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Ford Ka 1.0 - O mais barato do Brasil

Testamos o modelo de menor valor no mercado nacional, que tem preço sugerido a partir de R$ 21.240. O compacto da marca do oval destronou o Fiat Mille, que custa R$ 21.360

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Avaliar um modelo de entrada sempre significa relativizar sobre uma escolha feita muito mais pela necessidade de ter um meio de transporte, em detrimento de optar por um modelo que garanta bom desempenho, conforto e segurança. Ainda assim o baixo preço não pode servir como justificativa para qualquer tipo de falha. Apesar de ser o modelo de entrada da Ford, o Ka não é seu modelo mais vendido, título ostentado pelo Fiesta. Entre seus concorrentes diretos, o Ka também está bem atrás do Fiat Mille, Volkswagen Gol e Chevrolet Celta. A exceção é o Renaut Clio, muito abaixo no ranking de emplacamentos.

 

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O temperamento do motor do Ford Ka 1.0 é claramente beneficiado pelo uso do etanol, mas ainda assim o hatch não chega a ser esperto. As relações longas de marcha ajudam a afundar o desempenho do compacto. O pior é que, principalmente numa cidade com relevo acidentado como Belo Horizonte, tanta privação de desempenho não se traduz em baixo consumo de combustível. É que para embalar o carro é necessário atingir rotações mais altas e nunca deixá-las cair. Numa “tocada” mais dinâmica o braço direito terá que trabalhar constantemente na alavanca de câmbio, que tem engates precisos.

CURVAS O acerto da suspensão pende mais para a firmeza, o que garante boa estabilidade nas curvas, mas repassa tudo quanto é imperfeição do piso para os passageiros, comprometendo o conforto. Já o conforto acústico também é um ponto negativo no Ka, sofrendo interferência do solo e do motor. O modelo apresenta boa altura em relação ao solo, não esbarrando em rampas, passeios ou quebra-molas.


O tamanho diminuto é o principal atributo do Ka. Quanto menor, mais ágil o carro será no trânsito e mais opções de vagas você vai encontrar. Se equipado com direção hidráulica, como a unidade testada, a agilidade típica de um compacto virá com menos esforço. A direção hidráulica mostrou bom peso tanto com o veículo em alta velocidade (quando não é muito leve) quanto em manobras (sem grandes esforços). E, se a intenção é investir mais um pouco em conforto, o ar-condicionado pode fazer a diferença nos dias mais quentes, mas o fraco motor vai penar ainda mais. Isso sem contar o acréscimo no consumo de combustível.

Tampa do porta-malas é leve e não exige esforço para abrir e fechar



“TUNADO” No design, sem novidade. O Ka continua com “pinta” de carro veloz, com linhas fluidas, vincos, faróis com máscara negra e lanternas translúcidas. Mas a versão testada (que aparece nas fotos) tem alguns itens de aparência que são opcionais, como faróis de neblina, repetidores de setas e rodas em alumínio de 14 polegadas. Atenção nas manobras: como as molduras dos para-lamas são grossas, o que confere aspecto robusto, é preciso tomar cuidado para não esbarrá-las numa pilastra.

A BORDO O painel de instrumentos é minimalista e traz menos que o básico, apenas velocímetro, conta-giros e marcador de combustível, hodômetro, hodômetro parcial e relógio. Fazem falta as luzes guia que indicam que o farolete e farol estão ligados. Todos os comandos estão à mão do motorista. Como opcional, no painel está o comando para abrir o porta-malas. As peças plásticas do interior têm fixação frágil, e ao longo do teste encontramos três peças soltas, entre elas a proteção plástica do mecanismo de rebater o encosto.

A maioria dos comandos do painel está muito bem posicionada



Com o volante sem regulagens e o banco sem acerto de altura, os motoristas que fogem da média (tanto os mais altos quanto os mais baixos) não encontram um bom ajuste. Os cintos de segurança dianteiros também não têm regulagem de altura. A larga coluna C compromete a visibilidade traseira, o que o retrovisor interno plano não ajuda em nada. O banco traseiro é baixo e não apoia as pernas. Devido ao túnel central, o passageiro do meio sofre por não ter onde colocar os pés, além de não ter apoio de cabeça. O cinto central é subabdominal e sem autoajuste, o que desestimula o uso.

