A Peugeot demorou para substituir o ultrapassado e pouco eficiente câmbio automático de quatro marchas pelo de seis velocidades, que agora equipa também o 308 com motor 2.0 16V flex. A troca foi positiva, pois o desempenho do hatch médio melhorou significativamente, com respostas mais rápidas aos comandos no acelerador. Mas a montadora não conseguiu reduzir o consumo de combustível, que em determinadas situações se mostra bem elevado. O modelo é um concorrente de peso no segmento, apesar de ter alguns pontos negativos, como a frente que raspa em entradas e saídas de rampas e a ausência de sensor de estacionamento.
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DE SEIS O Peugeot 308 comercializado no Brasil é produzido na Argentina e bem diferente do modelo europeu, que é muito mais moderno. Apesar disso, o hatch médio vendido por aqui tem seus atributos. Faltava a ele uma transmissão automática mais eficiente, pois a de quatro marchas, que vinha sendo usada, mostrava-se defasada e ultrapassada. A marca, então, optou por aposentá-la e substituí-la pelo câmbio automático sequencial de seis velocidades AT6, produzido pela Aisin. A transmissão passou a equipar modelos da Citroën e da Peugeot, como o próprio 308 1.6 THP, e acabou chegando à versão 2.0 16V do hatch médio.
MODERNO A troca foi muito positiva no que diz respeito à performance do 308 2.0 Allure, já que a modernidade do câmbio é percebida facilmente na condução do modelo. O novo câmbio tem sistema de segurança que evita engates equivocados com o veículo em velocidade superior a 6km/h, como passar de D (drive) para R (ré), o que causaria danos. Além disso, a transmissão automática traz outras vantagens, pois se adapta rapidamente à maneira de dirigir e às condições do piso e relevo, visando o melhor aproveitamento da força do motor e uma condução mais confortável.
SEM ALETAS Em descidas íngremes, por exemplo, o câmbio mantém uma marcha mais reduzida, fazendo valer o freio motor. Em outras situações, com o carro mais solto, o câmbio “conversa” com o motor para trabalhar na melhor faixa de torque. O resultado são arrancadas e retomadas de velocidade eficientes, tornando o hatch ágil tanto no trânsito urbano quanto na estrada. E o motorista pode optar pelas trocas sequenciais, com toques na alavanca (não tem aletas atrás do volante), que deixam o carro, literalmente, mais na mão. Há também a tecla S, que proporciona uma condução discretamente mais esportiva. As trocas de marcha são suaves, sem trancos, fazendo do 308 Allure um carro prazeroso de dirigir.
CONSUMO Mas se o desempenho é bom, não se pode dizer o mesmo do consumo de combustível. Em nosso teste, o computador de bordo apontou um consumo médio na cidade de 7,5km/l com gasolina e 4,7km/l com etanol. Na estrada, as melhores médias foram de 10,5km/l (g) e 9,5km/l (e). Números não muito animadores para um hatch médio. Outra mudança que trouxe resultados positivos ao 308 2.0 foi o ajuste dado às suspensões. Apesar de ser equipado com pneus de perfil baixo, o carro ficou com um rodar um pouco mais macio, filtrando mais as irregularidades do solo. A direção com assistência eletro-hidráulica garante conforto e segurança nas manobras, com bom diâmetro de giro. Os freios com ABS e a sopa de letrinhas foram eficientes em frenagens de emergência.
MANCADAS O Peugeot 308 é um carro com estilo interessante e tem desenho que sugere esportividade, com linhas aerodinâmicas. Mas a parte inferior do para-choque dianteiro raspa facilmente em entradas e saídas de rampas e a visibilidade traseira é ruim, exigindo cuidado nas manobras de ré. E o modelo não tem o sensor de estacionamento nem como opcional. O espaço interno é bom para quatro pessoas, já que o conforto no assento do meio do banco traseiro é limitado. Os bancos dianteiros são anatômicos e confortáveis, sendo que o do motorista conta com ajuste de altura, mas não tem a regulagem lombar. Outra mancada ali é a falta do pino que segura a lingueta do cinto de segurança. Sem ela, o componente cai e fica difícil de ser acessado. O volante tem boa pega e o acabamento é feito com material de boa qualidade. O painel tem instrumentos de fácil visualização e o único opcional para a versão é o sistema multimídia com GPS e tela de sete polegadas.
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.997cm³ de cilindrada, que desenvolve 143cv (g) a 6.250rpm e 151cv (e) a 6.000rpm e torques máximos de 20kgfm (g)/22kgfm (e) a 4.000rpm
» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático de seis marchas
» DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência eletro-hidráulica
» FREIOS
Discos ventilados dianteiros e sólidos traseiros, com ABS
» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, independente, com travessa deformável /roda de liga leve/7 x 17 polegadas/225/45 R17
» CAPACIDADES
Tanque: 60 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 400 quilos
EQUIPAMENTOS
» DE SÉRIE
WIP Plug, conexão USB para iPod/MP3 Player e entrada auxiliar, Bluetooth, rádio CD Player/MP3 com comando na coluna de direção, rodas de liga leve aro 17 polegadas, volante revestido em couro, acendimento automático dos faróis, ar-condicionado automático digital bi-zone com saídas de ar traseira, computador de bordo, direção eletro-hidráulica, limpador de para-brisa automático com sensor de chuva e indexado à velocidade, regulador e limitador de velocidade, teto solar panorâmico, dois airbags frontais, faróis de neblina, freios ABS com auxílio a frenagem de urgência (AFU) e repartidor eletrônico de frenagem (REF), luzes diurnas de LED (Day Running Light).
» OPCIONAL
Sistema Multimídia WIP NAV com GPS integrado ao painel e tela colorida multifunções, de sete polegadas, rebatível eletricamente.
Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 8
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 8
Segurança 8
Estilo 9
Consumo 6
Tecnologia 8
Acabamento 9
Custo/benefício 8
Quanto custa?
O Peugeot 308 é vendido na versão de entrada Active 1.6 por R$ 54.990. Já a versão Allure 2.0 começa de R$ 63.490, com câmbio manual, e vai de R$ 68.990 a R$ 70.990, com câmbio automático. A versão Griffe 1.6 THP é vendida por R$ 75.990.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
A porta dianteira direita tem montagem razoável, mas as outras têm pontos com desnivelamento entre elas e a carroceria. A tampa traseira está desalinhada e descentralizada. O capô está desalinhado em relação aos para-lamas e na união com a coluna A, lado direito. A pintura contém alguns pontos com impurezas e imperfeições. É boa a tonalidade da pintura tanto nas partes plásticas quanto nas de aço. NEGATIVO
VÃO DO MOTOR
As aletas de ventilação do radiador apresentam vários pontos amassados. O ângulo de abertura do capô é bom e é sustentado aberto por vareta manual, que deveria ter uma proteção plástica para segurá-la com o motor quente. A sistematização está benfeita, com fácil identificação e manuseio dos itens de verificação constante. O acesso à manutenção é limitado na parte de trás do motopropulsor, que invade a cobertura do painel de fogo. O resultado da insonorização em relação ao habitáculo é bom. REGULAR
ALTURA DO SOLO
Toda a parte inferior do motopropulsor tem proteção por chapa em aço vazada. Toca com frequência a dianteira em saídas de garagem com desnível, e com 360kg de carga útil perde bastante na folga livre em relação ao solo, onde deve-se ter prudência ao trafegar sobre pisos usuais irregulares. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
É automático digital. A rumorosidade de funcionamento é satisfatória e o equipamento apresentou-se bem vedado. No painel, são cinco os difusores de ar com corpo fixo de formato circular, e mais dois no fim do console central distribuem bem o ar climatizado, favorecendo o conforto a bordo. No teto, que tem extenso vidro panorâmico fixo, o recobrimento interno elétrico/deslizante protege corretamente do sol, mantendo uma temperatura de conforto otimizada a bordo e sem incidência solar nos olhos. POSITIVO
FREIOS
Apresentaram bom comportamento dinâmico. O pedal de freio tem boa sensibilidade e os conjuntos dianteiro e traseiro têm reações homogêneas, com boa desaceleração e manutenção da trajetória. O ABS atuou com eficiência, e o freio de estacionamento, normalmente. POSITIVO
CÂMBIO
As relações de marchas estão razoáveis em função da curva do motor e do peso do automóvel (1.429kg), mas as trocas são constantes numa topografia irregular no uso misto. A resposta em kick down é aceitável. Apresentou bom funcionamento, mas proporciona melhor dinâmica e dirigibilidade quando acionada a tecla S. Há comando específico para piso de baixo atrito. POSITIVO
MOTOR
A perda no rendimento com carga útil máxima e ar-condicionado ligado é evidente, mas proporciona uma condução razoável. Apresentou boa partida a frio com somente etanol no tanque, e a rumorosidade de funcionamento é razoável para um multiválvulas. As retomadas de velocidade e aceleração são satisfatórias, mas sem brilho esportivo. A sua curva de potência/torque x rotação é boa. Apesar de render melhor com somente etanol, abaixo disso, ainda é satisfatória a sua dirigibilidade. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
O efeito aerodinâmico é contido, mesmo em alta velocidade. Os ruídos no habitáculo são vários e surgem ao trafegar sobre pisos irregulares. REGULAR
SUSPENSÃO
O conforto de marcha é limitado, mas aceitável com somente condutor, com destaque para a aspereza da suspensão traseira, principalmente quando o veículo está carregado e com os pneus calibrados para esta condição de uso, com 36 libras na dianteira e 42 libras na traseira. A estabilidade é ótima, pois contorna curvas de raios variados com muita precisão, velocidade constante, além de mínima inclinação da carroceria. Não conta com auxílio dos sistemas eletrônicos de estabilidade e tração. REGULAR
DIREÇÃO
A assistência eletro-hidráulica tem cargas bem diferenciadas, que favorecem no uso urbano/manobras e, também, em rodovias com o veículo em alta velocidade. A coluna de direção tem ajuste manual em altura e distância, com bom curso. Apresentou reações equilibradas, boa rapidez de resposta e sensibilidade. O diâmetro de giro e a velocidade do efeito-retorno satisfazem. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
Tem sensor crepuscular e luz de cortesia no porta-malas e porta-luvas. No teto, tem duas lanternas com spots fixos integrados ao retrovisor e na parte traseira, com resultado satisfatório em iluminação. Os faróis têm dupla parábola, são eficientes no baixo/alto e contam com o auxilio de faróis de neblina. Não tem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada, mas é fácil a alteração do facho atrás do corpo dos faróis. POSITIVO
ESTEPE/MACACO
O estepe tem a roda em aço e o pneu (205/55R16) diferente dos de uso (225/45R17), com a velocidade limitada a 80km/h, apesar de ter o mesmo índice de velocidade W dos de uso. Está no fundo do assoalho do porta-malas. A operação de troca é normal, mas é necessário retirar as tampas plásticas que encobrem as cabeças dos parafusos de roda com grampo que vem no kit. Ao usar o estepe em rodovia, o veículo terá pequena alteração no seu comportamento dinâmico. O prático e o ideal seria ter o pneu do estepe igual aos de uso, mesmo com roda de aço. REGULAR
LIMPADOR DE PARA-BRISA
Tem sensor de chuva. As palhetas trabalham cruzadas, são eficientes e varrem uma área satisfatória no para-brisa. Os esguichos no para-brisa são do tipo spray, com boa abertura e pressão. No vidro traseiro, o sistema de limpeza/esguicho é também eficiente. É fácil o acesso ao reservatório de água dentro do vão do motor. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é codificada e do tipo canivete. Tem proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra a invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas, os vidros sobem automaticamente com a tecla pressionada. Há função um toque para descer/subir os vidros nas quatro portas, e o sistema antiesmagamento atuou com precisão. REGULAR
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado é de 430 litros, mas o encontrado foi de 360 litros, com a tampa do bagagito fechada e o banco traseiro na posição normal.
Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan
www.danieltecnodan.com.br