Embora tenha passado por uma reestilização em 2010, o C30 ainda guarda praticamente as mesmas formas do modelo que foi lançado em 2006. Mas, como seu estilo é bem diferente em relação aos outros hatch, ele permanece atual. Mas o melhor do carro o cliente não vê. Como assim? É que o modelo é construído sobre a plataforma do Ford Focus europeu de segunda geração, herdando o bom acerto e união do conjunto motor, câmbio e suspensão, juntando o bom fôlego do 2.0 com a eficiência das relações de marcha e dos engates e o equilíbrio entre conforto e estabilidade. Pena que, com o aumento do IPI, o carro não esteja mais com uma relação custo x benefício tão atraente.
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Em setembro do ano passado, a Volvo anunciava uma redução no preço do C30 2.0 16V, que já havia sido diminuído de R$ 88.870 para R$ 79.990 (cerca de 10%). A estratégia comercial foi ousada e fez alavancar as vendas do modelo, ajudando a marca a fechar 2011 com um crescimento de 140% no mercado brasileiro. Mas, com o aumento de 30 pontos percentuais no IPI para importados, a relação custo x benefício deixou de ser tão atraente, pois o preço beirou os R$ 100 mil (R$ 99.990). Mas, embora não tenha ficado tão competitivo em relação a outros hatches importados, o carro tem qualidades para fazer valer cada centavo do investimento.
DESIGN Por mais incrível que pareça, apesar de já ter alguns anos de mercado, o estilo do C30 ainda atrai olhares por onde passa. Não exatamente pela frente, que é bem parecida com a de todos os outros modelos da marca (faróis espichados de duplo refletor, que entram pelos para-lamas; e grade em colmeia, cortada pela famosa barra transversal cromada e que forma um U com os vincos acentuados do capô), assim como a lateral (com a linha de cintura elevada, rodas de liga com desenho bem esportivo e enormes portas, que são bem pesadas para se segurar em uma ladeira), mas pela traseira, que é única, com lanternas de desenho bem diferente (que ficam ainda mais chamativas à noite, quando estão acesas) e vidro que desce quase ao nível do para-choque.
POR DENTRO O interior apresenta acabamento de boa qualidade, praticamente todo na cor preta, com detalhes em plástico imitando metal nas cores cinza (painel central, parte do console e no apoio de braços das portas) e prata (maçanetas internas das portas, botões giratórios do som e do ar-condicionado e botão de destravamento do freio de estacionamento). Mas o que chama a atenção no habitáculo é o console central vazado. Realmente, uma obra do design que se tornou pouco prática e confusa com o agrupamento exagerado de todos os comandos do som e do telefone. O painel tem instrumentos analógicos de fácil visualização. O volante de três raios incorpora comandos de som e telefone (agrupados do lado direito), e não tem boa pega devido ao aro fino, e a buzina é difícil de ser acionada.
ESPAÇO Se os bancos dianteiros oferecem muito conforto, o mesmo não se pode dizer do banco traseiro. Nesse ponto, o C30 é quase como um daqueles esportivos do tipo 2%2b2 lugares, nos quais o banco traseiro mal serve para levar bagagens. Além de proporcionarem conforto apenas para crianças, o acesso também é ruim, exigindo um certo contorcionismo. O espaço do porta-malas (de 235 litros) fica abaixo da concorrência e falta rede para segurar pequenos objetos . Graças às regulagens do banco e da coluna de direção, que pode ser ajustada em altura e distância, é fácil para o motorista encontrar uma boa posição de dirigir. Graças ao grande vidro traseiro e ao bom tamanho dos retrovisores externos, a visibilidade traseira é boa. O sistema de som também é digno de elogios, pela excelente fidelidade.
SEGURANÇA A Volvo sempre foi uma marca que se destacou pela segurança e o C30 não foge à regra, com airbags frontais, laterais e de cortina; freios ABS, sistema para reduzir a gravidade das lesões em caso de batida na traseira (o encosto do banco se movimenta, assim como os apoios de cabeça, que também são ativos); sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis e controles de tração e estabilidade. Mas essa versão de entrada deixa de fora um simples controle interno de altura dos fachos dos faróis.
