O Sandero é outro carro, assim como o Logan, lançado no fim do ano passado. Ambos utilizam plataforma mais moderna e segura, obtendo quatro estrelas no teste de impacto europeu. Cerca de 80% do carro é novo: estrutura, freios, direção, sistema elétrico, suspensões, além do interior e as linhas da carroceria. O ângulo de inclinação do para-brisa indica a modernidade do projeto. A garantia é de três anos ou 100 mil quilômetros.
As linhas são agradáveis e mais harmônicas em relação à geração anterior. O volante tem boa pega e agrega comandos do piloto automático, mas a regulagem é apenas de altura. Falta a de distância. O quadro de instrumentos é de fácil leitura. Os comandos dos vidros dianteiros estão na porta e os traseiros, no console central. Os bancos dianteiros têm efeito antimergulho, que evita escorregar sob o cinto.
DENTRO O espaço interno é muito bom para um hatch compacto e três adultos se acomodam bem no banco traseiro. Porém, se o banco do motorista estiver todo para trás – somente os de estatura muito elevada precisam desse recursos –, apenas criança senta lá. Não há sensação de aperto, pois a altura e a largura interna dão bom espaço para ombros e cabeça. Há três apoios de cabeça, mas a Renault fica devendo o cinto de três pontos no assento central. Está lá o subabdominal.
O acabamento interno é de boa qualidade, com encaixes e arremates benfeitos. O painel central usa plástico duro, mas passa sensação de qualidade com bom aspecto visual. O sistema multimídia, com Bluetooth, GPS e entradas auxiliares, não pode faltar nos carros atuais e o Sandero segue a cartilha.
Para um hatch de dimensões compactas, a capacidade do maior porta-malas da categoria é excelente (306 litros na nossa medição). E o estepe fica dentro do porta-malas, em vez de sob o assoalho. Do lado de fora, como na geração anterior, a troca é mais penosa e facilita o furto do conjunto roda/pneu. A visibilidade lateral traseira é ponto crítico pela largura da coluna C, gerando ponto cego. Porém, os retrovisores bem dimensionados compensam em parte a deficiência.
DIRIGINDO A posição de dirigir é ótima e o motorista se posiciona bem rapidamente, apesar de a coluna de direção ter apenas regulagem de altura. A alavanca de câmbio fica no lugar certo e os engates são fáceis e precisos. O senão é a pouca sensibilidade da direção, que parece anestesiada. As reações do carro são previsíveis e a Renault consegue equilibrar bem, como poucos, conforto e estabilidade.
Porém, o motor 1.6 de cabeçote simples – duas válvulas por cilindro – funciona bem na cidade com muito torque em baixa rotação. Na estrada, falta fôlego nas ultrapassagens, que demoram mais tempo. Assim, é preciso calcular bem para não comprometer a segurança. Esse mesmo motor com cabeçote multiválvulas é muito mais agradável, já foi utilizado no passado e retirado para diminuir custo. A diferença de desempenho é notória com etanol seja na cidade ou na estrada.
Emílio Camanzi também testou o veículo, confira:
AVALIAÇÃO TÉCNICA
Acabamento da carroceria
A montagem dos faróis, lanternas, retrovisores e para-choques é satisfatória, mas falta o prolongamento emborrachado na extremidade do teto, na união com as laterais, que deixa pontos de solda aparentes. A qualidade da pintura é razoável. As portas têm alguns pontos com desnivelamento em relação à carroceria, além de folgas fixas diferentes dos dois lados. O capô está descentralizado. REGULAR
Vão do motor
O capô tem bom ângulo de abertura e é sustentado por mola a gás. O resultado da insonorização em relação ao habitáculo é aceitável. O motor e seus componentes externos preenchem bem o vão, mas é satisfatório o acesso à manutenção em geral. O leiaute é racional e os itens de verificação constante têm fácil identificação. POSITIVO
Altura do solo
Não ocorreram interferências com o solo mesmo com 450kg de carga útil. Por prevenção, tem chapa em aço que engloba toda a parte inferior do motopropulsor. POSITIVO
Climatização
A luz indicativa na tecla do ar-condicionado não acende quando o sistema está ligado e, sim, quando desligado, o que não é racional e usual. É por comando manual com função automática. Apresentou um bom funcionamento com o tempo satisfatório para climatizar todo o habitáculo e está bem vedado. A caixa de ar tem oito velocidades. REGULAR
Freios
Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso em estrada e na cidade. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o sistema apresentou reações equilibradas nos dois eixos, inclusive em frenagem de emergência sobre piso seco. O ABS está bem calibrado e atuou com precisão nas diversas situações avaliadas. POSITIVO
Câmbio
A qualidade de engate é razoável. As relações de marchas/diferencial têm definição aceitável em função da curva do motor (torque e potência) e peso do automóvel, proporcionando uma dirigibilidade normal, mas as trocas são constantes com carga máxima e o ar-condicionado ligado no uso cidade/estrada. A embreagem é macia, tem boa progressividade e curso, além de satisfatória resistência térmica em arrancadas sequenciais em subida usual, com carga máxima. POSITIVO
