Aqueles que ainda alimentam algum tipo de preconceito em relação às marcas coreanas devem rever seus conceitos em determinadas situações. A Kia, por exemplo, ataca no segmento de sedãs médios-grandes com o Magentis, que encara medalhões como Ford Fusion, Honda Accord, Peugeot 407, VW Passat e Citroën C5. O modelo coreano pode até não carregar a tradição das marcas concorrentes, mas é honesto ao que se propõe. Tem estilo agradável, desempenho satisfatório, bom espaço interno e acabamento de qualidade. O sedã peca na visibilidade traseira, no ruído de funcionamento do motor e no diâmetro de giro da direção.
Visual
O Kia Magentis foi reestilizado em 2008, ganhando aspecto mais moderno. Tem a dianteira robusta, com faróis de duplo refletor estreitos e marcante grade com moldura e barras cromadas. Na parte inferior do para-choque, entradas de ar e os faróis de neblina, que são itens de série. No capô, vincos acentuados, e nas laterais, frisos largos pintados e moldura cromada nos vidros. A linha de cintura é suavemente elevada e a traseira mais alta, com lanternas horizontais que acompanham o recorte da tampa do porta-malas. O estilo não é dos mais ousados, mas também não faz estilo recatado. É um meio-termo que agrada. As rodas de liga leve ajudam a compor o visual e os retrovisores de bom tamanho compensam a visibilidade traseira ruim. Para auxiliar nas manobras, o carro tem de série sensores de distância no para-choque traseiro.
Espaço
Todo bom sedã tem entre os principais atrativos o espaço interno generoso. Com o Magentis não é diferente. A começar pelo porta-malas, que o fabricante declara ter 420 litros, mas que é bem maior, conforme nossa medição (ver avaliação técnica na página 8). E o banco traseiro pode ser rebatido, ampliando ainda mais a capacidade. O espaço para passageiros também é bom, tanto na frente quanto no banco traseiro, onde o único inconveniente é o túnel no assoalho, que causa desconforto para quem senta no meio. O banco traseiro tem três apoios de cabeça, porém o cinto de segurança central é abdominal. O banco do motorista tem regulagem de altura, mas não conta com o ajuste lombar, muito providencial para deixar a coluna devidamente apoiada. Apesar disso, a posição de dirigir é boa, facilitada pela regulagem de altura do volante, que é fino e tem os comandos do som.
Acabamento
O interior tem bom acabamento, com material de boa qualidade, como emborrachado na parte superior do painel e couro revestindo os bancos e painéis de portas. Os comandos elétricos de vidros, retrovisores e abertura de porta-malas e tanque de combustível estão bem localizados na porta do motorista. O painel, bem posicionado, tem os comandos à mão e conta com instrumentos de fundo preto e números em branco e vermelho, de fácil visualização. Tem um visor digital com computador de bordo e mostrador de marcha engatada, facilitando o trabalho do motorista.
Desempenho
O motor associado ao câmbio automático de quatro marchas, com opção de trocas manuais, proporciona bom desempenho. Ou seja, garante boas arrancadas e retomadas de velocidade, mas sem respostas muito rápidas. Não possibilita uma condução esportiva, mas também não decepciona na cidade e na estrada. As trocas de marchas ocorrem de forma suave, mas quando se exige um pouco mais, pisando fundo no acelerador, o motor de quatro cilindros grita alto, transferindo o ruído todo para o interior do carro. A performance melhora um pouco quando se faz a opção por trocas manuais. O consumo, de acordo com o computador de bordo, ficou em cerca de 5,9 km/l na cidade e 10 km/l na estrada.
Segurança
O sedã coreano é um carro seguro em todos os sentidos. Além de airbag para motorista e passageiros, tem sistema de freio com discos nas quatro rodas e ABS com EBD (distribuição eletrônica de frenagem). As suspensões foram bem calibradas, proporcionando boa estabilidade em curvas e conforto ao absorver as irregularidades do solo. A direção também atua de forma equilibrada, em baixas e altas velocidades, mas o diâmetro de giro longo prejudica as manobras em espaços mais apertados.