RODANDO Mas é quando o C30 começa a rodar que ele mostra suas principais qualidades, principalmente para quem está ao volante. Mesmo sendo aspirado, o motor 2.0 de quatro cilindros tem um fôlego incrível, que agrada tanto na hora de rodar no congestionado trânsito das grandes cidades quanto no momento de fazer uma ultrapassagem mais apertada, na qual é necessário uma boa retomada; e fez um “casamento perfeito” com o câmbio manual de cinco marchas, que tem relações de marcha bem escalonadas e engates macios e precisos. Tudo isso sem beber muito: em rodovia duplicada, com pouco tráfego e dois adultos, sem pisar fundo, o computador de bordo registrou 16,2km/l. A direção também é precisa e com relação bem direta. A suspensão acompanha bem o ritmo esportivo, mas transfere imperfeições do piso e é barulhenta.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
As duas portas estão desniveladas. A tampa traseira, que é praticamente o vidro traseiro, está descentralizada. A pintura tem tonalidade homogênea, sem escorrimentos, mas há imperfeições no verniz. O capô tem montagem satisfatória. NEGATIVO
VÃO DO MOTOR
O capô tem ótimo ângulo de abertura e, quando está aberto, é sustentado por mola a gás. O isolamento acústico em relação ao habitáculo é positivo. Os itens de verificação permanente têm fácil visualização e manuseio. O acesso à manutenção é razoável. POSITIVO
ALTURA DO SOLO
O carro raspa com frequência a aba inferior do para-choque dianteiro em saídas de garagem com desnível e ao transpor quebra-molas salientes. Numa condução prudente sobre piso irregular, não ocorreram interferências significativas com o solo. Não existe chapa em aço para proteção de toda zona inferior do motopropulsor. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
É automático digital. A vazão de ar pelos quatro difusores do painel é muito boa e o nível de ruídos de funcionamento, satisfatório. Existe opção de regulagem individual de temperatura para condutor e passageiro, mas não há difusor especifico para os passageiros de trás. O sistema apresentou-se bem vedado. POSITIVO
FREIOS
A alavanca do freio de mão no console central esbarra na perna do condutor, chegando a incomodar. Os conjuntos dianteiro e traseiro estão muito bem calibrados e dimensionados para a proposta dinâmica desta versão. O pedal de freio tem ótima sensibilidade e relação. A resistência térmica foi satisfatória depois de uso severo em longa descida sinuosa. REGULAR
CÂMBIO
Merece destaque o câmbio manual de cinco marchas, que tem relações de marchas e diferencial perfeitas, além de excelente qualidade de engate, tanto em precisão quanto em maciez. O curso e posicionamento da alavanca também estão corretos e o trambulador é silencioso. As trocas de marchas são pouquíssimas na retomada de velocidade. POSITIVO
MOTOR
A performance é excelente para um 2.0 aspirado, em função do peso. A condução é prazerosa tanto na cidade quanto em rodovias. Na estrada, o hatch consegue manter uma alta e constante velocidade de cruzeiro, favorecido pelo câmbio e handling. A sua progressividade em retomadas de velocidade lembra a de um motor com turbo de baixa pressão e o nível de ruídos de funcionamento é razoável. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Ocorrem vários pequenos ruídos no habitáculo quando se trafega sobre piso de asfalto malconservado (uma constante em BH) e paralelepípedo. O efeito aerodinâmico é contido. REGULAR
SUSPENSÃO
O carro tem comportamento dinâmico muito eficiente, sendo difícil colocá-lo em crise. Se o motorista “forçar a barra”, entram em funcionamento os controles eletrônicos de tração e estabilidade. O conforto de marcha é aceitável, mas a transferência das imperfeições do solo são relevantes sobre piso irregular usual. REGULAR
DIREÇÃO
Os pneus têm indicação de calibragem diferenciadas em função da velocidade que o motorista pretende imprimir ao veículo – um detalhe técnico muito interessante. A coluna de direção tem ajuste manual em altura e distância, com ótimo curso. O sistema tem reações diretas e precisas, com ótima sensibilidade. A velocidade do efeito retorno e o diâmetro de giro são razoáveis. A precisão na reta e em curvas é notável. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
