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JAC J6 2.0 16V Diamond - Pecados orientais

Com desenho italiano e configuração para sete lugares, monovolume chinês tem espaço interno de sobra, com muita versatilidade e gambiarra. Motor sofre para dar conta

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Foto:

O JAC J6 é um monovolume que chama a atenção por mesclar características de três nacionalidades. O modelo foi desenhado na Itália, construído na China e agrega em seus detalhes o famoso jeitinho brasileiro, já que a terceira fileira de bancos foi desenvolvida pela engenharia da JAC Motors do Brasil. Uma verdadeira gambiarra, pois os assentos, ao serem rebatidos, devem ser amarrados por fita de náilon na estrutura do apoio de cabeça do banco da frente. Fora isso, o J6 tem interessante solução de espaço interno e visual agradável. O motor 2.0 é pouco para o monovolume e as suspensões mais duras associadas aos pneus de perfil baixo o deixam desconfortável. Confira o teste.

Quem vê cara não vê coração
Estilo é agradável, porém a pouca altura do solo faz com que o modelo raspe facilmente.

 

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Os fortes apelos para as vendas dos modelos da chinesa JAC continuam sendo o bom pacote de itens de série, a garantia de seis anos e o preço competitivo. Será mesmo? No caso do monovolume J6 Diamond, vendido a partir de R$ 59.800, a relação custo/benefício não parece ser tão boa assim. Apesar da versatilidade de seus sete lugares e do desenho atrativo, o modelo peca pelo acabamento de qualidade inferior, excesso de ruídos internos e conjunto mecânico limitado.

Volante tem boa pega e os comandos estão bem posicionados



ESTILO Partindo do princípio de que o visual determina a primeira impressão, a JAC Motors investiu pesado e fez uma parceria com o estúdio Pininfarina, na Itália, para desenhar o monovolume J6. O modelo tem estilo interessante, com frente em cunha marcada pelos faróis de duplo refletor espichados pelas laterais. A grade de plástico preto com barra cromada ostenta o símbolo da JAC no centro. A parte inferior do para-choque tem entradas de ar e pequenos faróis de neblina. Nas laterais lisas, um vinco na altura das maçanetas reforça a linha de cintura elevada. O para-brisa é bem inclinado e a frente longa, prejudicando a visibilidade do motorista. A traseira é robusta, com lanternas triangulares cravadas nas quinas.

Linhas limpas da carroceria são o grande atrativo desse carro



GAMBIARRA Um dos quesitos que normalmente chamam a atenção nos monovolumes é a versatilidade. Com o J6 Diamond não é diferente. O modelo tem amplo espaço interno e capacidade para sete pessoas. Com bancos individuais, com ajustes de inclinação do encosto e distância longitudinal (na segunda fileira), o modelo ganhou uma solução brasileira para chegar aos sete lugares. Os dois bancos extras foram instalados no porta-malas, que nessa condição tem sua capacidade reduzida a pouco mais de 100 litros. Mas o que intriga é o mecanismo que prende esses assentos, que passa a impressão de fragilidade. Eles podem ser retirados do porta-malas ou então rebatidos, ficando dobrados junto aos encostos da segunda fileira. E, para não voltarem à posição normal, precisam ser amarrados por uma fita de náilon aos encostos de cabeça da frente. Uma legítima gambiarra à brasileira!

ACABAMENTO Os mecanismos dos bancos contribuem significativamente para aumentar os ruídos internos, que não são poucos. Apesar do revestimento dos bancos em couro, que é oferecido como acessório nas concessionárias da marca, o acabamento interno do monovolume deixa a desejar. Com plástico de qualidade inferior no painel e nos comandos do volante, fica evidente também a falta de zelo na montagem dos componentes. A unidade testada já estava com a fiação debaixo do banco do motorista aparente. Os comandos estão bem localizados e o painel tem instrumentos de fácil visualização.

Três apoios de cabeça, mas cinto central é do tipo abdominal

Dois assentos extras na traseira



DIRIGINDO O J6 Diamond é equipado com motor 2.0 16V a gasolina. Com seus 136cv e 19kgfm de torque, o propulsor tem que trabalhar muito para levar os 1.500 quilos do monovolume. O desempenho é apenas razoável, sem brilho, e exige muitas trocas de marchas no câmbio manual de cinco velocidades. Carregado e com ar-condicionado ligado, é preciso paciência, principalmente em cidades com topografia irregular. O câmbio não tem engates muito precisos e é barulhento nas trocas. Na estrada, embalado, o J6 Diamond vai bem.

