O Range Rover é o modelo topo de linha da inglesa Land Rover, que agora pertence à indiana Tata. O que era para ser apenas um modelo mais bem acabado e sofisticado acabou assumindo status independente. E um dos jipões mais incrementados que o fabricante comercializa no Brasil é o Range Rover Vogue, que recentemente ganhou um motor diesel biturbo 4.4 litros TDV8, mas já vai ser reestilizado em breve lá fora. O grandalhão é exagerado em todos os sentidos: nas dimensões, na quantidade de itens de conforto e conveniência, na eletrônica, que garante a segurança e bom desempenho no asfalto e na terra, e na força descomunal proporcionada pelo eficiente motor. O único pecado são os pneus, que estão muito mais para tapete do que para buracos.
Confira a galeria completa de fotos do Range Rover Vogue 4.4 TDV8!
Grandalhão modernoso
O estilo do Range Rover Vogue não foge muito do padrão Land Rover. Mantém as formas retangulares, mas com contornos e extremidades suavemente arredondados. Chamam a atenção as dimensões exageradas, com frente larga ostentando uma grande grade vazada. Os faróis são retangulares, mas com conjunto óptico moderno, com duplo refletor e xênon. A traseira é quadrada, com lanternas verticais dotadas de elementos redondos. Para facilitar o acesso ao porta-malas, que é bem espaçoso, a tampa é dividida em duas partes, com abertura elétrica. É pura mordomia! O compartimento de bagagem só não tem muita altura, já que o enorme estepe rouba bastante espaço lá dentro.
SALÃO E, se o assunto é espaço, o Range Rover Vogue dá show. Parece um salão de festas, mesmo atrás, onde os bancos são praticamente individuais e não há túnel no assoalho, sobrando mais espaço para as pernas. No meio do banco traseiro, o apoio de braço embutido no encosto causa desconforto, mas o assento apoia bem as pernas. Ali há cintos de segurança de três pontos retráteis e apoios de cabeça para os três passageiros, além de controles de ar-condicionado individuais e duas telas para DVD ou outros tipos de entretenimento disponíveis no modelo. Para operá-las, basta usar o controle remoto guardado no apoio de braço traseiro. Há até fone de ouvido! É só diversão para a garotada. O encosto do banco traseiro, que tem pouca inclinação, pode ser rebatido em 1/3 ou 2/3, facilitando o transporte de cargas maiores. O acabamento interno do jipão é feito com material de boa qualidade, com couro nos bancos, painéis de portas e volante, e o painel é emborrachado.
COMANDOS Para dirigir, o motorista tem à sua frente um verdadeiro painel de controle de nave espacial. São vários comandos ao alcance das mãos, com computador de bordo e volante multifuncional com regulagem elétrica de altura e distância. Só o aro é um pouco fino. Para ligar o carro não precisa nem tirar a chave do bolso. Basta apertar o botão de start/stop no painel para virar o motor. O motorista pode se assustar também com a ausência da alavanca do câmbio. Porém, ela surge no console assim que se liga o carro. Trata-se de um botão giratório que sobe e por ele se faz a seleção das marchas. O painel de instrumentos de fundo preto tem fácil visualização. No centro, um visor sensível ao toque disponibiliza entretenimento com música, TV, DVD, navegação e informação 4x4.
MIMOS Quer mais frescura? Os bancos dianteiros têm sistema de aquecimento ou refrigeração; o porta-luvas de duas tampas tem abertura elétrica; e o freio de estacionamento é elétrico. Para as ações no fora de estrada, o Range Rover Vogue conta com uma verdadeira parafernália eletrônica. A tração 4x4 é acionada automaticamente sempre que necessário, e o motorista pode brincar com programas especiais para trafegar sobre relva ou neve, lama ou sulcos, areia ou subida de pedras. Se quiser, pode ainda baixar ou subir as suspensões ou acionar um sistema que auxilia nas descidas de morros íngremes com piso irregular. Com ele ligado, é só tirar o pé do freio e soltar o carro, que desce tranquilo, sem sustos. Todos esses comandos ficam no console central.
EM SILÊNCIO Outro detalhe que chama a atenção no Range Rover Vogue é o novo motor a diesel V8 de 4.4 litros. Uma verdadeira usina de força, mas que trabalha em silêncio, brindando o motorista apenas com um agradável ruído que sobe junto com o giro. Para completar o conjunto, o câmbio automático de oito marchas, com ótimo escalonamento, proporcionando trocas suaves e retomadas de velocidade muito seguras. Basta pisar no acelerador que o motor responde de imediato, acionando o turbo rapidamente e tirando a jamanta da inércia em pouquíssimos segundos. E pode pisar que o modelo tem freio com eletrônica suficiente para segurar. Não é dos mais econômicos, pois registrou 6km/l na cidade e 9,5km/l na estrada.
EQUILÍBRIO As suspensões foram bem calibradas e apesar da altura do carro as reações em curvas são tranquilas, com boa estabilidade. Porém, nas situações de fora de estrada transferem as imperfeições para dentro, causando desconforto. Apesar de toda a eletrônica, o jipão inglês peca por não ter pneus apropriados para situações mais radicais. Tentamos vencer uma subida cascalhada, mas o Vogue não aguentou. Os pneus afundaram e quase ficamos atolados. O modelo merece um conjunto de pneumáticos mais adequado ao off-road. A direção assistida também foi bem calibrada e tem bom diâmetro de giro, mas as dimensões do carro são tão exageradas que fica difícil achar um lugar para estacionar. É manobra que não acaba mais. E o pior é que dizem que o novo Range Rover Vogue vai chegar ainda maior. Haja garagem!
