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Mercedes-Benz C250 CGI - Tapa bem refinado

De olho nos concorrentes BMW Série 3 e Audi A4, sedã passou por reestilização externa e interna, recebendo equipamentos mais sofisticados de conforto e segurança. Leia o teste

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Foto:

Grade dianteira e faróis redesenhados com luzes de LED são novidades no modelo

Quem acompanha os lançamentos de carros deve ter ficado um pouco confuso com a estratégia da Mercedes-Benz para o Classe C. Em março, a marca apresentou o novo C250 CGI e, menos de dois meses depois, apresenta outra vez o sedã como novidade. Como? A explicação: na primeira apresentação, a grande novidade era o novo motor 1.8 turbo com sistema de injeção direta de combustível (Charged Gasoline Injection) e, na segunda, uma renovação mais profunda.

 

Confira a galeria completa de fotos do Mercedes-Benz C250 CGI AMG!

 

Quatro igual a seis

A Mercedes alterou mais de 2 mil componentes, incluindo visual mais moderno e introdução de equipamentos ainda mais sofisticados, que elevam o nível de conforto e segurança. Tudo pensando nos concorrentes diretos BMW Série 3 e Audi A4, que já anunciaram novidades para breve.



VISUAL Por fora, as principais alterações estão na nova grade dianteira, que incorpora a grande estrela e invade o para-choque; nos faróis, que foram redesenhados e ganharam luzes de LED e sistema inteligente, que aumenta a luminosidade de acordo com a necessidade; as entradas de ar dianteiras, inspiradas nos modelos AMG (aliás, a 250 CGI avaliada tinha pacote da divisão esportiva, que inclui rodas em liga de 17 polegadas, bancos dianteiros, pedais, volante, todo o sistema de escapamento é de aço inoxidável e suspensão rebaixada, com regulagem sensível à velocidade); e novas lanternas traseiras, que também receberam luzes de LED. Destaque para o trabalho aerodinâmico feito na carroceria, que reduziu o Cx (coeficiente de arrasto) para 0,26, um número bem expressivo para um sedã dessa categoria e que contribui para melhorar consumo e desempenho.

POR DENTRO Ao entrar no novo C 250 CGI, o que chama a atenção é o novo volante de três raios e base achatada, que tem boa pega e incorpora “borboletas” para tornar as trocas de marchas mais rápidas. Por outro lado, a buzina continua difícil de ser acionada; e o motorista acaba esbarrando na alavanca do sistema de controle de velocidade quando vai acionar a seta. Outra alteração perceptível é a nova tela central do painel, agora mais integrada ao quadro de instrumentos. Por ela, o motorista pode navegar por GPS, acessar a internet, telefonar ou ouvir música pelo sistema Bluetooth, programar diversas estações de rádio, entre tantas outras funções. No painel, percebe-se outra mudança interessante: no centro do velocímetro, um novo mostrador, de alta resolução, exibe as principais informações do computador de bordo. O interior também recebeu alguns apliques cromados, que dão aspecto ainda mais elegante ao ambiente.

Volante de base achatada agrupa comandos, incluindo borboleta para trocar marcha



CONFORTO O espaço interno proporciona conforto razoável para quatro adultos, mas o banco traseiro somente acomoda duas pessoas, pois o passageiro do meio sofre com o túnel central e com o encosto duro, onde está embutido o apoio de braço. Aliás, entrar e sair de lá exige um pouco de contorcionismo. Porta-malas tem boa capacidade, mas falta rede para pequenos objetos. A visibilidade é boa para um sedã e, com todos os comandos elétricos do banco (que continua com o tradicional sistema de três memórias de posição), fica bem fácil achar uma boa posição de dirigir. No mais, o pacote de conforto é muito completo, bem ao padrão Mercedes. O de segurança foi ampliado, com itens interessantes como sistema que detecta sono do motorista e mostra uma xícara de café no painel; e outro que ajuda a procurar uma vaga e a estacionar o veículo.



RODANDO Se o motorista não souber de antemão que o carro é equipado com motor 1.8, ele pode jurar que debaixo do capô está um V6 de bom fôlego. A combinação turbo e injeção direta proporciona um desempenho que não deixa a desejar tanto numa pacata volta de domingo pela cidade como quando se crava o pé para deixar a “galera” para trás, com arrancadas e retomadas vigorosas. Tudo isso sem gastar muito (o computador marcou médias de 7,9km/l na cidade e 12,1km/l na estrada), para um carro que pesa uma tonelada e meia. Outro destaque é o eficiente câmbio automático 7G-Tronic, de sete marchas, que casa perfeitamente com o motor e proporciona trocas bastante rápidas e, ao mesmo tempo, suaves. Com controle eletrônico, a suspensão combina bem conforto e estabilidade, embora transfira um pouco as irregularidades do piso para o habitáculo. Os pneus de perfil baixo não combinam com o péssimo estado de nossas estradas.

VEREDICTO Se, ao olhar apenas por fora, o cliente não se convencer das mudanças da nova Classe C, basta ele entrar, ligar o motor e dar uma volta caprichada pela cidade e estrada para saber que o novo sedã passou realmente por uma renovação bem completa. O carro ganhou equipamentos, mas o preço acompanhou o aumento da lista.



