A distância que separa o Renault Duster 2.0 4x4 da versão 1.6 4x2 é significativa, mas não a ponto de condenar a segunda opção. Aqueles que não têm pretensões de colocar o carro na lama, mas que querem um jipinho urbano, mais alto e espaçoso, podem ver o Duster 1.6 16V como uma boa escolha. O desenho do modelo divide opiniões e o motor não chega a proporcionar desempenho empolgante, mas dá conta do recado. O câmbio é barulhento e a direção trepida quando se vira o volante até o fim do curso, porém as suspensões garantem equilíbrio entre conforto e estabilidade. Confira os detalhes do teste.
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Seguindo a linha da família Logan, a Renault aposta suas fichas no Duster, um utilitário-esportivo compacto que tem presença de carro médio. Com acabamento simples e forte apelo no espaço interno, o modelo chama a atenção por suas linhas robustas, além de agradar pelo conjunto mecânico. A versão 1.6 16V, com tração dianteira, apresenta desempenho satisfatório, sem brilho, mas suficiente para as tarefas do dia a dia na cidade. Por ser mais alto, se sai bem também em estradas de terra irregulares, porém sem abusos.
ESTILO Se comparado à versão 2.0 4x4, o Duster 1.6 16V Dynamique tem visual mais discreto, sem os adereços do aventureiro. A frente preserva a robustez natural do modelo, com faróis de linhas retas e duplo refletor, grade de barras cromadas e moldura discreta envolvendo a entrada de ar na parte inferior do para-choque. Retrovisores cromados e barras no teto quebram um pouco o aspecto espartano da versão. As laterais são limpas, com para-lamas salientes e beiral das portas com barra cromada. A traseira também tem detalhes cromados e pequenas lanternas verticais. Na versão Dynamique, as rodas de liga leve aro 16 polegadas são de série.
ESPAÇO Um dos principais atrativos do Renault Duster é sem dúvida o espaço interno. A começar pelo porta-malas, que é bem grande. Para o motorista e passageiros também há espaço de sobra, já que o utilitário é bem largo. O problema é que os bancos não são muito confortáveis e apenas o do motorista tem ajuste manual de altura. O banco traseiro também é espaçoso e apoia bem as pernas, porém o encosto não proporciona o melhor posicionamento, causando desconforto. Ali os passageiros contam com três apoios de cabeça, mas o cinto de segurança central é abdominal.
ACABAMENTO No quesito acabamento, o Duster segue a mesma política da família Logan, com o uso de materiais mais simples. O plástico do painel é razoável, assim como a montagem dos componentes. O couro que reveste os bancos, que é opcional, melhora um pouco o ambiente. O painel tem instrumentos com fundo preto e números na cor laranja. Os comandos estão bem localizados, exceto o do ajuste elétrico dos retrovisores externos, que fica sob a alavanca do freio de estacionamento.
DESEMPENHO Para um veículo com mais de 1.200 quilos, o motor 1.6 16V pode parecer pouco. Realmente, não é a melhor opção, mas também não decepciona. Com funcionamento áspero em rotações mais elevadas, o motor dá conta do recado, porém sem brilho. Com apenas o motorista e um passageiro, o Duster anda bem na cidade e na estrada, porém sem empolgar muito nas arrancadas e retomadas de velocidade. Carregado e com ar-condicionado ligado, o desempenho cai bem. Nessa condição é preciso fazer muitas trocas de marcha para melhor aproveitamento da força do motor. O câmbio tem bons engates e boa relação de marchas, mas é barulhento. O computador de bordo acusou consumo médio de 8,9km/l na cidade e 13,5km/l na estrada com gasolina. Já com etanol os números ficaram em 6km/l e 10km/l, respectivamente.
