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Nissan Livina 1.8 - Mais para dois do que um

Quem analisa o Livina pelo seu amplo espaço interno e o observa apenas de frente acha que se trata de um monovolume. Mas de perfil parece uma perua

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Alguns especialistas em mercado afirmam que existe uma tendência de encolhimento do segmento dos monovolumes no Brasil. Mas a Nissan pensa diferente. Tão diferente que, depois de nacionalizar a picape Frontier e importar carros de passeio de vários segmentos, resolveu investir também na produção de um monovolume em sua fábrica, em São José dos Pinhais (PR). A ideia é estar presente em segmentos que somam 30% do mercado. O Livina é um modelo desenvolvido para países emergentes (já é vendido na China, Indonésia, Vietnã, Taiwan, Malásia, Filipinas e África do Sul) e chega com duas opções de motor (1.6 e 1.8, ambas flex), duas de acabamento (de entrada e SL) e duas de câmbio (manual e automático). Avaliamos a topo de linha: a 1.8 SL, com câmbio automático, que custa R$ 56.690.

Design
Para o público brasileiro, o Livina é o Nissan legítimo, principalmente quando observado de frente. Não tem como olhar para a grade cromada e quadriculada e não se lembrar de outros modelos da marca já comercializados aqui, como o crossover Murano e o hatch Tiida. Os faróis têm desenho triangular, com duplo refletor, e "sobem" pelo capô e pára-lamas. O capô é marcado por dois vincos fortes. A tomada de ar inferior não tem tela protetora para o radiador (o que evita entrada de pedriscos) e a frente é muito baixa, raspando frequentemente em rampas.

De lado
De perfil, tem-se a noção exata de que o Livina é um legítimo dois volumes, com compartimentos do motor e de passageiros bem definidos. Na versão SL, a grade cromada, os faróis de neblina, as maçanetas e retrovisores externos na cor do veículo e as rodas de liga leve com aro de 15 polegadas são itens de série. Na traseira, o para-choque segue a filosofia do dianteiro, com a parte de baixo pintada de preto; as lanternas, com lentes vermelhas, são de bom tamanho e bem visíveis; terceira luz de freio fica embutida no alto do vidro; e a tampa tem fechadura e maçaneta do lado de fora. A boa área envidraçada contribui para boa visibilidade em todas as direções.

No meio
Pelas dimensões externas, o Livina se posiciona entre os compactos (Idea e Meriva) e os médios (Picasso, Scénic e Zafira), pois tem 4,18m de comprimento, 1,69m de largura, 1,57m de altura e 2,60m de entre-eixos. A boa distância entre-eixos permite um amplo espaço interno, que proporciona conforto para quatro adultos e uma criança. O porta-malas tem capacidade superior aos monovolumes compactos (449 litros), mas inferior aos médios. Também faltam ganchos para fixação da carga e rede para pequenos objetos. Na versão SL, o banco traseiro rebate em 1/3 e 2/3. Se viajarem apenas duas pessoas, a capacidade do porta-malas sobe para 769 litros.

Interior
É por dentro que o Livina se revela um modelo desenvolvido para mercados emergentes, pois o acabamento deixa a desejar e não condiz com carros desse segmento. Os plásticos não têm boa qualidade e faltam regulagem de altura para os cintos de segurança dianteiros e para o banco do motorista (nem para a versão topo) e mais porta-objetos. O interior mistura preto, plástico cinza imitando metal e cinza. Painel tem instrumentos grandes e de fácil visualização, mas falta termômetro de temperatura do motor. Volante não tem boa pega e coluna de direção é regulada apenas em altura. O pacote de segurança inclui airbag duplo frontal (de série só na versão SL 1.8) e freios ABS, mas deixa de fora regulagem de altura dos fachos dos faróis (fundamental num carro com proposta familiar) e apoio de cabeça para o passageiro do meio no banco traseiro.

Desempenho
O principal atrativo do Livina é o motor 1.8, com bom fôlego em qualquer rotação, possibilitando boas acelerações e retomadas de velocidade, mesmo com quatro adultos, bagagem e ar-condicionado ligado. O câmbio é bem limitado (apenas quatro marchas e sem opção de troca sequencial e modo esportivo), mas tem a função overdrive, que possibilita economizar combustível quando se roda em velocidades elevadas. A posição do tanquinho de partida a frio, entre o para-brisa e o capô, deixa vulnerável a pintura e outras partes do veículo. A suspensão garante boa estabilidade, mas sacrifica um pouco o conforto, absorvendo pouco as irregularidades do piso. O nível de ruídos no habitáculo é elevado. Em poucas palavras, o Livina é simples (até demais para o preço), mas eficiente na sua proposta.