Sistema não tem sensor crepuscular. Existe luz de cortesia no porta-malas, para-sóis, porta-luvas e junto aos pés do condutor e passageiro. Os faróis têm construção com duplo refletor, boa eficiência no baixo e no alto e contam com auxilio de faróis de neblina embutidos no para-choque. Mas falta ajuste elétrico em altura em função da carga transportada. O quadro de instrumentos tem iluminação permanente e proporciona boa leitura, assim como o console central e os interruptores elétricos instalados nos painéis de porta. REGULAR
ESTEPE/MACACO
O estepe é do tipo temporário e está instalado dentro do porta-malas, no fundo do assoalho. A operação de troca é normal. Se o motorista tiver que usar o pneu reserva em uma viagem, ele terá que diminuir o ritmo afetado, pois o estepe altera completamente o comportamento dinâmico do veículo, que não deve ultrapassar 80km/h. NEGATIVO
LIMPADOR DE PARA-BRISA
O campo de visão no para-brisa é excelente e as palhetas (incluindo as do vidro traseiro) apresentaram boa qualidade. A qualidade dos esguichos no para-brisa e vidro traseiro é ótima, sendo fácil a reposição de água no reservatório instalado dentro do vão do motor. Há sensor de chuva. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é especial e tem proteção perimétrica das partes móveis e volumétrica dentro do habitáculo. As duas portas têm função um toque (para descer ou subir) nos vidros e o sistema antiesmagamento atuou com precisão. POSITIVO
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é 250 litros e o encontrado, com o banco traseiro na posição normal e sem ultrapassar a altura do encosto do banco, foi 235 litros.
(*) Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.
Palavra de especialista
Acerto mecânico primoroso
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
O Volvo C30é um automóvel muito prazeroso de dirigir. Motor, câmbio, freios, direção e suspensões trabalham em total comprometimento, cada qual na sua função, formando um conjunto harmonioso e muito bem definido pela engenharia experimental. Na cidade é ágil, esperto e as trocas de marchas são pouquíssimas. Em rodovias é veloz, com uma constância dinâmica notável. As curvas de raio médio e longo viram retas devido à excepcional leitura das suspensões, pneus, geometria e brilhante calibragem e reações do sistema de direção. O habitáculo tem bom acabamento, mas é limitadíssimo em espaço interno, principalmente no banco traseiro. Essa versão de entrada com motor aspirado, que satisfaz bem em performance, tem a medida certa para utilização no Brasil.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, a gasolina, quatro cilindros em linha, 1.999cm³ de cilindrada, 16 válvulas, injeção direta de combustível, que desenvolve potência máxima de 147cv de potência a 6.000rpm e torque máximo de 18,8kgfm a 4.500rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência eletro-hidráulica
FREIOS
A disco nas quatro rodas, sendo ventilado na dianteira e sólido na traseira
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira independente, do tipo multilink, com barra estabilizadora / 17 polegadas, em liga leve/ 235/55 R16
CAPACIDADES
Tanque, 55 litros; e de carga (ocupantes e bagagem), 425 quilos
EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência – Ar-condicionado digital, sistema interno de qualidade de ar multiativo (IAQS), sistema inteligente de informação (Idis), sistema de áudio de alta performance (com oito alto-falantes, entrada auxiliar, iPod e USB), Bluetooth, controle de áudio no volante e computador de bordo.
Aparência – Revestimento em couro dos bancos e volante, espelhos retrovisores externos na cor do veículo, detalhes do interior na cor bauxita e rodas de liga de 17 polegadas.
Segurança – Airbags frontais, laterais e de cortina; sistema de proteção contra impactos laterais (SIPS), controle remoto com alarme e travamento central, sistema de fixação de cadeiras infantis (Isofix), interruptor para desligar airbag do passageiro, sistema de freios ABS, com distribuição eletrônica da força de frenagem e sistema de assistência em frenagem de emergência, sistema de proteção contra lesões na coluna cervical (Whips), faróis e luzes de neblina e controles de tração e estabilidade.
OPCIONAIS
Não tem.
NOTAS (0 A 10)
Desempenho 9
Espaço interno 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 8
Segurança 9
Estilo 9
Consumo 8
Tecnologia 8
Acabamento 9
Custo x benefício 8
QUANTO CUSTA
O Volvo C30 2.0 com câmbio manual tem preço sugerido de R$ 99.990. Com câmbio automático, sobe para R$ 112.990. O hatch também é vendido na versão T5 R-Design, com motor 2.5 turbo, por R$ 139.990.