Inspirada no modelo conversível da lendária 300SL cupê, de 1954, batizada de Asa de Gaivota, a Mercedes-Benz desenvolveu em conjunto com a fábrica inglesa de carros de corrida, a McLaren, um verdadeiro bólido, que gasta apenas 3,8 segundos para chegar aos 100km/h. Para alcançar esse desempenho com segurança, o superesportivo lança mão de toda a tecnologia que a marca da estrela de três pontas utiliza nas pistas de corrida. Confira todo o trabalho que tivemos para domar essa fera, que custa US$ 500 mil na Europa e R$ 2,8 milhões no Brasil.
Usa até freio de avião
Meio século depois, a história se repetiu. Como sempre...
Em 1954, a Mercedes-Benz iniciou as vendas do seu mais famoso carro do pós-guerra, a 300 SL cupê, batizada de "Asa de Gaivota". Verdadeiro ícone da indústria automobilística, três anos depois o cupê deu lugar à versão conversível, a 300 SL Roadster, que foi produzida até 1963. O "SL" em alemão se refere a "Sport" e "Leicht". Ou seja, esportivo e leve.
Veja mais fotos do Mercedes-Benz McLaren SLR Roadster!
A versão moderna da 300 SL surgiu em 2004, com o nome de Mercedes McLaren SLR. Foi produzida na fábrica inglesa de carros de corrida, em Woking, na Inglaterra. SLR era a sigla exclusiva dos modelos de corrida: o "R" acrescentado é de "Rennen", ou competição.
A nova 300 SL durou os mesmos três anos que a Asa de Gaivota, pois foi substituída pela versão conversível em 2007.
Pura tecnologia em cada detalhe, a nova 300 SLR tem a carroceria em fibra de carbono, motorzão preparado pela AMG, (V8 de 5,4 litros) que, com ajuda do compressor, desenvolve 626cv e leva o carro aos 100km/h em apenas 3,8 segundos. Máxima? Chega aos 330km/h. A minha coragem parou quando o ponteiro se aproximava dos 300...
Para parar um superesportivo como a Mercedes-Benz SLR, que acelera
quase como um F-1, é preciso, além de discos e pinças enormes, um
verdadeiro flap na tampa traseira.
Domando a fera
Só super-esportivos aceleram tanto. Mas a Mercedes McLaren impressiona ainda mais na hora de desacelerar: é só encostar o pé no pedal que ela estanca. E não são apenas os quatro discos enormes (com cerâmica na dianteira) e pinças gigantescas (oito pistões na frente, quatro atrás). Em velocidades maiores, entra em ação o freio aerodinâmico: uma asa que se levanta da tampa do porta-malas igual ao flap de um avião pousando.
As rodas do modelo avaliado são opcionais, aro 19, do tipo "turbina". A opção sai, aqui, por R$ 50 mil. Não é muito para um carro que custa cerca de US$ 500 mil na Europa e R$ 2,8 milhões no Brasil.
A suspensão é super-refinada e dá ao motorista a chance de optar entre conforto e estabilidade. A primeira opção não quer dizer que seu comportamento será semelhante ao de um Galaxie. Nem a segunda vai fazer bater as vértebras de sua coluna....
Apesar de "grandalhão" e passar a impressão do contrário, o superesportivo tem ótima estabilidade, garantida em parte pelo motor dianteiro central (fica meio metro atrás do eixo da frente).
A vantagem do compressor (em vez do turbo) é que o torque está disponível desde a marcha-lenta. Em qualquer rotação, pisar fundo com o pé direito vale um empurrão contra o encosto. O câmbio é automático de cinco marchas e também dá ao motorista opções de desempenho.
Requintado
O interior é requintadíssimo, usando couro, alumínio e fibra de carbono. A capotinha de lona se recolhe em 10 segundos. Quando ela está dentro do porta-malas, a visibilidade traseira do carro é razoável. Levantada, o motorista sofre para manobrar. E a dianteira também não é das melhores, pois o capô tem dimensões gigantescas.
Assim como as 300 SLR da década de 50, o projeto previu a descarga saindo na lateral do carro. Mas, diferentemente do motor original, um oito cilindros em linha, o atual é V8, obrigando a descarga a ser dividida entre as duas laterais. O resultado não foi bom para o motorista, que só ouve metade dos cilindros. Parece um V8 falhando....
A relação custo/benefício da Mercedes McLaren não é das melhores: pela metade do preço (ou menos) você compra um esportivo de desempenho semelhante. Mas não leva para a garagem a perfeita associação entre a tradição e qualidade da Mercedes-Benz, a performance AMG e tecnologia de Fórmula 1 da McLaren.
Fim de linha
Se você tem caixa para encomendar uma Mercedes-Benz McLaren, pode correr: a produção se encerrou no final de 2009. As últimas 75 unidades produzidas foram de uma edição especial (com motor de 650 cv) que homenageou o piloto inglês Stirling Moss, que ganhou a Mille Miglia de 1955 dirigindo uma Mercedes SLR.
Além do fim da produção, as duas empresas encerraram a sua joint-venture na fábrica e nas pistas. Tanto que a Mercedes apresentou no Salão de Frankfurt de 2009 uma nova versão da "Asa de Gaivota", chamada de SLS, produzida na Alemanha pela própria AMG, sem os exageros da McLaren e muito mais fiel à versão original. As vendas no Brasil se iniciam ainda neste semestre. Por enquanto, só o cupê. Mas como a história se repete...
Assista também ao teste do antigo Mercedes-Benz SLS 300