Avaliação técnica
ACABAMENTO DA CARROCERIA

As quatro portas têm pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. A qualidade da pintura é boa. A tampa do porta-malas e o capô têm boa montagem. REGULAR

VÃO DO MOTOR

O ângulo de abertura do capô é excepcional (de quase 90°), com molas a gás. O acesso à manutenção é razoável, apesar de o motor e seus componentes externos preencherem bem o vão. Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. O resultado do isolamento acústico em relação ao habitáculo é bom, ajudado pelo motor turbo. POSITIVO

ALTURA DO SOLO

Nesta versão C250, que tem suspensões esportivas, com configurações mais firmes e 15mm a menos em altura do solo, ocorreram pequenas interferências com o solo, mesmo numa condução prudente, quando o carro passa sobre piso mais irregular e saídas de garagem com desnível e ao transpor quebra-molas salientes e curtos, rodando só com o motorista. E piora quando o carro está carregado. Toda a zona inferior do motopropulsor tem proteção por chapa em alumínio. REGULAR

CLIMATIZAÇÃO

É por comando manual, com função automática de controle do clima (Thermotronic). Tem opção de regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro, e difusor de ar duplo, de boa vazão, no final do console central, para os passageiros de trás, onde é possível ajustar digitalmente a temperatura e graficamente a velocidade do fluxo. Há no modo automático três opções de estilos climáticos: difusor, médio ou foco. Apresentou ótimo funcionamento, com baixo tempo para climatizar o habitáculo, dando a sensação de conforto. Sistema está bem vedado quando se usa apenas o recírculo interno e o nível de ruídos é satisfatório. O revestimento do teto, que encobre o teto solar, veda a incidência solar nas cabeças dos ocupantes dos bancos dianteiros e o excesso de claridade nos olhos. POSITIVO

FREIOS

Apresentaram excelente comportamento dinâmico no uso misto. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o conjunto está bem dimensionado nos dois eixos e calibrado para o peso do veículo (1.505 quilos) e rendimento do motor. O ABS atuou de forma eficiente. A desaceleração é uniforme e rápida, permitindo uma prazerosa e segura dirigibilidade esportiva, com frenagens fortes nas entradas de curvas de raios variados e reaceleração imediata, sem prejudicar a trajetória. O freio de estacionamento é por comando a pedal. A resistência térmica foi satisfatória, numa utilização esportiva. POSTIVO

CÂMBIO

Tem três opções de gerenciamento eletrônico (econômico, esportivo e manual), com tecla de acionamento junto à alavanca principal. O display no centro do quadro de instrumentos tem fácil leitura da marcha selecionada, estilo e modo escolhido. As trocas são automáticas em qualquer situação quando o motor atinge a rotação preestabelecida eletronicamente, tirando um pouco o prazer numa condução mais esportiva. É automático e há opção de uso no modo manual sequencial, com toques na alavanca ou por meio de aletas incorporadas no volante. As relações de marchas atendem bem ao uso na cidade e na estrada, e proporcionam uma dirigibilidade eficiente, com boas respostas em kick-down, ajudados pela ampla curva plana de torque do motor de 2.000 a 4.300rpm com 31,6kgfm. POSITIVO

MOTOR

Trata-se de um 1.8, de quatro cilindros em linha, com turbo, injeção direta e uma configuração eletrônica/mecânica diferente daquele da versão C180, com ganho real na curva de potência e torque. O ganho em potência (mais 48cv) e torque (6,1kgfm), em relação à versão de entrada, é significativo. A dinâmica proporcionada é muito superior em rodovias e equivalente no uso urbano, em trânsito pesado. Proporciona uma condução prazerosa e segura do automóvel. A aceleração é brilhante e muito rápida pela cilindrada e peso do veículo, e as retomadas de velocidade surpreendentes, nada devendo a um V6. Apresentou ruído baixo de funcionamento. O turbo está bem dimensionado e calibrado, com entrada suave, sem trancos, e distribuição de força progressiva e eficiente. POSITIVO



VEDAÇÃO

Boa contra água e poeira. POSITIVO

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS

O efeito aerodinâmico é satisfatório, mesmo em alta velocidade. Apresentou vários pequenos ruídos no habitáculo quando se roda sobre asfalto ruim, paralelepípedo e terra batida. REGULAR

SUSPENSÃO

Não tem um bom acerto, mas, devido ao ganho de potência/ torque, ainda está em um nível aceitável em conforto de marcha para a proposta desta versão Sport. Os pneus de perfil muito baixo (45 dianteiros e 40 traseiros) não apresentaram excelente resultado em conforto e aspereza. A estabilidade é notável pela alta precisão, rapidez e manutenção da velocidade no contorno de curvas variadas, com mínima inclinação da carroceria. Em situação de descuido ou excessos dinâmicos, atuaram com precisão os sistemas eletrônicos de controle de tração e estabilidade. POSITIVO