O espaço traseiro também não é dos mais agradáveis para passageiros muito altos, que podem esbarrar a cabeça no teto. As dimensões do porta-malas são compatíveis com o segmento, com boa proporção entre altura e profundidade. O encosto rebatível permite transportar cargas maiores. O estepe embaixo do carro fica exposto a sujeira e furto, e tem processo trabalhoso para ser retirado, em caso de troca.

Faltam apoio de cabeça e cinto central retrátil no banco de trás

 

No ritmo da cidade

FICHA TÉCNICA
MOTOR

Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, 999cm³ de cilindrada, que desenvolve potências de 69cv (gasolina) e 73cv (etanol) a 6.700rpm e torques máximos de 8,8kgfm (gasolina) e 9,2kgfm (etanol) a 4.750rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira independente tipo McPherson, com molas helicoidais, braços inferiores e amortecedores hidráulicos; e traseira semi-independente, com eixo autoestabilizante de perfil V, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos, com mola auxiliar em poliuretano / 5,5 x 14 polegadas, em alumínio / 175/65/R14



DIREÇÃO
Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Disco na dianteira e tambor na traseira

CAPACIDADES
Tanque, 45 litros; de carga (passageiros e bagagem), 474 quilos

PESO
936 quilos

 

Emílio Camanzi também testou o Ford Ka 1.0 para o programa Vrum. Assista:

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EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência
– Conta-giros; luzes e faróis automaticamente desativados ao desligar o veículo; lentes translúcidas nas lanternas traseiras; porta-copos, para-choques na cor do veículo; travas elétricas; abertura elétrica do porta-malas no painel; controle remoto para abertura das portas, porta-malas, botão localizador e retravamento após 45 segundos sem a abertura da porta; travamento automático a 15km/h; aquecedor, lavador, limpador e desembaçador do vidro traseiro; preparação para som.

Segurança – Cintos de segurança dianteiros retráteis de três pontos; cintos traseiros laterais de três pontos retráteis e um cinto central subabdominal; botão de “pânico” (que produz um bip e pisca as luzes do veículo quando acionado); alarme volumétrico; sistema antifurto PATS; apoios de cabeça dianteiros e dois traseiros com regulagem de altura; alça dianteira no teto no lado do passageiro.

Aparência – Vidros verdes escurecidos; antena de teto; retrovisores externos e para-choques na cor da carroceria; maçanetas internas e anéis de saídas de ar-condicionado a cor cinza; painéis de porta com revestimento em tecido; régua do porta-malas na cor do veículo; máscara negra nos faróis.

OPCIONAL
Pacote KPM2: ar-condicionado; direção hidráulica; vidros elétricos; indicadores de direção nos retrovisores; novas molduras laterais; rodas de alumínio aro 14; faróis de neblina; airbag duplo.

Quanto custa
O Ford Ka na versão básica, Base, custa R$ 21.240. A versão testada, Pulse, com o pacote de opcionais KPM2, custa R$ 27.650.

 

Notas (0 a 10)
Desempenho    6
Espaço interno    6
Porta-malas    8
Suspensão/direção    7
Conforto/ergonomia    6
Itens de série/opcionais    8
Segurança    7
Estilo    8
Consumo    7
Tecnologia    6
Acabamento    7
Custo/benefício    7

 

AVALIAÇÃO TÉCNICA
Acabamento da carroceria

As duas portas estão desniveladas em relação à carroceria e as folgas fixas são diferentes entre os dois lados. A tampa traseira e o capô estão descentralizados/desnivelados. A pintura contém alguns pontos com impurezas. NEGATIVO

Vão do motor

O acesso à manutenção é razoável e o resultado do isolamento acústico em relação ao habitáculo é limitado com motor em alta/média rotação. REGULAR

Altura do solo

Não ocorreram interferências com o solo no percurso misto de provas. Numa utilização normal do veículo, apenas raspa levemente o refletor plástico instalado abaixo do para-choque dianteiro em saídas de garagem com desnível. POSITIVO

Climatização

Apresentou bom funcionamento. A rumorosidade é satisfatória e está bem vedado. O tempo gasto para climatizar o habitáculo foi baixo, favorecido pela área interna. POSITIVO

Freios

O pedal de freio tem boa sensibilidade, mas não tem ABS. Apresentaram bom comportamento dinâmico com reações balanceadas nos dois eixos e desaceleração eficiente. O freio de estacionamento atuou normalmente. POSITIVO

