A disputa cada vez mais acirrada no segmento das picapes médias está fazendo com que as montadoras invistam pesado na renovação de seus produtos, como fez a Toyota com a Hilux, a Nissan com a Frontier e a Mitsubishi com a L200. Apesar de várias atualizações estilísticas e mecânicas, a Ranger não é páreo para as concorrentes mais modernas. A Ford então quer ampliar o raio de ação da sua picape média, criando uma versão mais barata e com apelo esportivo, para competir com as picapes pequenas mais equipadas, como a Fiat Strada e a Chevrolet Montana, pois a maioria dos consumidores desse segmento é jovem e usa esses veículos mais na cidade do que na estrada. Para isso, a montadora criou uma opção mais barata, a Sport, sobre a versão XLS a gasolina, de cabine simples.
Estilo
Por fora, a Ranger Sport tem embalagem criada especialmente para atrair o público jovem: faróis e lanternas com máscara negra; pára-choque dianteiro e parte superior dos retrovisores pintados na cor da carroceria (as disponíveis são: preto Gales, branco Ártico, prata Geada, cinza Ubatuba e vermelho Itália); faróis de neblina; rodas de 16 polegadas, feitas em aço, mas com desenho igual ao de liga; adesivos com a inscrição "Sport" nas laterais; e pneus 245/70, com disposição para rodar na terra e no asfalto. A versão mais despojada da Ranger é completamente voltada para o lazer. Dá para notar isso pela falta dos protetores de cabine, que evitam a entrada de objetos da caçamba pelo vidro traseiro; e de caçamba, que a protege contra arranhões e amassados.
Jovens
O acesso à cabine também parece ter sido pensado para pessoas mais ágeis, pois a altura elevada do solo e a falta de alça na coluna A dificultam essa tarefa. O espaço interno é outro ponto negativo dessa Ranger, pois, além de ser bastante reduzido, não oferece conforto nem para dois adultos de maior estatura. Para complicar, a Ford ainda colocou um cinto de segurança entre os dois bancos individuais, incentivando o motorista a transportar, de forma perigosa, um passageiro no meio, pois o encosto na verdade é um apoio de braço e não acomoda corretamente a coluna vertebral. Além da insegurança, o passageiro do meio também sofre com o desconforto, pois suas pernas são obrigadas a ficar de lado, para não esbarrar na alavanca de marchas. O espaço para bagagem, atrás dos bancos, também é reduzido e o motorista tem duas opções: ou reduz o tamanho da tralha ou instala uma capota marítima, para poder usar a caçamba sem o risco de furto.
Dirigindo
O motor 2.3, de 150 cv, a gasolina, atende bem à proposta jovem do veículo, principalmente quando a picape trafega com apenas dois adultos. As arrancadas e retomadas de velocidade são vigorosas e permitem, por exemplo, sair na frente dos outros carros quando a luz verde do sinal se acende, coisa que os motoristas mais novos adoram. O consumo é um pouco elevado, mas fica próximo do apresentado pelo motor 1.8 dos supostos concorrentes Fiat Strada e Chevrolet Montana. Os engates do câmbio são precisos, mas um pouco duros, e as relações de marcha estão bem adequadas. A direção ficou mais rápida e precisa, facilitando o trabalho do motorista.
Pula-pula
Embora a Ford tenha feito um belo trabalho na suspensão, com reposicionamento dos amortecedores (agora ficam mais perto das rodas) e rebaixamento do ponto de rolagem (em cerca de 6 centímetros), que melhorou bastante a dirigibilidade, a Ranger continua sendo um veículo desconfortável, quando a caçamba está vazia, e pouco estável, em curvas mais fechadas e de piso irregular. Nesse ponto, as concorrentes menores dão um banho. Entretanto, quando a Sport está carregada, o comportamento muda completamente, e ela até parece carro de passeio. O nível de ruídos é elevado, mesmo para uma picape esportiva. A Sport é uma boa opção, mas para quem quer uma picape média. Não pode ser comparada com as menores, em termos de dimensões, manutenção, impostos e seguro. Apenas no quesito preço.
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