O Kia Soul apareceu pela primeira vez em público no Salão de Detroit, em 2006. A reação do público foi tão positiva e a polêmica estilística tão aguçada que a fábrica coreana ficou animada com a sua produção. Na verdade, as linhas do crossover representam uma virada no estilo da marca coreana, que resolveu investir mais nos seus centros de design espalhados pelo mundo: o Soul foi concebido nos Estados Unidos, desenvolvido na Coreia do Sul e finalizado na Europa, bebendo das melhores fontes possíveis. O resultado foi bastante positivo, pois o crossover já faturou vários prêmios, entre eles o Reddot Design Award, um dos mais conceituados do ramo. O modelo foi apresentado oficialmente no Salão de Paris, em outubro do ano passado, e chega agora ao Brasil, por enquanto importado, pois tem chances de ser produzido aqui.
Design
As linhas do Soul realmente impressionam e, por enquanto, fazem virar pescoços nas ruas. Não tente passar despercebido ao volante do carro. Talvez a atenção seja atraída mais pela diferença, pela inovação, por um tipo de design único. E o crossover é mesmo bem diferente. A frente tem uma mistura interessante entre o enorme capô, elevado, com faróis grandes e uma pequena grade cromada. Destaca-se também a parte central do para-choque, pintada de preto, que parece um quebra-mato incorporado, sugerindo uma (falsa) aptidão para aventuras. Segundo os projetistas, a intenção era criar uma "cara amigável".
Perfil
De lado, o novo modelo da Kia tem um desenho ainda mais curioso. Aliás, o carro é interessante sob vários ângulos. A linha de cintura ascendente, aliada às colunas A (dianteira) e B (central) pintadas de preto e às grandes rodas de liga com aro de 18 polegadas, dá um aspecto bem esportivo ao crossover. Por outro lado, o perfil muito baixo dos pneus (225/45 ZR18) não combina com o estado de nossas esburacadas estradas, pois aumenta as chances de danos no conjunto (roda/pneu) e contribui para deixar o carro ainda mais desconfortável quando passa por pisos irregulares, já que a suspensão favorece a estabilidade e sacrifica bem o conforto. O Soul é um carro no asfalto liso, onde é muito estável e gostoso de dirigir; e outro quando trafega por estradas de piso ondulado, transferindo bastante as irregularidades para dentro do habitáculo. A calibragem da direção também poderia ser mais firme em velocidades mais elevadas.
Quadrada
Na traseira, o coreano também é surpreendente, com a tampa quadrada e reta do porta-malas e as lanternas verticalizadas que, além das lentes normais, ainda foram encapsuladas, como um objeto precioso, envolto numa moldura preta. Uma solução bem interessante. O para-choque segue o mesmo estilo da falsa aventura. A tampa traseira dá bom acesso ao porta-malas que, ao contrário do habitáculo, tem espaço bem limitado, mesmo removendo a bandeja embaixo do piso. Com apenas duas pessoas, a capacidade pode ser aumentada com o rebatimento do banco traseiro em 1/3 e 2/3. Aliás, o banco traseiro acomoda três adultos com conforto, pois quem senta no meio não é incomodado nem por extensão de console nem pelo apoio de braço embutido; e tem três apoios de cabeça. Falta cinto de três pontos no centro.
Por dentro
Internamente, o Soul também tem alguns detalhes bem diferentes, como a projeção da imagem (captada por uma câmera na traseira) no espelho retrovisor interno, para a ajudar nas manobras em marcha a ré; e a parte interna do porta-luvas e do porta-treco central pintada de vermelho. No mais, o crossover tem muita coisa para ajudar o motorista: boa posição de dirigir, painel com instrumentos de fácil visualização, volante com comandos do som, ar-condicionado e CD Player com MP3 e entrada para USB e iPod. O pacote de segurança inclui airbags frontais para todas as versões e exclui freios ABS apenas para o catálogo de entrada.
Rodando
O motor 1.6 esbanja fôlego, mas o desempenho fica limitado pelo câmbio automático, que não tem modo de troca esportiva nem a possibilidade de troca manual. Fica aquela gangorra, que exige que o motorista sempre recorra ao kick-down (apertar o acelerador até o fundo para reduzir as marchas) para manter um bom ritmo de viagem. Por outro lado, o câmbio tem overdrive, que possibilita reduzir bem o consumo de combustível. Com certeza, a versão com transmissão manual tem desempenho mais agradável, pois o casamento com o motor 1.6 deve ser mais feliz.
Veredito
O Soul é um projeto bem inteligente sob vários aspectos e peca em detalhes, como pneus de perfil muito baixo e câmbio automático limitado, que não chegam a comprometer.