VERSÁTIL Apesar de não ter o apelo aventureiro, o Duster 1.6 passa bem por estradas de terra sem tranqueiras. Tem boa altura do solo e bons ângulos de entrada e saída, superando com certa facilidade pisos irregulares. A posição de dirigir é elevada e o volante tem ajuste de altura, porém o aro é fino. A direção foi bem calibrada e tem diâmetro de giro razoável, mas ao ser levada até o fim do curso provoca estranha vibração, mesmo problema detectado na versão 2.0 4x4. As suspensões também foram bem calibradas, proporcionando bom equilíbrio entre conforto e estabilidade, com discreta inclinação da carroceria em curvas mais fechadas. Nesta versão o sistema de freios tem ABS de série e atuou de forma eficiente.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
A pintura tem acabamento razoável. Os frisos emborrachados que encobrem a união do teto com as laterais não têm continuidade a partir da porta traseira, assim como a chapa inferior da base do para-brisa, que não tem acabamento plástico superior. As quatro portas têm pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. A tampa traseira esta descentralizada, mas o capô tem montagem satisfatória. REGULAR
VÃO DO MOTOR
O motor e os componentes laterais preenchem bem o vão, limitando o acesso à manutenção de vários itens. O resultado da insonorização é razoável em relação ao habitáculo. REGULAR
ALTURA DO SOLO
Toda a parte inferior do motopropulsor tem proteção por chapa em aço. Não houve interferências com o solo no percurso misto de provas. POSITIVO
CLIMATIZAÇÃO
Apresentou bom funcionamento. O tempo gasto para dar a sensação de conforto no habitáculo foi razoável. São quatro as velocidades da caixa de ar e cinco as de direcionamento do fluxo. Não tem difusor específico para os passageiros de trás nem regulagem individual de temperatura para condutor e passageiro. A caixa de ar está bem vedada. POSTIVO
FREIOS
Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto e o ABS tem boa calibração. O freio de estacionamento atuou normal e o pedal de freio tem boa sensibilidade. POSITIVO
CÂMBIO
A embreagem é macia com boa progressividade. As relações de marchas/diferencial proporcionam dirigibilidade razoável no uso misto. A qualidade de engate é boa em precisão, maciez, curso e posicionamento da alavanca. POSITIVO
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MOTOR
A performance é razoável, com aceleração e retomadas de velocidade aceitáveis em função do peso do veículo. As curvas de potência e torque são boas para a cilindrada, proporcionando uma dirigibilidade normal no uso misto. Com ar-condicionado ligado e carga útil de 400kg é ainda aceitável a sua condução, mas deve-se usar bem o câmbio. REGULAR
VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Ao trafegar sobre pisos irregulares surgem vários ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico inicia-se a 100km/h e é crescente com a velocidade. NEGATIVO
SUSPENSÃO
O conforto de marcha tem um acerto satisfatório assim como a estabilidade para o tipo de veículo e proposta de utilização. POSITIVO
DIREÇÃO
A coluna de direção tem ajuste angular em altura, com bom curso. Como ocorreu na versão 2.0, o sistema hidráulico da direção apresenta forte trepidação ao esterçar o volante em várias situações de giro. Aparentemente, parece ter uma restrição na linha de fluido ou a bomba apresenta-se com defeito/mal dimensionada. O diâmetro de giro é razoável e a velocidade do efeito-retorno agrada. NEGATIVO
ILUMINAÇÃO
Não tem sensor crepuscular e há luz de cortesia no porta-luvas e porta-malas. No teto há somente uma lanterna junto ao retrovisor, com a opção de spot fixo para passageiro, sendo ruim o resultado em iluminação. Os faróis têm duplo refletor e auxílio de faróis de neblina com bom resultado em iluminação no baixo/alto. Não tem regulagem elétrica da altura em função da carga transportada. O quadro de instrumentos e console central têm boa leitura/iluminação. Porém, não há iluminação para os interruptores elétricos nos painéis de porta. REGULAR
ESTEPE/MACACO
O estepe tem a roda em aço, mas o pneu é igual aos de uso. Está instalado abaixo do assoalho do porta-malas, do lado de fora, em suporte metálico basculável com acionamento feito por mecanismo dentro do porta-malas. A operação de troca é cansativa e não limpa. NEGATIVO
LIMPADOR DO PARA-BRISA
Não tem sensor de chuva. As áreas varridas no para-brisa e vidro traseiro por palhetas de qualidade satisfazem, assim como a atuação dos esguichos. O reservatório de água instalado dentro do vão do motor tem fácil acesso, mas a tampa poderia ser azul. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é codificada e tem proteção perimétrica das partes móveis. Não tem a volumétrica contra a invasão pela da quebra dos vidros nem a função um toque. Ao dar comando para travar as portas, os vidros não sobem automaticamente. REGULAR
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 475 litros e o encontrado com a cortina superior esticada e banco traseiro na posição normal
foi 495 litros.
Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan
Palavra de especialista
"Sem pedigree"
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
Em relação ao Duster 2.0 4x4, é outro veículo. A versão testada apresentou comportamento dinâmico inferior em relação ao 2.0. Com o motor 1.6 e caixa com cinco marchas sem opção de tração, a sua dirigibilidade é razoável na cidade e em estradas asfaltadas/terra batida (seca), com poucas subidas. A Renault apresenta neste novo modelo duas opções de pavimento na traseira. A versão 2.0 tem o estepe dentro do porta-malas, mais prático, e na 1.6 fica do lado de fora em suporte basculável, pela diferença de construção da suspensão traseira, que é mais moderna e sofisticada no 2.0. Em relação ao seu concorrente direto, o Ford EcoSport com motor 1.6, a proposta de utilização e dirigibilidade são equivalentes.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
EQUIPAMENTOS DE SÉRIE
NOTAS
QUANTO CUSTA