Câmbio

A qualidade de engate é boa (menos a ré, em que ocorre engrenamento inicial ruim) e as relações de marchas/diferencial proporcionam um rendimento satisfatório do automóvel, para sua cilindrada e massa do veículo. REGULAR

Motor

As retomadas de velocidade e aceleração são aceitáveis para um motor 1.0. A performance é razoável para o segmento. O rendimento é superior com somente álcool no tanque com ganho de 4cv e quase 0,5kgfm. Mesmo com as rotações, muito pouco utilizadas numa condução normal, correspondentes em potência máxima de 6.700rpm e 4.750rpm para o torque, a dirigibilidade é satisfatória abaixo disso. POSITIVO

Vedação

Boa contra água e poeira. POSITIVO

Nível interno de ruídos

É alto o nível de ruídos no habitáculo quando se trafega sobre paralelepípedo, asfalto ruim e estrada de terra. O efeito aerodinâmico é evidente já a 100km/h, sendo crescente com a velocidade. NEGATIVO

Suspensão

O conforto de marcha não tem boa calibração para um hatch leve com motor de baixa potência, devido às transferências das imperfeições do solo para o habitáculo. A estabilidade é boa no contorno de curvas de raios variados com inclinação moderada da carroceria. REGULAR

Direção

As cargas do sistema assistido estão bem definidas para o uso misto e a precisão na reta e em curvas é muito boa. O sistema apresentou boa sensibilidade com reações equilibradas. O efeito retorno tem velocidade razoável e o diâmetro de giro é aceitável. Para condutores de estatura média/alta incomoda a posição baixa da coluna de direção, que é fixa, e a altura elevada do assento do banco do condutor, que não tem regulagem de altura. REGULAR

Iluminação

Não tem sensor crepuscular. Os faróis têm eficiência normal no baixo e no alto, e contam com auxílio de faróis de neblina embutidos no para-choque, mas não têm regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. Há luz de cortesia somente no porta-malas e a iluminação na zona do teto é aceitável. POSITIVO

Estepe/ macaco

O estepe tem a roda em aço e o pneu é igual aos de uso. Está instalado abaixo do vão de carga em suporte metálico. A operação de troca não é simples nem limpa, mas tem auxílio de prisioneiros fixos nos cubos. O kit de troca esta acondicionado na lateral esquerda dentro do porta-malas. Não tem em nenhum local na carroceria a etiqueta informando a pressão dos pneus, somente no manual. REGULAR

Estepe embaixo fica vulnerável a furto e a troca é sempre suja e cansativa



Limpador de para-brisa

Não tem sensor de chuva. São boas as áreas varridas no para-brisa e no vidro traseiro, mas é ruim quando o vidro está sujo, pois o esguicho com quatro jatos não atinge a zona do vidro do lado condutor, prejudicando o campo de visão e arranhando o vidro. Ao esguichar água, palhetas de boa qualidade atuam automaticamente e os comandos são fáceis de operar. O reservatório d’água instalado dentro do vão motor tem fácil manuseio, mas a tampa poderia ser na cor azul. REGULAR

Alarme

A chave de ignição é codificada e há proteção volumétrica e perimétrica. Ao dar comando para travar as portas os vidros sobem automaticamente se se continuar pressionando a tecla. O sistema antiesmagamento funcionou bem. POSITIVO

Volume do porta-malas

O declarado é 263 litros, e o encontrado com o banco traseiro na posição normal e a tampa do bagagito fechada foi de 254 litros.

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

 

Palavra de
especialista
Solução urbana prática
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
Quem compra um automóvel com motor de 1 litro sabe  da sua performance e tem que acostumar com ela. Se estiver equipado com ar-condicionado e direção hidráulica, fundamentais itens de conforto, que roubam potência, e com três adultos, tem que relaxar ainda mais com a sua dinâmica. É aquele caso de que é lento, mas transporta. Situação esta que é desprezível num trânsito constantemente congestionado e com a topografia irregular de Belo Horizonte. O Ka é uma ótima solução urbana, mesmo com somente duas portas, pelas suas dimensões e mecânica com baixo custo de manutenção, favorecido pelo motor com acionamento do comando de válvulas por corrente e balancins com ajuste hidráulico. Apenas o desenho dessa atual carroceria o fez perder a sua forte identidade, marcantes na primeira e segunda fase no mercado nacional.