A primeira pergunta que a maioria das pessoas faz é por que a Renault tem duas opções de motor para a mesma versão se a diferença de preço é pequena? Ora, são cerca de R$ 1,2 mil a menos na versão Privilège básica, equipada com motor 1.6 de cabeçote simples. Mas não é só o preço. Trata-se de uma opção a mais para os clientes. A faixa máxima de torque nos motores com cabeçote multiválvulas ocorre em rotação mais elevada, no caso desse motor Renault no Logan é a 3.750 rpm, contra 2.850 rpm do cabeçote simples, de apenas duas válvulas por cilindro. Como o motor é de quatro cilindros, totalizam oito válvulas.
Cidade
No trânsito urbano, o torque total se evidencia rapidamente, dando uma sensação de agilidade que o mesmo motor com cabeçote de 16 válvulas não tem em faixa igual de rotação. O motorista percebe logo que, na cidade, o motor de oito válvulas se mostra mais ágil em todas as situações. Na estrada, em rotações mais elevadas, o cabeçote de 16 válvulas é mais elástico. No caso do motor Renault equipado com cabeçote multiválvulas, o mesmo carro se mostra ágil em baixa rotação, não tendo, entretanto, a mesma agilidade do outro.
Estrada
O leitor pode então concluir que motores de cabeçote simples perdem rendimento na estrada. Não se trata disso. Esse motor Renault dá conta do recado, seja com ar-condicionado ligado, cinco ocupantes e bagagem. É suficiente para a proposta do carro e o desempenho é bom. Porém, com cabeçote multiválvulas, o desempenho é outro em alta rotação e beira a esportividade. O motorista pode se orgulhar e dizer que ?o meu carro anda?.
Consumo
Outra vantagem do cabeçote simples é consumir menos porque tem menor potência e torque. A perda é significativa: 107 cv do 16V contra 92 cv do 8V quando se usa gasolina, e 112 cv diante de 95 cv com álcool. O torque é 1,4 kgfm menor com qualquer dos combustíveis. É significativa a perda, mas ainda sim pode-se dizer que o desempenho do Logan 1.6 8V é bom, seja em ultrapassagem ou em velocidade final.
Espaço
Fora isso, é o Logan de sempre: espaço interno invejável e suficiente para três adultos não se espremerem no banco traseiro. O porta-malas é imenso. O pecado é o encosto do banco traseiro ser fixo. Se fosse rebatível, seria possível levar objetos mais compridos. No banco traseiro, há três apoios de cabeça. Falta o cinto central de três pontos.
Conforto
Além do excelente espaço interno, o sistema de suspensão é outro trunfo do Logan ao conciliar conforto e estabilidade de maneira excepcional. A suspensão não transfere as imperfeições do solo para o habitáculo e o comportamento dinâmico é muito bom, seja em curvas ou em piso irregular. Os engates do câmbio estavam macios e precisos na unidade testada. A relação de transmissão merece elogio, pois não há queda de rotação entre uma marcha e outra. Isso significa melhor aproveitamento do motor.
Incômodos
Além do banco traseiro não-rebatível, a velocidade do limpador de pára-brisa deveria ser maior. Isso é facilmente percebido sob chuva forte. A direção produz ruído quando se vira o volante com o carro parado. Parece que o sistema tem um calo. Concessionário consultado diz que é característica do sistema. Ergonomia incomoda, com comandos mal posicionados e alguns de difícil acesso.
Segurança
O Logan continua sendo considerado o carro médio mais confiável da Europa. Entretanto, no Brasil é vendido sem opção do sistema ABS de freios, que possibilita frear dentro da curva sem desvio de trajetória. A versão Privilège 1.6 8V não tem também opção de airbag. O Logan de exportação para países latino-americanos tem o equipamento fundamental de segurança ativa, aquela que evita acidente, e passiva, que minimiza as conseqüências. Quando será que o Logan brasileiro terá ABS?
Leia mais sobre o Logan 1.6 8V no Veja Também, no canto superior direito desta página. Aproveite e confira o teste do Logan 1.6 16V e o comparativo entre o Logan Privilège e o Siena HLX.