Para tentar recuperar o espaço perdido e se atualizar diante da concorrência, a Ford modernizou sua picape média Ranger, que ganhou visual mais atraente, seguindo a identidade de design da marca. Com cabine dupla, tração 4x4 e motor 3.2 a diesel, a versão Limited tem amplo pacote de itens de série, que inclui equipamentos de segurança e conveniência. Mas faltam alguns componentes, como proteção da caçamba, e o acabamento interno poderia ser um pouco melhor. As suspensões garantem boa estabilidade, mas transferem as irregularidades do solo, comprometendo o conforto.
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Grandalhona poderosa
A Ford Ranger mudou muito, e foi para melhor. Pelo menos em alguns quesitos, como estilo, espaço interno, conjunto mecânico e pacote de equipamentos. Em outros, como suspensões, continua do mesmo jeito, ou seja, pulando muito, comprometendo o conforto. Mas a picape agrada muito pelo desempenho que proporciona tanto no asfalto quanto no fora de estrada, graças aos eficientes motor a diesel e sistema de tração 4x4. A grandalhona tem poder, mas exige paciência no tumultuado e limitado trânsito urbano.
ESTILO A nova Ford Ranger cabine dupla tem desenho moderno, com linhas que enfatizam a sua robustez. A frente é marcada por grade de três barras paralelas cromadas, seguindo o padrão de outros modelos da marca. Os faróis, agora um pouco menores, acompanham o desenho curvo da frente e os vincos do capô. A parte inferior do para-choque tem abertura sem tela protetora, deixando o radiador exposto a pedras e outros objetos. O para-brisa com inclinação acentuada reforça o aspecto aerodinâmico, enquanto barras no teto e spoiler na traseira da cabine dão toque de esportividade. As laterais são mais limpas e os retrovisores externos são de bom tamanho. Estribos tubulares laterais são providenciais para o embarque e desembarque, já que a picape é alta. A traseira tem lanternas verticais de três elementos e um estribo que facilita o acesso à caçamba, que tem bom tamanho, mas não há protetor plástico nem capota marítima. O vidro traseiro não tem janela nem grade de proteção. A visibilidade traseira é ruim, por isso o sensor de estacionamento com tela no painel é equipamento útil.
POR DENTRO O espaço interno melhorou muito na nova Ford Ranger. Na frente, motorista e passageiro vão bem acomodados, com bancos que apoiam bem nas laterais. O do motorista conta com ajustes elétricos, sendo apenas o lombar manual. Houve ganho de espaço no banco traseiro, mas o encosto ainda é muito reto e o túnel no assoalho prejudica quem senta no meio, onde o cinto de segurança é abdominal. A posição de dirigir é elevada e o volante, com boa pega, tem ajuste somente de altura, além de comandos do som e de velocidade.
ACABAMENTO Neste quesito a picape tem prós e contras. O plástico do painel é duro e arranha com facilidade, enquanto o couro que reveste os bancos e outros elementos aparenta boa qualidade. O painel principal tem desenho moderno, projetado para a frente, facilitando o acesso aos comandos. Os instrumentos de fundo preto são de fácil visualização e o modelo conta com computador de bordo, GPS com tela central e teclas para down hill (auxílio em descidas íngremes), bloqueio de diferencial e controle de estabilidade. No console central, comando para tração 4x4 com as posições 2H, 4H e 4L.
CONJUNTO Para impulsionar a jamanta é necessário um eficiente conjunto mecânico. E isso a Ford Ranger tem. O novo motor 3.2 a diesel tem muito torque e potência, que garante desempenho nervoso no asfalto, com arrancadas rápidas e retomadas seguras. É preciso dosar o peso do pé no acelerador para evitar pneus cantando. O consumo médio registrado no computador de bordo foi de 5,0km/l na cidade e 8,7km/l na estrada. O câmbio automático de seis velocidades tem relações de marchas bem escalonadas e as trocas são suaves. No asfalto liso, a picape até parece um automóvel. Mas em pisos irregulares e no fora de estrada a Ranger pula como uma cabrita e causa desconforto. As suspensões privilegiam mais a estabilidade, desde que não haja abusos. Na terra ou em trilhas ela é valente e se sai bem graças ao sistema de tração com reduzida e a boa altura do solo e bons ângulos de entrada e saída.
