O ministro da Defesa, Nelson Jobim, diz que tem quase 1,90 m de altura e que foi muito desconfortável viajar num vôo de carreira, com o espaço entre as poltronas reduzido pela companhias aéreas.
Ora vejam a sorte dos brasileiros que são forçados a se utilizar das aeronaves comerciais: o ministro não conseguiu voar num confortável avião governamental e teve que se igualar aos pobres mortais, enfrentando as intempéries de um vôo de carreira. E cobrou mais espaço entre as poltronas;
Se as empresas vão retirar as filas de bancos que acrescentaram a suas aeronaves e voltar a oferecer mais conforto para as pernas e joelhos do ministro e outros mortais, é uma incógnita. A imprensa fez pesquisa e comprovou que a distância entre poltronas das aeronaves está vários centímetros abaixo da média mundial. Nossas empresas retrucaram que, para aumentar o espaço, terão de reduzir o número de passageiros e aumentar o valor da passagem.
Cabe agora ao brasileiro rezar para que o ministro da Defesa:
1- tenha a canela rasgada por um "engate bola", ao passar entre dois automóveis estacionados, num shopping ou na rua. E cobrar do Contran uma proibição definitiva desse abominável equipamento;
2- tenha um dia que viajar de automóvel por uma das nossas 'impecáveis' rodovias federais. Talvez no dia seguinte ele convoque o Dnit para exigir um pouco mais de asfalto entre os buracos. E apresente a conta da suspensão, pneus e rodas quebradas;
3- não consiga chegar para trabalhar no ministério, pois seu automóvel se nega a funcionar com combustível adulterado. Aí, quem sabe, ele chama a diretoria da ANP para cobrar uma fiscalização em postos e distribuidoras de combustíveis, para evitar esse crime cometido contra o bolso do motorista;
4- ao dirigir seu carro no domingo com a família, tome um susto, quando tentar parar o carro e perceber que é inútil pisar no pedal do freio, pois o fluido posto na véspera é falsificado. Se ele sobreviver, quem sabe telefona no dia seguinte a seu colega, o ministro da Justiça, e pergunta por que o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) não protege e defende o consumidor contra os picaretas que vendem no mercado, livre e impunemente, sem nenhum controle de qualidade, produtos essenciais à segurança;
5- ao adquirir um automóvel novo ou usado, perceba que foi vítima das montadoras e concessionárias. Que anunciam garantia que não existe, faturam serviços desnecessários, ocultam defeitos de fabricação, se eximem de responsabilidades e nem enrubescem, ao enganar o cliente a torto e a direito;
É só assim, quando um ministro (ou deputado, senador, governador) sente na carne os problemas que afligem o brasileiro, que há chances de uma solução. Não, não me esqueci de mencionar o presidente da República: de tão envolvido com a administração do país, ele não dá notícias nem do que acontece na sala ao lado.
A poltrona do ministro
Só quando um político ou ministro sente na pele os problemas que afligem os brasileiros é que se pode esperar uma solução