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Renovado, Renault Kwid continua parecendo com carro popular dos anos 1990

Testamos o modelo mais barato do Brasil, que passou por uma reestilização. Motor 1.0 até que se sai bem, mas, acabamento, dinâmica e filtragem são pontos fracos

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Renovado, Renault Kwid continua parecendo com carro popular dos anos 1990
Renovado, Renault Kwid continua parecendo com carro popular dos anos 1990 Foto: Renovado, Renault Kwid continua parecendo com carro popular dos anos 1990

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Assusta saber que o carro mais barato do Brasil, hoje, custa exatos R$ 59.090. Trata-se do Renault Kwid, hatch compacto que foi lançado em agosto de 2017 por R$ 30 mil, ou seja, metade do preço atual. Para atualizar o modelo, que terminou 2021 na 11ª colocação entre os automóveis mais vendidos do Brasil, a Renault acaba de dar um leve “tapinha” em seu visual. Para ver de perto o que mudou, testamos a versão intermediária Intense do carrinho, vendida por R$ 63.390.

No design, a mudança mais evidente está no conjunto óptico do Kwid. Os faróis “desceram”, e agora fazem parte do para-choque, que foi redesenhado. Em cima ficaram as luzes de rodagem diurna, integradas à grade, que são itens de série. As rodas de 14 polegadas trazem calotas em dois tons, que parecem mesmo com rodas de liga leve. A antena continua enorme, parecendo uma vara de pescar. As lanternas mantiveram o formato antigo, mas o interior tem novo grafismo. O para-choque traseiro também tem novo desenho.

Detalhes como as capas dos retrovisores em preto brilhante e as maçanetas na cor da carroceria são a partir dessa versão Intense.Apesar da “carinha” mais atual, o Kwid não chega a ser um carro vistoso, já que a dianteira alta destoa da carroceria curta. A grande altura em relação ao solo também salta aos olhos em u carrinho tão pequeno, mas é uma grande aliada contra os obstáculos urbanos, e a parte inferior do carro nunca bate em rampas ou quebra-molas.

DENTRO A principal novidade no interior do Kwid é o novo quadro de instrumentos. Os mostradores das laterais trazem marcadores em LED. No caso do conta-giros, a informação fornecida fica imprecisa devido às marcações a cada 500rpm. Já a telinha central informa a velocidade e o computador de bordo. Mas a versão intermediária ganha pontos aos oferecer sistema multimídia com tela de 8 polegadas. O volante tem comando satélite para comandar a central multimídia.

O acabamento é bem simples, com plástico duro no painel e nas portas. Os bancos são revestidos em tecido e os tapetes são de borracha. Os materiais usados deixam o interior do Kwid com um cheiro forte e desagradável, muito diferente do “cheiro de carro novo” que uma pessoa que investiu R$ 60 mil merece levar para casa. Para a proposta do veículo, o console central até que é legal, com porta-copos, porta-objetos e até um espaço debaixo da alavanca do freio de estacionamento. Apenas o para-sol do carona tem espelho.

Enquanto o volante não conta com qualquer ajuste, o banco do motorista não tem regulagem em altura. A consequência disso é que o veículo não consegue acomodar com conforto um maior número de motoristas. No banco traseiro o espaço é limitado, e, fora os itens de segurança obrigatórios (cinto de três pontos, apoios de cabeça e Isofix), não oferece muito luxo, com vidros manuais e sem iluminação.

O porta-malas tem 290 litros de volume, espaço condizente com um compacto de entrada. Porém, a falta de uma maçaneta na tampa traseira obriga quem vai abrir o compartimento a ter consigo a chave (acionando o botão), ou ir até a cabine para acionar o comando de abertura. O banco traseiro tem rebatimento integral, então é impossível conciliar um passageiro com um objeto maior carregado nessa extensão. Ainda é preciso falar que o sistema de rebater o encosto do banco é bem ruim, com apenas um pedacinho de pano usado para destravar.