NA MÃO A direção tem diâmetro de giro razoável, exigindo paciência em manobras em áreas de espaço reduzido. Para estacionar na cidade não é em qualquer vaga. Mas a direção foi bem calibrada e garante segurança em velocidades mais elevadas. Os freios atuaram com eficiência tanto no asfalto quanto na terra e os pneus de uso misto cumpriram bem a função. A picape melhorou muito e traz atrativos que melhoram sua condição diante da concorrência.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, longitudinal, cinco cilindros em linha, 20 válvulas, 3.198cm³ de cilindrada, que desenvolve potência máxima de 200cv a 3.000rpm e torque máximo de 47,9kgfm de 1.750rpm a 2.500rpm
TRANSMISSÃO
Tração 4x4 com reduzida e câmbio automático de seis marchas
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com barra estabilizadora; e traseira com eixo rígido e feixe de molas longitudinais/ 8x17 polegadas (liga leve) / 265/65 R17
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
A discos ventilados na frente e tambores na traseira, com ABS nas quatro rodas e EBD
CAPACIDADES
Tanque, 80 litros; capacidade de carga (passageiro e carga), 1.092kg
Notas (0 a 10)
Desempenho 10
Espaço interno 8
Caçamba 7
Suspensão/direção 5
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 8
Segurança 8
Estilo 9
Consumo 7
Tecnologia 7
Acabamento 8
Custoxbenefício 8
Quanto custa
A nova picape Ford Ranger 3.2 diesel cabine dupla 4x4 é vendida na versão XLT por R$ 114.900 com transmissão manual e R$ 120.400 com câmbio automático. Já a versão testada, a topo de linha Limited, com transmissão automática, é vendida por R$ 130.900.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
Não tem de série capota marítima, proteção plástica para o vão de carga, gancho superiores para fixar cargas (há seis inferiores), arco superior específico para transporte de cargas longas e luz de cortesia para a caçamba. A tampa traseira tem tranca com chave, que é a mesma da ignição, e está desalinhada em relação às lanternas e um pouco descentralizada. As quatro portas têm pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. O capô tem montagem razoável e a qualidade da pintura é boa. REGULAR
VÃO DO MOTOR
O capô, que é pesado, tem ângulo de abertura razoável. O acesso à manutenção é aceitável. Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. A insonorização é apenas razoável para a versão topo de linha. POSITIVO
ALTURA DO SOLO
Não houve interferências com o solo. Por prevenção, tem chapa em aço para o motopropulsor e caixa de transferência, e chapa plástica para o tanque de combustível. Os ângulos de ataque, ventral e saída satisfazem. POSITIVO
CLIMATIZAÇÃO
É automático digital. No painel, são quatro os difusores, que apresentaram boa vazão e angulação das aletas, mas não tem específicos para os passageiros de trás. São sete as velocidades da caixa de ar e quatro as de direcionamento do fluxo. Apresentou bom funcionamento em geral. Tem opção de regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro. Está bem vedado e a rumorosidade de funcionamento é satisfatória. POSITIVO
FREIOS
O conjunto dianteiro, com discos ventilados, e o traseiro, com lonas, apresentaram bom comportamento dinâmico, com sistema ABS bem calibrado. As reações foram homogêneas nos dois eixos, com desaceleração eficiente e linear sobre asfalto liso seco e terra batida. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o freio de estacionamento atuou normalmente. POSITIVO
CÂMBIO
As relações de marchas proporcionam boa dinâmica ao veículo. O sistema de tração é por comando eletrônico, por meio de botão giratório instalado no console central, que apresentou bom funcionamento. POSITIVO
MOTOR
As retomadas de velocidade e aceleração são eficientes para o peso do veículo. Apresentou bom funcionamento com baixo ruído e vibração mínima. As curvas de torque e potência são muito boas e o turbo de geometria variável está bem dimensionado e calibrado. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água e poeira. POSITIVO
NÍVEL DE RUÍDOS INTERNOS
Ao trafegar sobre pisos irregulares surgem vários pequenos ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico inicia-se a 110km/h e mantém-se constante em velocidades mais altas. NEGATIVO
SUSPENSÃO
O conforto de marcha é muito limitado e foi muito mal desenvolvido, trazendo grande desconforto aos ocupantes. A estabilidade é normal em velocidades compatíveis com o raio da curva (asfalto seco, liso e terra batida seca), mas tem alterações de trajetória sobre piso irregular (asfalto ondulado e terra com costelas). Numa condução mais esportiva, deve-se usar o 4x4H. Tem sistema eletrônico de controle de estabilidade e tração, que atua até precocemente à menor alteração da estabilidade direcional e lateral. REGULAR
DIREÇÃO
O diâmetro de giro é bom e a velocidade do efeito-retorno satisfaz. A precisão em curvas e retas é razoável, dependendo do estado do piso. O volante tem boa pega e a coluna de direção ajuste manual em altura, com bom curso. Os pneus de uso misto auxiliam bem na tração sobre piso de baixo atrito. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
Tem sensor crepuscular. Os faróis têm refletor único e eficiência normal no baixo/alto. Contam com auxílio de faróis de neblina e têm ajuste elétrico de altura em função da carga transportada. Há luz de cortesia somente no porta-luvas e base inferior dos retrovisores externos. No teto, há uma pequena lanterna com dois spots fixos integrados no retrovisor e uma lanterna maior no centro do teto com resultado satisfatório em iluminação. O quadro de instrumentos, console central e interruptores elétricos instalados nos painéis de porta têm boa leitura dia e noite, e conta com iluminação baixa nas maçanetas e alças das portas e nos pés do condutor e passageiro. POSITIVO
ESTEPE/MACACO
O estepe tem a roda em aço, mas o pneu é igual ao de uso. Está instalado sob o vão de carga em mecanismo de basculamento sem prevenção antifurto. A operação de troca é demorada, suja e requer paciência, além do peso do conjunto. O kit de troca, que não tem porca autoadaptadora antifurto, está instalado na divisória da cabine, atrás do banco traseiro. O cubo de seis porcas tem prisioneiros fixos que auxiliam na centragem e apoio. NEGATIVO
LIMPADOR DE PARA-BRISA
Tem sensor de chuva. Os esguichos no para-brisa são do tipo spray em V, com vazão e abertura razoáveis. O campo de visão é bom e as palhetas apresentaram boa qualidade. É fácil o acesso ao reservatório de água instalado dentro do vão do motor. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição do tipo canivete é codificada. Ao dar comando para travar as portas em controle remoto inserido na própria chave, os vidros sobem automaticamente se a tecla continuar sendo pressionada. O sistema antiesmagamento atuou com precisão. Tem proteção volumétrica contra a invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. POSITIVO