PERFIL BAIXO Mas o monovolume é bom de curvas, apesar de sua altura. As suspensões privilegiam a estabilidade, desde que não haja abusos, porém transferem as irregularidades do solo. Os pneus de perfil baixo, nada apropriados para esse tipo de veículo, contribuem bastante para o desconforto, além de serem presas fáceis diante dos inúmeros buracos presentes nas ruas e estradas brasileiras. Aliás, o carro tem a frente baixa, que raspa com facilidade em entradas e saídas de rampas. A direção tem calibragem e diâmetro de giro razoáveis e não chegam a prejudicar a dirigibilidade em manobras ou velocidades mais elevadas. O sistema de freios com ABS e distribuição eletrônica de frenagem (EBD) atuou de forma eficiente.

VEREDITO Se considerarmos o preço e os prós e contras do JAC J6, fica evidente que a balança não está equilibrada, comprometendo a tão anunciada relação custo/benefício. Mesmo com um bom pacote de itens de série e garantia de seis anos, o modelo chinês ainda está distante de seus principais concorrentes, o Nissan Grand Livina e o já ultrapassado Cheverolet Zafira. Falta qualidade na construção e conjunto câmbio motor mais eficiente.

AVALIAÇÃO TÉCNICA

 

ACABAMENTO DA CARROCERIA
A qualidade da pintura não é boa. A porta dianteira direita tem montagem razoável, mas as restantes estão desniveladas entre si e a carroceria. A tampa traseira e o capô estão descentralizados. NEGATIVO

VÃO DO MOTOR
O acesso à manutenção é prejudicado pela invasão do motopropulsor para dentro da cobertura do painel de fogo, mas é satisfatório na frente e laterais do compartimento. O resultado da insonorização em relação ao habitáculo é discreta com o motor em rotação média/alta. O capô tem bom ângulo de abertura e os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. REGULAR

Motor é o 2.0 16V a gasolina rendem 136 cv



ALTURA DO SOLO
Não tem chapa protetora para o cárter e caixa de marchas. Bate com frequência e incomoda a parte frontal do agregado da suspensão dianteira e suportes inferiores que fixam o para-choque dianteiro. NEGATIVO

CLIMATIZAÇÃO
É automático digital. No painel são quatro os difusores de ar que têm formato circular e giram 360 graus, somado a mais um no fim do console central para os passageiros da segunda fileira, onde apresentaram uma vazão satisfatória e baixa rumorosidade de funcionamento. São quatro as opções de direcionamento do fluxo e oito as de velocidade da caixa de ar. Ocorre fuga de ar climatizado para a base inferior do para-brisa pela saída fixa superior do painel, condensando o vidro e prejudicando o campo de visão em dias de chuva. REGULAR

FREIOS
O sistema apresentou reações balanceadas nos dois eixos e o ABS atuou com eficiência. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o freio de estacionamento atuou normal. POSITIVO

CÂMBIO
O trambulador não é silencioso e a qualidade de engates é limitada, com manobras secas e pequena falta de precisão nas trocas rápidas. As relações de marchas atendem razoavelmente, mas as trocas são constantes para uma dinâmica aceitável. REGULAR

MOTOR
A performance não tem brilho em função do peso de 1.500kg desta versão e curva do motor com torque máximo a 4.000rpm. As retomadas de velocidade e aceleração são discretas para um 2.0 16V, e com ar-condicionado ligado e cinco adultos mais bagagem (400kg) se torna um automóvel lento numa topografia mais irregular. REGULAR

VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
É muito alto o nível interno de ruídos no habitáculo, deixando a desejar. O efeito aerodinâmico é contido mesmo em alta velocidade. REGULAR

SUSPENSÃO
O conforto de marcha é ruim, está mal definido para um automóvel de perfil familiar, trazendo desconforto a todos os ocupantes. Os pneus homologados não contribuem em nada nesse quesito e estão superdimensionados. A estabilidade é boa, com precisão e rapidez satisfatória em curvas e com pouca inclinação da carroceria. REGULAR

DIREÇÃO
A coluna de direção tem ajuste manual em altura e o volante boa pega. A pressão dos pneus é única (vazio ou carregado) com 36,5 libras. O sistema apresentou pequeno retardo de resposta inicial, passando a razoável as suas reações. A precisão na reta e em curvas é satisfatória. O diâmetro de giro e a velocidade do efeito retorno são razoáveis. REGULAR

ILUMINAÇÃO

Não tem sensor crepuscular. Os faróis, mesmo, com duplo refletor, apresentaram baixa eficiência no facho baixo, sendo satisfatório no alto. Há regulagem elétrica de altura e auxílio discreto dos faróis de neblina embutidos no para-choque. As luzes de cortesia estão nos para-sóis, porta-luvas e porta-malas. O teto tem uma lanterna na zona central e dois spots fixos para condutor e passageiro, com resultado aceitável em iluminação. O quadro de instrumentos não tem iluminação permanente, o console central tem boa identificação, mas os interruptores elétricos dos painéis de porta (menos vidro da porta do motorista com farol ligado) não têm indicação luminosa. REGULAR

