Assim como o Volkswagen Gol, o Voyage também passou por uma discreta reestilização para tentar se manter atraente até a chegada de uma nova geração, extraoficialmente prevista para o fim de 2017. O “tapa” envolveu os faróis, lanternas e para-choques, mas o que mudou mesmo foi o interior do compacto, mais precisamente o painel. Testamos o modelo na versão Comfortline, que é a mais equipada da motorização mil. Outra novidade é a chegada do motor 1.0 da família EA211, com três cilindros, ao sedã.

O desempenho do propulsor 1.0 tricilíndrico no Voyage foi surpreendente, tendo se mostrado bastante esperto para um veículo dessa faixa de potência. Mas é importante deixar claro que ainda se trata de um motor 1.0, com a mesma peleja de sempre. É preciso elevar o giro e aproveitar o embalo do veículo para vencer subidas íngremes, além de se contentar com a queda da performance com veículo cheio ou quando se liga o ar-condicionado. A suspensão tem bom acerto entre conforto e estabilidade. A direção tem assistência hidráulica, que ajuda nas manobras.

Para muito além da manutenção do desempenho, o maior mérito desse motor é o baixo consumo de combustível. Ao mesmo tempo que as relações de marcha são longas, boa parte do torque do motor está disponível já com 2000rpm, aliando baixo consumo e bom desempenho. Isso ocorre graças ao comando de admissão variável, que permite boa resposta em altas e em baixas rotações. Tanto que, se ninguém te contar, apenas dirigindo o sedã não se percebe que esse motor é multiválvulas (que normalmente não têm bom desempenho em baixas rotações). Vale falar ainda que o Voyage tem sistema que preaquece o combustível antes da ignição, dispensando o tanquinho de partida a frio.

A BORDO Se as linhas do sedã não mudaram muito, o novo painel melhorou demais o interior do Voyage. Agora, a única coisa que a Vokswagen fica devendo são bancos mais confortáveis, já que os que equipam o modelo são muito baixos. O banco do motorista tem ajuste de altura, mas daquele tipo precário, que inclina a parte posterior do assento para elevá-lo. O acabamento é bom, condizente com a categoria do veículo. Há predominância de plástico de bom aspecto e os bancos são em tecido. Mesmo sendo o mais simples, sem qualquer comando, o volante é bonito e tem boa pega.

O suporte para celular é um opcional que, apesar de trazer praticidade, destoa do conjunto. Como em todo compacto, o espaço no banco traseiro é limitado, mas se os passageiros da frente não forem muito folgados dá para todos irem com relativo conforto. A Volkswagen acertou em ter equipado o modelo com três apoios de cabeça, mas devia ter presenteado o passageiro central com cinto de três pontos. O porta-malas tem bom espaço e ainda abriga o estepe, que por ser de 14 polegadas acaba sendo classificado como de emergência (limitado a 80km/h). Faz falta uma maçaneta na tampa do compartimento de carga, já que esta só abre com chave. Um opcional simples e muito interessante é o tilt-down, que regula o retrovisor direito sempre que a ré é engatada para que o motorista visualize o meio-fio e não arranhe as rodas.

CONCORRENTES O preço do Voyage 1.0 Comfortline está na média dos concorrentes. O modelo traz de série o básico entre itens de conforto (ar-condicionado, direção hidráulica e sistema de entretenimento), segurança (airbag frontal e freio ABS) e aparência (rodas de liga leve e farol de neblina). Os concorrentes trazem pacotes parecidos, com algumas coisas a mais ou a menos. O principal item que o Hyundai HB20S 1.0 Comfort Plus fica devendo são as rodas de liga leve. Frente a ele e ao Ford Ka%2b 1.0 SE, o Voyage não oferece o sistema Isofix para fixação de assentos infantis, outro ponto que revela que seu projeto já carece de uma renovação mais profunda.

Um pouco de tudo
Sistema multimídia é bem simples e não tem navegador. Compare o Voyage com concorrentes diretos equipados com motorização tricilíndrica, confira os itens de série e opcionais

A unidade testada veio equipada com o sistema Media Plus, que é o mais simples disponível. Ainda assim, ele conta com um pouco de tudo que o motorista precisa, com exceção do navegador. As mídias disponíveis são CD, rádio, Bluetooth, cartão SD e entradas auxiliar e USB. A tela do dispositivo não é tátil, mas sua interface é simples. Os comandos são feitos por meio dos botões localizados nas extremidades. A conexão Bluetooth funciona bem com aplicativos streaming de áudio. A telefonia não oferece opções além dos contatos, que devem ser vasculhados um a um em ordem alfabética. Existe até um comando de voz que é direcionado ao smartphone, mas seu funcionamento depende do modelo do aparelho. Opcionalmente, a tela do sistema multimídia ainda é usada para auxiliar no estacionamento, por meio do recurso Park Distance Control, mostrando a silhueta do veículo.


Ficha técnica

» MOTOR
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 999cm³ de cilindrada, 12 válvulas, que desenvolve potências máximas de 75cv (gasolina) e 82cv (etanol) a 6.250rpm e torques máximos de 9,7kgfm (gasolina) e de 10,4kgfm (etanol) de 3.000rpm a 3.800rpm

» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades

» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais e barra estabilizadora; e traseira, interdependente, com braços longitudinais/de liga leve de 15 polegadas/ 195/55 R15

» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

» FREIOS
Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, com sistema ABS

» CAPACIDADES
Tanque, 55 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 440kg

Equipamentos
»DE SÉRIE
Freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem, alerta de frenagem de emergência, airbags dianteiros, três apoios de cabeça no banco traseiro, direção hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros e travas elétricas, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro com encosto rebatível, aerofólio traseiro, antena, desembaçador do vidro traseiro, parassol com espelho iluminado para motorista e passageiro, retrovisores com luzes indicadoras de direção, faróis de neblina, sistema multimídia Media Plus.

»OPCIONAIS
Pintura metálica, suporte para celular, sistema de alarme com comando remoto, sensor de estacionamento traseiro, luzes de leitura dianteiras e traseiras, chave tipo canivete com comando remoto, retrovisores externos com ajuste elétrico e função tilt-down, rodas de liga leve de 15 polegadas, tapetes de carpete, travamento elétrico das portas e vidros traseiros elétricos.

Quanto custa?
O novo Voyage 1.0 Comfortline tem preço sugerido de R$ 46.490. Com os opcionais da unidade testada – pintura metálica (R$ 1.310), suporte para celular (R$ 290) e pacote Urban Completo (R$ 3.360) – o preço sobe para R$ 51.450.

Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 8
Segurança 7
Estilo 8
Consumo 9
Tecnologia 7
Acabamento 8
Custo-benefício 7