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Testamos o Fiat Argo 1.8 HGT, que tem visual interessante, bom conteúdo, mas falta motor

Versão topo de linha do novo hatch da marca italiana apresenta predicados interessantes para encarar a concorrência, mas tem no desempenho mediano um dos seus pontos fracos

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Testamos o Fiat Argo 1.8 HGT, que tem visual interessante, bom conteúdo, mas falta motor
Testamos o Fiat Argo 1.8 HGT, que tem visual interessante, bom conteúdo, mas falta motor Foto: Testamos o Fiat Argo 1.8 HGT, que tem visual interessante, bom conteúdo, mas falta motor

 

A Fiat não erra em confiar ao Argo a tarefa de levá-la de volta à liderança do mercado nacional. Mesmo com a primeira impressão de que os R$ 46.800 cobrados pela versão de entrada são um preço muito elevado para um modelo de volume, o mercado responde trazendo como veículos mais vendidos o Chevrolet Onix (a partir de R$ 41.690 na carroceria antiga e R$ 46.150 na reestilizada) e o Hyundai HB20 (a partir e R$ 43 mil), sinalizando que os ditos compactos premium estão vendendo mais que os de entrada.


Nascido com a missão de substituir três modelos – as versões mais caras do Palio, o Punto e até o Bravo – a Fiat “armou” o modelo para combater em várias frentes de batalha com motores 1.0, 1.3 e 1.8; câmbios manual, automatizado e automático; e diferentes versões de conteúdo. Porém, o novo Fiat Argo só convence mesmo como sucessor do Punto. Recebemos para teste a versão HGT 1.8 com câmbio manual, que vai disputar terreno entre os hatches compactos premium com visual (só visual!) esportivo.


A versão HGT traz como elementos esportivos um acabamento vermelho na grade inferior, spoiler nos para-choques, molduras nas caixas de roda e na base da lateral, aerofólio e capa dos retrovisores em cinza, ponteira de escapamento larga e rodas de liga leve de 16 polegadas. Como opcional, a unidade testada estava equipada com rodas de 17 polegadas. Se você gostou desse azul do modelo das fotos, saiba que a pintura é sólida e não tem custo adicional.


CASAMENTO O Argo incorpora a nova linguagem visual da marca, um rompimento claro com a escola italiana de design. Se o mercado tivesse alguma coerência, seria de se duvidar que o consumidor reconhecesse ali um substituto do Punto. O modelo tem frente alongada e um capô repleto de vincos. As linhas musculosas seguem pelas laterais e terminam na traseira curta, que traz lanternas com LEDs e um grande aerofólio. O interior também escancara a integração entre as marcas da FCA, em um painel de instrumentos nos moldes do Jeep Renegade, com dois mostradores analógicos e uma tela central de alta definição.


DENTRO No interior, uma faixa vermelha na parte central do painel caracteriza a versão esportivada. Fora isso, tudo dentro do carro é preto: painel, bancos, colunas e revestimento do teto. O visual pode agradar, mas, se precisar achar algum objeto ali dentro à noite, nem adianta acender as luzes, é como se elas não existissem. O acabamento leva muito plástico (sempre de boa aparência), com detalhes em couro nos painéis das portas dianteiras e algumas molduras cromadas para quebrar a mesmice. Os bancos revestidos em couro são opcionais. Tapetes acarpetados também melhoram a aparência do interior.

Faixa vermelha que atravessa o painel é detalhe na versão HGT


A junção entre o painel e os painéis das portas tem uma integração. Apesar de ter um desenho interessante, os painéis das portas são formados por muitas peças, possivelmente para a personalização das diferentes versões, comprometendo o visual. O espaço interno é bom para um compacto. O motorista encontra boa posição para dirigir ajustando o banco (também em altura) e o volante (altura e distância). O banco traseiro tem apoios de cabeça e cinto de segurança de três pontos para todos os ocupantes. O porta-malas oferece bom espaço e ainda guarda o estepe, que é de uso temporário.

Banco traseiro tem itens de segurança para os três passageiros


MORNO A interação entre o motor 1.8 e o câmbio manual de cinco marchas não mostra qualquer brilho. O responsável pelo desempenho morno é mesmo o câmbio, que parece ter sido escalonado para obter baixo consumo de combustível. Se precisar de uma resposta mais imediata, é preciso reduzir e explorar até o fim cada marcha, elevando o giro sem ter dó. Na cidade, até que o comportamento do Argo é adequado (sem sobras!), mas é na estrada que ele precisaria de uma vitamina. A suspensão oferece conforto aos ocupantes e confiança para o motorista explorar as curvas. A direção tem assistência elétrica, com pesos adequados tanto para velocidade elevada quanto para fazer manobras.

Porta-malas tem 300 litros de capacidade


CONCORRENTES Entre os compactos com visual esportivo, o Argo 1.8 HGT é o mais caro. Entre os itens de série ele se destaca pelo controle eletrônico de tração e estabilidade, mas perde pontos por não ter navegação. O Peugeot 208 Sport custa quase o mesmo preço, mas tem teto solar, GPS e ar-condicionado digital de dupla zona. Já o Hyundai HB20 tem uma versão esportivada chamada R Spec (R$ 62.430), porém só oferecida com câmbio automático. O Ford Fiesta SEL Style beira os R$ 60 mil e tem pacote bem completo, com ar-condicionado digital, controle de tração e estabilidade e sistema multimídia com navegação. Já o Renault Sandero GT Line é o esportivado mais em conta, e fica devendo apenas controle de tração e estabilidade.