DIREÇÃO

É do tipo direta e rápida, mas com reações equilibradas. A coluna de direção tem ajuste elétrico em altura e distância, com um ótimo curso, e o volante, boa pega. A velocidade do efeito retorno é muito lenta e incomoda. Os pneus homologados para esta versão são bastante vulneráveis a buracos (comuns em várias ruas e algumas rodovias). Deveriam ser, no mínimo, da série 55 para uso no Brasil. O diâmetro de giro satisfaz, e a precisão na reta e em curvas é muito boa. REGULAR

ILUMINAÇÃO

Os faróis têm regulagem automática de altura, em função da carga transportada, e esguichos para lavar as lentes. Há auxiliares de neblina, inseridos no para-choque, e sensor crepuscular, com um resultado muito bom em iluminação. Existe luz de cortesia no porta-malas, porta-luvas, para-sóis, zona dos pés do condutor e passageiro e na base inferior dos retrovisores externos. Na zona do teto, há duas sessões, sendo uma de dupla lanterna (com ótima dimensão) na dianteira e outra grande para os passageiros de trás. Na base inferior do retrovisor, existem dois spots fixos, de boa qualidade em iluminação. Há luz de advertência (vermelha) na abertura das quatro portas. POSITIVO

ESTEPE/MACACO

O estepe tem a roda em liga leve, com pneu 225/45 R17, que é igual aos dianteiros mas diferente dos traseiros (245/40 R17). Está dentro do porta-malas. O kit de troca tem porca autoadaptadora. A operação de troca é normal. Ao utilizar o estepe no eixo traseiro, o veículo terá o seu comportamento dinâmico alterado numa condução mais esportiva. REGULAR

LIMPADOR DO PARA-BRISA

O sistema de limpeza é muito bom, com palhetas de qualidade, esguichos com boa vazão e amplo campo de visão pela área varrida. Tem sensor de chuva e é fácil o acesso ao reservatório de água instalado no vão do motor. POSITIVO

ALARME

O sistema é completo. A chave de ignição é especial e tem proteção perimétrica das partes móveis contra abertura forçada e a volumétrica, dentro do habitáculo, contra invasão pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas, os vidros só sobem se a tecla for pressionada. A função antiesmagamento atuou com precisão. POSITIVO

VOLUME DO PORTA-MALAS

O declarado é de 475 litros e o encontrado foi de 400 litros, com o banco traseiro na posição usual e fechamento normal da tampa do porta-malas.

(*) Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.

 

Estrela bem-dotada

Confira a lista recheada de equipamentos e as qualidades e os problemas em ergonomia.

 

Ficha técnica
MOTOR

Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.796cm³ de cilindrada, com turbo e injeção direta, que desenvolve 204cv de potência máxima a 5.500rpm e 31,6kgfm de torque máximo entre 2.000rpm e 4.300rpm

TRANSMISSÃO
Tração traseira, com câmbio automático (7G-Tronic Plus) de sete marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com braços transversais e longitudinais; e traseira, independente, multilink, com barra estabilizadora / rodas de liga leve de 7,5 x 17 polegadas / 225/45 R17 na dianteira e 245/40 R17 na traseira

Rodas aro 17 polegadas, com pneus na medida 225/45



DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
A disco nas quatro rodas, sendo ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS, EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) e BAS (de auxílio à frenagem de emergência)

CAPACIDADES
Tanque, 66 litros; de carga (ocupantes e bagagem), 580 quilos

 

Equipamentos
DE SÉRIE
Conforto/conveniência
– Ar-condicionado digital de duas zonas, controle automático de velocidade, rádio CD Player, bancos dianteiros com regulagens elétricas, três memórias de regulagem de banco, apoio de cabeça, volante e retrovisores, computador de bordo, coluna de direção com regulagem elétrica de altura e distância, bancos revestidos em couro, volante com comandos do som, voz e do computador de bordo, teto solar com comando elétrico, sistema multimídia com tela central para som, navegação, música por Bluetooth, etc., porta-luvas refrigerado e teclas no volante para troca de marchas.



Segurança – Faróis inteligentes, apoios de cabeça dianteiros ativos, freios ABS, controles de tração e estabilidade, sistema que detecta se o motorista está com sono, luz de freio ativas, airbags frontais, laterais e de cortina e suspensão sensível à velocidade.

Aparência – Acabamento do teto em preto, pacote divisão esportiva AMG (rodas, bancos, pedais, tapete e escape em aço inoxidável) e alavanca do câmbio com acabamento na cor alumínio.

OPCIONAIS
Não tem.

 

Quanto custa
O Mercedes-Benz C250 CGI começa a ser vendido em setembro, por R$ 191.900. O novo sedã já é vendido na opção C180 CGI (R$ 116.900) e será comercializado, a partir do mês que vem, também na versão C200 CGI Avantgarde (R$ 150.900).

Suspensão com controle eletrônico proporciona boa estabilidade até mesmo em piso muito irregular

 

Notas (0 a 10)
Desempenho    9
Espaço interno    8
Suspensão/direção    7
Conforto/ergonomia    8
Itens de série/opcionais    9
Segurança    9
Estilo    9
Consumo    9
Tecnologia    9
Acabamento    9
Custo/benefício    8