RODANDO O motor tem bom fôlego para um 1.0 com 71cv de potência, e grande parte disso se deve ao baixo peso do veículo. Esta versão Intense tem apenas 820 quilos. Para tirar o melhor possível desse motor, o segredo é trabalhar na alavanca de câmbio para não deixar as rotações caírem. Na cidade, antes de encarar uma subida, desça uma marcha para que o carro não perca fôlego. Na estrada, se o ritmo do trânsito der uma diminuída, também é preciso manter as rotações elevadas para ter uma retomada mais rápida. Como o carro vazio, o Kwid até atinge sua velocidade de cruzeiro rapidamente, mas se tiver muito carregado, é preciso ter paciência. Para compensar tanto esforço na alavanca de câmbio, o consumo de combustível é baixo.

Se, durante nosso primeiro contato com o Kwid, lá em 2017, o compacto apresentou uma vibração anormal no volante e nos pedais a partir dos 110km/h, desta vez o comportamento do veículo em alta velocidade ficou dentro do aceitável. Apesar de não ter assustado durante o teste, a suspensão não dá muita confiança nas curvas. A filtragem geral, tanto em barulho quanto em vibração, também é precária. A sensação com o Kwid é a de dirigir um carro popular nos anos 1990. Uma coisa que aborrece é a falta do efeito retorno no volante. Durante uma tempestade, também foi possível constatar que o limpador de para-brisa é lento demais e pode comprometer a segurança.

EQUIPAMENTOS
Os destaques do pacote de equipamentos dessa versão Intense são retrovisores com ajustes elétricos, câmera de ré, sistema multimídia e monitoramento da pressão dos pneus. O pacote de segurança de série é bem completo para um carro dessa categoria, com airbags frontais e laterais, controle de estabilidade e Isofix. Com a extinção da antiga versão pelada Life, itens como direção assistida e ar-condicionado agora são de série no Kwid.

CONCORRENTE O concorrente direto do Kwid é o Fiat Mobi, no caso aqui o pacote de topo Trekking, vendido por R$ 63.990. O compacto da Fiat fica devendo em espaço interno, com menos espaço disponível no banco traseiro e no porta-malas. Seu pacote de equipamentos é bem parecido com o do Kwid Intense. Enquanto o Mobi leva a melhor oferecendo ajuste de altura do banco do motorista, fica devendo airbags laterais e ajustes elétricos dos retrovisores.



FICHA TÉCNICA


MOTOR
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12V, 999cm³ de cilindrada, que desenvolve potências de 68cv (gasolina) e 71cv (etanol) a 5.500rpm e torques de 9,4kgfm (g) e 10kgfm (e) a 4.250rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores; e traseira de eixo rígido / 14 polegadas em aço / 165/70 R14

DIREÇÃO

Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS

CAPACIDADES
Do tanque, 38 litros; do porta-malas, 290 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 425 quilos

PESO
820 quilos

DIMENSÕES
Comprimento, 3,68m; largura, 1,57m; altura, 1,47m; distância entre-eixos, 2,42m; altura do solo, 18,5cm

PERFORMANCE

Velocidade máxima de 160km/h
Aceleração até 100km/h em 13,2 segundos (e)

CONSUMO (*)
Cidade: 15,3km/l (g) e 10,8km/l (e)
Estrada: 15,7km/l (g) e 11km/l (e)


Dados dos fabricantes
(*) Dados do Inmetro
(g) gasolina
(e) etanol




EQUIPAMENTOS


DE SÉRIE
Airbags frontais e laterais; Isofix; assistente de partida em rampa; controle de estabilidade; limpador e desembaçador do vidro traseiro; luzes de rodagem diurna; monitoramento da pressão dos pneus; retrovisores elétricos; câmera de ré, computador de bordo; sistema multimídia com tela de 8 polegadas; ar-condicionado; chave canivete; vidros elétricos dianteiros; travas elétricas.

OPCIONAL
Pintura vermelho Fogo (R$ 1.500).


Quanto custa?
O Renault Kwid Intense, versão intermediária do hatch compacto, tem preço sugerido de R$ 63.390. Com o opcional listado, a unidade testada custa R$ 64.890.