Motor 1.8 desenvolve 139cv com etanol, mas desempenho não é dos melhores


Mesmo se tratando da versão topo de linha do Argo, o conteúdo mais interessante da unidade testada – comodidades como acesso ao veículo e partida por chave presencial, sensores de chuva e crepuscular, ar-condicionado digital, sensor traseiro de estacionamento e câmera de ré e retrovisores com rebatimento elétrico (que se recolhem sempre que o veículo é trancado) – são opcionais que acrescentam R$ 9 mil ao preço inicial.

CONECTIVIDADE A Fiat vacilou em não oferecer a função de navegação na central multimídia Uconnect. Apesar de o sistema permitir espelhamento com smartphones compatíveis (pelos sistemas Android Auto e Apple CarPlay), não é sempre que se pode usar um aplicativo de navegação do celular para suprir esta falta. Isso porque nem sempre o sinal de internet móvel está disponível – como na estrada ou em cidades pequenas –, o que obriga o usuário a baixar mapas off-line (quando a situação é previsível!). Funcionando a partir da tela tátil de sete polegadas, o sistema é fácil de ser operado. As mídias disponíveis são rádio, duas entradas USB, uma auxiliar e Bluetooth (com streaming). A telefonia pode ser usada por comando de voz e oferece leitura de mensagens SMS (já em desuso).

As rodas de liga leve de 17 polegadas são opcionais


FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.747cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 135cv (gasolina) e 139cv (etanol) a 5.750rpm e torques máximos de 18,8kgfm (g) e 19,3kgfm (e) a 3.750rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, McPherson, com braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora; e traseira tipo eixo de torção /de liga leve de 6,5 x 17 polegadas (opcional) / 205/50 R17

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
A discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

CAPACIDADES
Do tanque, 48 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 400 quilos


EQUIPAMENTOS

DE SÉRIE
Airbag duplo; freios ABS com EBD; cintos de segurança traseiros retráteis de três pontos; apoio de cabeça central traseiro; controle de tração e estabilidade; Isofix; sinalização de frenagem de emergência; sistema de monitoramento de pressão dos pneus; estepe de uso emergencial; alarme; assistente de partida em rampa; alertas de limite de velocidade; faróis de neblina; limpador e desembaçador do vidro traseiro; ar-condicionado; vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch; banco do motorista com regulagem de altura; banco traseiro bipartido 60/40 e rebatível; volante com regulagem de altura e distância; volante revestido em couro; chave-canivete; computador de bordo; iluminação no porta-malas; retrovisores com ajustes elétricos, função Tilt Down e setas integradas; rodas de liga leve de 16 polegadas e pneus 195/55 R16; sistema Start&Stop; central multimídia com tela de sete polegadas; molduras sobre as caixas de roda; aerofólio traseiro e capa dos retrovisores na cor cinza; escapamento traseiro esportivo; para-choque traseiro com moldura inferior exclusiva; suspensão com calibração esportiva.

OPCIONAL
Kit Stile (bancos revestidos em couro e rodas de liga leve de 17polegadas), R$ 2.500; Kit Tech (ar-condicionado digital, retrovisores com rebatimento elétrico e luz de conforto, Keyless, retrovisor interno eletrocrômico, sensores de chuva e crepuscular, R$ 2.800; airbags laterias, R$ 2.500; e Kit Parking (sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré), R$ 1.200.


QUANTO CUSTA
O Fiat Argo 1.8 HGT tem preço sugerido de R$ 64.600. Com todos os opcionais listados, o veículo testado custa R$ 73.600.


Notas (0 a 10)

Desempenho 7
Espaço interno 8
Porta-malas 8
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 8
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 8
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 7



FIAT ARGO 1.8 HGT x CONCORRENTES

FIAT ARGO 1.8 HGT x PEUGEOT 208 1.6 SPORT x HYUNDAI HB20X 1.6 STYLE x FORD FIESTA 1.6 SEL STYLE x RENAULT SANDERO 1.6 GT LINE

Potência (cv)                   135 (g)/139 (e) 115 (g)/122 (e) 122 (g)/128 (e) 125 (g)/128 (e) 115 (g)/118 (e)
Torque (kgfm)                 18,8 (g)/19,3 (e) 15,5 (g)/16,4 (e) 16 (g)/16,5 (e) 15,5 (g)/15,7 (e) 16 (g/e)
Dimensões (A x B x C x D) (m) (*) 4,00x1,75x1,50x2,52 3,96x1,70x1,47x2,54 3,94x1,71x1,55x2,50 3,97x1,72x1,46x2,49 4,06x1,73x1,53x2,59
Peso (kg)                         1.243 1.146 1.031 1.123 1.079
Porta-malas (litros) (**)     300 285 300 281 320
Velocidade máxima (km/h) (**) 190 (g)/192 (e) 191 (g)/198 (e) ND ND 182 (g) /185 (e)
Aceleração até 100km/h (s) (**) 9,6 (g)/9,2 (e) 10,2 (g)/9,7 (e) ND ND 10,3 (g)/9,8 (e)
Consumo cidade (km/l) (***) 11,4 (g)/7,8 (e) 12,3 (g)/8,5 (e) 11,6 (g)/8,3 (e) 11,2 (g)/7,8 (e) 12,5 (g)/8,4 (e)
Consumo estrada (km/l) (***) 13,3 (g)/9,2 (e) 14 (g)/10 (e) 13,4 (g)/9,8 (e) 14,9 (g)/10,3 (e) 13 (g)/8,9 (e)
Preço (R$)                             64.600 64.190 61.445 59.790 56.200

(*) A: comprimento; B: largura; C: altura; e D: entre-eixos
(**) Dados dos fabricantes
(***) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol
ND: Não disponível