Na poeira e no asfalto
Confira os detalhes do Range Rover Vogue 4.4 V8 a diesel
AVALIAÇÃO TÉCNICA
Acabamento da carroceriaA pintura tem bom acabamento. As quatro portas estão desniveladas entre si e a carroceria. A tampa traseira, que é bipartida, tem a parte superior descentralizada e a inferior com montagem aceitável. O capô tem montagem razoável. REGULAR
Vão do motor
O motor V8 e seus componentes laterais preenchem todo o vão, limitando bastante o acesso à manutenção. O ângulo de abertura do capô é limitado. O resultado do isolamento acústico em relação ao habitáculo é ótimo. Os itens de verificação constante têm fácil acesso e manuseio, menos ao reservatório de fluido de freio. REGULAR
Altura do solo
Os ângulos de ataque e saída satisfazem para uma utilização sobre percurso irregular com gravidade média. Tem regulagem de altura em relação ao solo, variando de 283mm (off-road) a 231mm (altura padrão), comandados por teclas no console central. Por prevenção, toda a zona inferior do motopropulsor tem proteção por chapa plástica de resistência razoável. POSTIVO
Climatização
São sete as velocidades da caixa de ar e três as de direcionamento de fluxo de ar. Tem sistema completo e independente para os passageiros de trás, com comandos instalados no final do console central, e são seis os difusores de ar no painel. Para todos os ocupantes, há opção de regulagem da temperatura diferenciada. Apresentou bom funcionamento em geral. POSTIVO
Freios
Apresentaram ótimo comportamento dinâmico no uso misto. O pedal de freio tem ótima sensibilidade, assim como o ABS, e o sistema apresentou reações equilibradas nos dois eixos. O freio de estacionamento é eletrônico, com controle em chaveta no console central. POSITIVO
Câmbio
A transmissão é automática adaptativa com oito marchas e aletas incorporadas ao volante, para uso manual sequencial. Tem tração 4x4, que atua e distribui por eixo automaticamente, interpretando o tipo de uso/solo. O comando giratório, em vez da alavanca, contém as opções de seleção de condução DNRP, além da S (modo esporte). Em oitava marcha, a 110km/h, o motor trabalha a apenas 1.500rpm já no início da faixa de torque máximo. POSITIVO
Motor
O seu funcionamento merece destaque pelo ruído baixo para um motor a diesel e ausência de vibrações mesmo em marcha lenta. A aceleração é vibrante, rápida e com ótima progressividade. E as retomadas de velocidade são notáveis. O torque é brutal, com 71,4kgfm, atuando com força máxima constante de 1.500rpm a 3.000rpm. POSITIVO
Vedação
Boa contra água e poeira. POSITIVO
Nível interno de ruídos
O efeito aerodinâmico é moderado e inicia-se a 110km/h, mas é razoável em alta velocidade. Os ruídos no habitáculo são poucos e surgem ao trafegar sobre paralelepípedo, terra e asfalto ruim. REGULAR
Suspensão
Para um SUV, o conforto de marcha é satisfatório, com boa absorção das imperfeições do solo e pouca transferência para dentro do habitáculo. A estabilidade é boa numa utilização normal e numa condução mais esportiva aceitável, porém, não se consegue exagerar, pois, por precaução, os sistemas eletrônicos de tração e estabilidade atuam precocemente, ajustando as estabilidades direcional e lateral. POSITIVO
Direção
A coluna de direção tem regulagem elétrica em altura e distância e o volante, boa pega e tamanho. O diâmetro de giro é grande, mas a velocidade do efeito-retorno é boa. A precisão na reta e em curvas é satisfatória e as cargas do sistema assistido estão bem definidas para o uso misto. REGULAR
Iluminação
Tem sensor crepuscular, luzes de cortesia nos para-sóis, na base inferior das duas portas dianteiras, na base inferior dos retrovisores, na zona dos pés do condutor e passageiro, porta-luvas, porta-malas, laterais do painel, na base inferior lateral das portas traseiras e na tampa superior traseira. Os faróis são bixênon com regulagem automática de altura, esguichos para lavar as lentes e são autodirecionais. Os faróis auxiliares de neblina estão embutidos no para-choque. O quadro de instrumentos e console central têm fácil leitura dia/noite. POSITIVO
Estepe/macaco
O estepe tem a roda e o pneu iguais aos de uso. Está instalado dentro do porta-malas, no fundo do assoalho, e o kit de troca está ao seu lado. A operação de troca é normal. POSITIVO
Limpador de para-brisa
Tem sensor de chuva. A área varrida no para-brisa é ótima, com palhetas de boa qualidade. São quatro os esguichos no para-brisa, que tem boa vazão e pressão. No vidro traseiro, o esguicho é acoplado ao braço da palheta e o sistema de limpeza atuou com eficiência. É fácil a identificação e manuseio no reservatório de água dentro do vão do motor. POSITIVO
Alarme
O sistema antiesmagamento atuou com precisão, mas os vidros não sobem automaticamente ao dar comando para travar as portas pelo controle remoto, somente na função um toque. A chave de ignição é especial e não tem comutador de ignição. Um botão inserido no painel, com função start/stop, liga e desliga o motor com a proximidade da chave. Tem proteção volumétrica dentro do habitáculo, com bateria independente. Não tem a perimétrica das partes móveis. REGULAR
Volume do porta-malas
O declarado pela fábrica é de 994 litros e o encontrado com o banco traseiro na posição normal, com a tampa do bagagito fechada, foi de 550 litros.
Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan