As peruas já não têm mais a mesma força no mercado brasileiro. Salvo raras exceções, elas já não conquistam de forma avassaladora como no passado. Algumas foram até abandonadas, deixaram de existir, sendo atropeladas por tipos modernos, com propostas mais interessantes. A de estilo aventureiro se destaca no mercado, na expectativa da reação da concorrência. Já a perua francesa passou por plástica, mudando discretamente o visual, mas manteve o conteúdo, frustrando aqueles que esperavam algo mais radical.
A Peugeot do Brasil afirma que seguiu a vontade do consumidor quando transformou a linha 206 em 207. Na Europa, essa transformação foi radical, atingindo a casca e o caroço. Por aqui ficou basicamente na casca, pois a estrutura e o conjunto mecânico foram mantidos, tanto no hatch quanto na station wagon. O mais correto seria chamar a linha de 206 reestilizada, mas a montadora preferiu empurrar o 207 goela abaixo do consumidor. Na Europa, o modelo é denominado 206 .
Estilosa
Toda perua que se preze tem estilo e as que fogem a essa regra podem ser condenadas ao limbo. A Peugeot 207 SW se garante nesse quesito. Tem na frente faróis de duplo refletor com lentes salientes e grandes, que mais parecem olhos de gueixa. Entre eles, uma pequena grade com o leão símbolo da Peugeot envolto em moldura cromada. Mas a marca registrada está no bocão que invade o para-choque dianteiro, com barras paralelas, criando uma identidade para a linha 207. Nas laterais, frisos largos pintados e, no teto, rack preto, dando toque descolado. As lanternas traseiras têm desenho que lembra um bumerangue, invadindo as laterais. O estilo agrada e a área envidraçada é boa, favorecendo a visibilidade. Detalhe interessante é o vidro da tampa do porta-malas, que abre de forma independente, facilitando o acesso ao compartimento de carga. E o ponto negativo é o estepe pouco prático fixado sob o assoalho, na parte traseira.
Espaço
A perua 207 tem alguns pecados que não são muito comuns aos modelos desse segmento. O porta-malas não é pequeno, mas tem volume bem menor do que o das concorrentes. Para aumentar a capacidade de carga, o encosto do banco traseiro pode ser rebatido, mas não é bipartido. O espaço interno é limitado, principalmente no banco traseiro, que é ideal para duas pessoas e tem assento que não apoia bem as pernas. Atrás tem apenas dois apoios de cabeça e o cinto de segurança central é abdominal.
Acabamento
Uma das melhorias apresentadas na linha 207 em relação à 206 é o acabamento interno, com materiais de boa qualidade. O painel é feito com plástico duro, mas de boa aparência, e traz instrumentos de fundo preto de fácil visualização. O tecido que reveste os bancos também é bom. Porém, os comandos do vidros elétricos estão mal localizados no console central e o volante, apesar de ter regulagem de altura, tem o aro fino. O banco do motorista também conta com ajuste de altura, favorecendo a posição de dirigir.
Desempenho
Para empurrar a perua, o motor 1.4 flex atende, mas não é a melhor opção. Não é à toa que a Peugeot oferece a versão 1.6. O carro é um pouco pesado para o propulsor, que tem funcionamento áspero acima de 3.000rpm. As relações de marcha da transmissão também comprometem o desempenho do 207 SW, pois poderiam ser um pouco mais curtas. Se o motorista estica a primeira marcha, quando passa para a segunda percebe a existência de um buraco (queda de rotação) e o rendimento cai. As trocas de marcha são constantes, principalmente em uma cidade com topografia acidentada. Na estrada, embalada, a perua anda bem. O modelo não conta com computador de bordo que informa o consumo de combustível.
Falha na segurança
A Peugeot não disponibiliza airbag nem ABS para a perua 207. Uma falha inadimissível para um veículo destinado à família e que custa mais de R$ 40 mil. Apesar da ausência do sistema antitravamento das rodas, os freios funcionaram de forma eficiente. A direção foi bem calibrada e tem bom diâmetro de giro, tornando as manobras mais fáceis. As suspensões privilegiam a estabilidade. Mas, por outro lado, são mais firmes e não filtram bem as irregularidades do solo, causando desconforto quando se trafega sobre pisos irregulares.