Os números são impressionantes. Desde 23 março de 2003 até agora, quando completará 20 anos de produção dos motores flex, foram 40 milhões de automóveis e comerciais leves fabricados e comercializados no país. Naquele dia, a VW apresentou o Gol Power 1.6 Total Flex, primeiro modelo brasileiro comercializado com um motor capaz de usar gasolina e etanol hidratado em qualquer proporção.
Isso foi possível com o advento da injeção eletrônica e o esforço combinado entre o fabricante e dois fornecedores: Bosch e Marelli. Dez anos antes, a Bosch havia começado experiências com motores flex em um Omega 2.0 litros de sua própria frota de testes. A fornecedora italiana acabou tendo a primazia no Total Flex, apesar de ser uma empresa controlada na época pela Fiat. Necessário frisar que a ideia de um motor flexível em combustível nasceu nos EUA, em 1996.
Nestes 20 anos, os motores flex no Brasil avançaram bastante. Os pequenos reservatórios de gasolina para partida a frio foram substituídos por válvulas injetoras de etanol pré-aquecidas e, mais recentemente, com o advento dos motores de injeção direta a partida com etanol em dias frios é imediata sem nenhum outro auxílio. Com os motores turbo cada fabricante pôde escolher valores de potência e torque diferentes para etanol e gasolina com muito mais facilidade.
Atualmente, 83% dos veículos novos vendidos têm motores flex. O restante se divide entre gasolina, diesel e híbridos. Agora há uma motivação ambiental ainda maior. Abastecer o tanque 100% com o combustível obtido da cana de açúcar significa no ciclo da produção no campo até o escapamento a emissão de apenas 37g de CO²/km. Na Europa, com o atual perfil de geração de energia para recarregar a bateria, um carro elétrico de mesmo porte emite 54g de CO²/km.
Mesmo que os europeus consigam diminuir a emissão de CO² em sua matriz de geração de eletricidade até 2035, quando exigirá que todos os carros novos à venda sejam elétricos, no Brasil bastaria um híbrido flex comum com bateria pequena e barata abastecido aqui com etanol para superá-los: lá, 35g de CO²/km; aqui, 29g de CO²/km. Um automóvel 100% a gasolina emite em torno de 135g de CO²/km. No Brasil, um pouco menos, porque a gasolina contém 27% de etanol anidro.
Entretanto, continuam os desafios para o aumentar a produção de etanol aqui para abastecer os motores flex. Porém, o país reúne quatro condições inigualáveis: extensão territorial, terras cultiváveis, sol e água. Assim, pode esperar o preço dos elétricos cair até se tornarem competitivos, sem precisar impor metas.
Para o consultor Ricardo Abreu “o programa já em vigor, RenovaBio, é a forma de incentivar o aumento da produção de biocombustíveis por meio do mecanismo de créditos de carbono e a busca de padrões mais exigentes de redução das emissões de gases de efeito estufa em toda a cadeia. A produção de etanol de cana de segunda geração e também a partir do milho tende a aumentar a oferta, diminuindo a sazonalidade e equilibrando o mercado”.
Em fevereiro vendas reagem, mas mercado continua fraco
Apesar do mês de Carnaval, desastres causados pelas fortes chuvas no litoral de São Paulo e em outras localidades, houve ritmo ligeiramente melhor do que o esperado. A média diária de vendas em fevereiro (7.200 unidades) foi melhor que a de janeiro (6.500 unidades). Nos dois primeiros meses deste ano foram emplacados 272,2 mil veículos leves e pesados: 5,2% a mais que o primeiro bimestre de 2022.
No ano passado, a indústria sofria pesadas perdas de produção pela escassez mundial de semicondutores em consequência da epidemia. Em 2023, previa-se uma melhora, porém, a crise ainda atingiu algumas fábricas no mês passado. O cenário para os próximos meses permanece incerto. Os fabricantes se queixam de taxas altas nos juros de financiamento e dificuldades de aprovação de cadastros em razão do aumento da inadimplência.
Entretanto, há outro sinal, desta vez de fraqueza. A produção no primeiro bimestre foi apenas 0,8% maior e mesmo assim o estoque total nas fábricas e concessionárias continuou aumentando: de 39 para 40 dias. Assim, existem unidades para pronta entrega para quase todos os modelos. A Fenabrave informou que o mercado de usados ainda mostra sustentação e crescimento de 5% sobre 2022.
Márcio Leite, presidente da Anfavea, espera em junho próximo a conclusão de estudos para a segunda fase do Rota 2030. “Esta sinalização é essencial para indústria planejar nova rodada de investimentos no país”, sinalizou.
ALTA RODA
NÃO É de hoje o interesse da BYD em produzir no Brasil, limitado no momento à montagem de ônibus elétricos em Campinas (SP). O atalho natural da marca chinesa voltou-se à fábrica da Ford em Camaçari (BA), fechada em 2021. Mas há um fato relevante: a companhia americana não fechou o negócio, embora possa fazê-lo em breve.
O presidente da República vai à China no fim do mês e talvez isso aconteça. A posição oficial: “Com objetivo de esclarecer informações equivocadamente divulgadas por vários veículos de comunicação, dando como concluída a venda das instalações na Bahia, a Ford comunica que continua ativamente em processo de negociação com potencial comprador e, portanto, a venda não foi concluída. Informações futuras sobre este tema serão comunicadas, a depender do progresso das negociações”.
A outra parte também se manifestou: “Em sequência ao protocolo de intenções assinado com o governo da Bahia, a BYD vem desenvolvendo diversos estudos junto a autoridades daquele estado, considerando inclusive potenciais unidades que possam abrigar uma planta na região. Porém, tudo ainda depende de avaliações e negociações para a conclusão do processo final. Assim que isso ocorrer, a BYD emitirá um comunicado oficial com todas as informações”.
ARGO TREKKING com motor de 1.3 e câmbio automático CVT que simula sete marchas pode não oferecer um desempenho marcante, porém, suficiente no trânsito urbano e só razoável em estradas. A potência (107cv) é 9% maior do que quando usa gasolina, e isso se sente claramente. Boa posição de guiar, embora só ofereça regulagem do volante em altura (do desagradável tipo “queda-livre”).
Assistência elétrica da direção e o acerto de suspensões (vão livre do solo 20mm maior) destacam-se. O Trekking, automático mais barato do mercado, oferece apenas dois airbags. Porta-malas de 300 litros é mediano no seu segmento. Aceita espelhamento (com fio) para Android Auto e Apple CarPlay, mas a tela de sete polegadas é pequena.
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