisladores só se preocupam com segurança quando há interesses financeiros envolvidos.
Prova disso é que o apoio central (traseiro) de cabeça foi ?esquecido? pela legislação sobre o assunto. Outro absurdo da nossa legislação são as exceções à exigência das crianças serem acomodadas no banco traseiro: se for picape, que só tem o dianteiro, pode. Se o pai tem quatro filhos, um pode ir na frente. É o escolhido para o sacrifício, no caso de um acidente...