Motor
O desempenho é normal, sem brilho dinâmico, com retomadas de velocidade e aceleração normais. A rumorosidade de funcionamento é baixa. A perda no rendimento com carga máxima (450kg) e ar-condicionado ligado é grande e passa a ter uma dirigibilidade apenas aceitável. Há ganho de 1kgfm no torque máximo utilizando etanol e de mais 8cv, o que reflete numa melhor dirigibilidade, em geral. POSITIVO
Vedação
Boa contra água e poeira. POSITIVO
Nível interno de ruídos
O efeito aerodinâmico é elevado e notório já a 100km/h e incomoda em velocidades mais altas. Os ruídos no habitáculo são vários e surgem sobre pisos de terra, paralelepípedo e asfalto em má conservação. NEGATIVO
Suspensão
O conforto de marcha teve perdas em relação à versão anterior, que era bom, mas está em um nível razoável. A estabilidade é boa, com precisão e rapidez no contorno de curvas de raios variados, com inclinação moderada da carroceria, inclusive numa condução mais esportiva. POSITIVO
Direção
As cargas do sistema assistido são apenas razoáveis para o uso urbano e em rodovias. A coluna tem ajuste manual somente em altura, com curso satisfatório. O conjunto apresentou baixa rumorosidade em curvas sobre calçamento e estrada de terra. A precisão na reta e em curvas é razoável. O efeito-retorno tem boa velocidade e o diâmetro de giro satisfaz. POSITIVO
Iluminação
Não tem sensor crepuscular. O novo grupo óptico dianteiro tem construção com dupla parábola e tem boa eficiência em iluminação no alto/baixo. Há auxiliares de neblina. Não há regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. O quadro de instrumentos tem fácil identificação noturna, assim como os comandos do console central, e tem iluminação nos interruptores elétricos instalados nos painéis de porta. Há luz de cortesia no porta-luvas e porta-malas. No teto tem uma lanterna bipartida na parte da frente com resultado discreto para o habitáculo. REGULAR
Limpador de para-brisa
Não tem sensor de chuva. Os esguichos são do tipo spray em V, com boa vazão. As palhetas apresentaram boa qualidade e a área de varredura satisfaz. No vidro traseiro, o sistema é também eficiente. O reservatório de água instalado dentro do vão do motor tem fácil acesso, mas a tampa poderia ser na cor azul. POSITIVO
Estepe/macaco
O estepe, que tem a roda em aço e o pneu igual aos de uso, agora está dentro no fundo do assoalho do porta-malas. A operação de troca é normal, mas é necessário fixar a roda de aço (reserva) com o jogo de parafusos específicos, que vem no kit, e são diferentes dos das rodas de liga leve. POSITIVO
Alarme
A chave de ignição é codificada com sistema antiarranque e há proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra a invasão pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas, os vidros não sobem automaticamente, e não tem função de abertura/fechamento por um toque nem para o condutor. REGULAR
Volume do porta-malas
O declarado é de 320 litros e o encontrado foi de 306 litros, com o banco traseiro na posição normal, a tampa do bagagito fechada e fechamento normal da tampa traseira.
www.danieltecnodan.com.br
Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.
Ficha técnica
» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.598cm³ de cilindrada, 8 válvulas, com potências máximas de 98cv (gasolina) e 107cv (etanol) a 5.250rpm e torques máximos de 14,5kgfm (gasolina) e 15,5kgfm (etanol) a 2.850rpm
» TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas
» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com triângulos inferiores; e traseira, com rodas semi-independentes e barra estabilizadora / liga leve, de 15 polegadas / 185/65 R15
» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
» FREIOS
Discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, com ABS
» CAPACIDADES
Peso, 1.055 quilos; tanque, 50 litros; de carga (passageiros e bagagem), 450kg
EQUIPAMENTOS
» DE SÉRIE
Abertura interna da tampa do tanque de combustível, ar-condicionado, airbag duplo frontal, ABS, alarme sonoro de advertência de luzes acesas, , banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro com encosto rebatível, comando de abertura das portas por radiofrequência, computador de bordo, volante com regulagem de altura, vidros, travas e retrovisores com regulagem elétrica, rádio CD Player com MP3, USB, entrada auxiliar/Ipod, Bluetooth, comando satélite, travamento automático das portas a 6km/h, alarme perimétrico, faróis de neblina, trava para crianças nas portas traseiras.
» OPCIONAL
Ar-condicionado automático, sistema multimídia e sensor de estacionamento.
NOTAS
Desempenho 8
Espaço interno 8
Porta-malas 9
Suspensão/direção 7
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 9
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 7
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 8
QUANTO CUSTA?
O novo Renault Sandero 1.6 Dynamique tem preço sugerido de R$ 42.390 e, com os opcionais, R$ 43.820.