LIMPADOR DO PARA-BRISA
A área varrida do para-brisa é limitada junto à coluna A do lado do condutor, onde deixa grande faixa sem limpar, prejudicando o campo de visão. No vidro traseiro, o sistema de limpeza é razoável. A qualidade das palhetas é boa, também a vazão dos esguichos, e é fácil a reposição de água no reservatório instalado dentro do vão do motor. Não tem sensor de chuva. REGULAR

ESTEPE/MACACO
O estepe é especifico para pequenos deslocamentos a baixa velocidade. Fica em suporte basculável abaixo do vão de carga, com acionamento por dentro do porta-malas. Não tem porca autoadaptadora antifurto. A operação de troca é normal, mas o conjunto roda/pneu de uso quando danificado, não cabe no local indicado. NEGATIVO

ALARME
A chave de ignição é codificada. Não tem proteção perimétrica das partes móveis nem a volumétrica contra a invasão pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas, os vidros não sobem automaticamente e só tem função um toque para descer o vidro da porta do condutor. REGULAR

VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 198 litros com a terceira fileira de bancos ativada, e o encontrado foi de 127 litros sem ultrapassar a altura do encosto do banco e com fechamento normal da tampa traseira.

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan


Palavra de especialista

 

Falta um pouco de tudo
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
Falta qualidade na montagem em vários componentes do habitáculo, provocando excesso de ruídos. Falta sensibilidade na tropicalização do automóvel e conhecimento da baixa qualidade do piso urbano e rodovias no Brasil na calibração das suspensões e homologação do pneu na medida 215/45 ZR 17W Reinforced para um automóvel de uso familiar, com motor de baixa potência, que se transforma em 1.6 com ar ligado. Falta também melhor definição na calibragem dos pneus, onde indicam o absurdo de 36,5 libras nas quatro rodas. A casa decimal não existe nos calibradores em postos de serviço. Falta criatividade na solução do estepe, onde os suportes externos dele não recebem o conjunto de uso danificado e deverá ir no colo de algum passageiro ou junto com a bagagem (sem a terceira fileira). Falta potência e melhor foco dos faróis no baixo, assim como nos de neblina. O estilo da carroceria é bem superior ao Grand Livina e da Zafira, seus concorrentes.

FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, a gasolina, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.997cm³ de cilindrada, que desenvolve potência máxima de 136cv a 5.500rpm e torque máximo de 19kgfm a 4.000rpm.

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco marchas.

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira independente, tipo Dual Link / 6,5 x 16 polegadas (liga leve) / 205/55 R16.

Rodas de liga leve de 16 polegadas



DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica.

FREIOS
A discos ventilados na frente e discos sólidos na traseira, com ABS e controle eletrônico de frenagem (EBD).

TANQUE DE COMBUSTÍVEL
68 litros

EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência: vidros e retrovisores elétricos, para-sol com espelho de cortesia iluminado, limpador traseiro com temporizador, retrovisores com desembaçador, iluminação do porta-malas, porta-revistas, bancos individuais, banco do motorista com ajuste de altura, bancos da terceira fileira rebatíveis e removíveis, chave com destravamento remoto das portas, travamento automático das portas a 15km/h, sensor de estacionamento traseiro, porta-copos, volante multifunção com regulagem de altura, direção hidráulica, ar-condicionado digital, CD player com entrada USB e abertura interna da tampa do tanque de combustível.
Segurança: faróis com regulagem elétrica de altura, faróis de neblina, terceira luz de freio (brake light), retrovisor interno antiofuscante, lanterna de neblina traseira, airbag duplo, cintos de segurança dianteiros de três pontos com pré-tensionador, trava central das portas, alarme antifurto e freio ABS com EBD.
Aparência: barras laterais no teto, volante revestido em couro, revestimento dos bancos em veludo e retrovisores com luzes de seta.

OPCIONAIS
Rodas de liga leve aro 17 polegadas, bancos revestidos em couro e pintura metálica.

QUANTO CUSTA
O JAC J6 tem preços a partir de R$ 57.800. A versão Diamond tem preços que vão de R$ 59.800 a R$ 64.390 com todos os opcionais.

NOTAS
Desempenho 6
Espaço interno 8
Porta-malas 7
Suspensão/direção 6
Conforto/ergonomia 6
Itens de série/opcionais 7
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 8
Tecnologia 6
Acabamento 6