A nova geração do Fusion não herdou nada da anterior. Modernas e bem equilibradas, suas linhas foram inspiradas na segunda fase da filosofia de design Knetic e provocam um “quebra-pescoço” por onde o carro passa. O motor EcoBoost 2.0 a gasolina, que faz sua estreia no mercado brasileiro, mostrou fôlego de sobra. Tudo com a ajuda eficiente do câmbio automático, que tem trocas precisas, rápidas e suaves e oferece opção manual em aletas junto ao volante. A suspensão equilibra bem conforto e estabilidade. Por outro lado, os pneus de perfil baixo não são adequados às condições brasileiras e a frente raspa com facilidade em entradas e saídas de rampa.
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Para diminuir o tamanho do motor, prática comum na Europa, a Ford trocou o V6 pelo Ecoboost de quatro cilindros, mantendo o nível de potência mas reduzindo o consumo
Com a importância que o mercado brasileiro vem adquirindo no cenário mundial, as montadoras estão encurtando a distância entre os lançamentos no exterior e aqui. O novo Fusion é um desses casos. O carro, que continua sendo fabricado no México, foi colocado no Brasil quase simultaneamente à sua chegada ao mercado norte-americano, que ocorreu em setembro. Construído sobre uma plataforma completamente nova, o sedã é mais um fruto do projeto de globalização e unificação da marca, e além do Brasil e Estados Unidos, vai ser comercializado também na Europa, onde assume o lugar do Mondeo, mantendo esse nome lá. Além do México, o novo Fusion será produzido na Bélgica, Rússia, China e em uma nova unidade nos Estados Unidos e vendido em 160 países.
DESIGN A inspiração para o desenho do Fusion veio do conceito Evos, apresentado ao público no Salão de Frankfurt, em setembro do ano passado. As linhas seguem a filosofia Kinetic, que a marca vem adotando em todos os modelos, mas numa nova fase, como se fosse uma evolução desse conceito estilístico. Na frente, destacam-se a grade do tipo bocão, com barras cromadas horizontais, que se parece demais com a de um Aston Martin; a tomada de ar inferior, como se fosse um prolongamento da grade; os faróis estreitos e espichados e os vincos acentuados do capô. A frente é muito baixa e raspa com frequência e de maneira forte em entradas e saídas de rampa e em quebra-molas mais altos, o que com o tempo pode provocar dano maior no para-choque.
ELEGANTE De perfil, o vinco que percorre toda a lateral (do farol até a lanterna), os cromados nas molduras dos vidros e nas maçanetas e o desenho das rodas de liga leve reforçam a proposta de um sedã mais refinado. Na traseira, que parece fortemente inspirada da do “irmão menor” (o New Fiesta Sedan), chamam a atenção as lanternas horizontalizadas, com luzes de LED e desenho do tipo moldura vermelha e miolo branco; e a dupla saída de escape estilizada, que, ao contrário de outros sedãs, é de verdade. De acordo com a Ford, além da elegância moderna, as novas linhas trazem também uma melhora aerodinâmica significativa: o coeficiente de arrasto (Cx) é de 0,27. Isso pode ser traduzido em reduções de consumo de combustível e de nível de ruído interno.
POR DENTRO O nível de acabamento interno é compatível com o de um carro dessa categoria, com preço acima de R$ 100 mil: materiais de painel são de toque agradável e de boa aparência. Revestidos de couro, os bancos prendem bem o corpo, sendo que os dianteiros têm regulagens elétricas, e o do motorista, memória em três posições. No painel, o único instrumentos realmente analógico é o velocímetro. Mas o conta-giros e os marcadores de temperatura e do nível de combustível são digitais, mas aparecem no formato analógico, que facilita a visualização. A tela central de oito polegadas e alta definição exibe imagens e informações dos sistemas de navegação (com mapas atualizados do Brasil), áudio, telefone etc, e aceita comando de voz em português. Os comandos, posicionados abaixo dela, são do tipo soft touch: não é necessário pressioná-los , basta encostar o dedo.
CONFORTO Mas o grande barato do novo Fusion é o pacote tecnológico de itens de conforto, que melhoram bastante a vida do motorista. Se ele encontrar aquela vaga apertada, é só acionar o sistema de estacionamento automático, que calcula o espaço e controla o volante, deixando apenas acelerador e freio para o condutor. A visão traseira é garantida pela câmera de trás, que registra na tela do painel as imagens quando o motorista engata a marcha a ré. O farol alto é automático, ou seja, não ofusca o motorista que vem em sentido contrário. A chave é do tipo Key Less (não é necessária para abrir portas, ligar o motor etc) e pode ser configurável (limita velocidade, volume do som etc). Aliás, as portas também podem ser abertas por meio do teclado Kypad, na coluna da porta do motorista. O espaço interno é amplo mas o passageiro da frente é incomodado pelo extintor de incêndio, e quem senta no meio do banco traseiro sofre com o prolongamento do console, túnel central e apoio de braço embutido no encosto. O porta-malas diminuiu, mas continua com boa capacidade (453 litros). O pacote de segurança é bem completo, incluindo até sistema de monitoramento de pontos cegos e da pressão dos pneus.
FÔLEGO A Ford fez bem ao trocar o motor V6 pelo novo EcoBoost 2.0, com turbo, injeção direta e duplo comando de válvulas, pois ele manteve o nível de desempenho e conseguiu reduzir um pouco o consumo. Trabalhando em sintonia fina com o câmbio automático de seis velocidades, o motor encara qualquer tarefa com tranquilidade, seja para passear com a família num domingo ou para afundar o pé no pedal da direita. Sobra fôlego em qualquer situação. A estabilidade é garantida pela suspensão e pela tração integral, que proporcionam bastante equilíbrio, mesmo nas curvas mais fechadas. Mas o conforto, item importante num sedã dessa categoria, ficou um pouco sacrificado. A suspensão transfere as imperfeições do piso para dentro do carro e o perfil baixo do pneu não combina com as péssimas condições de nossas estradas.
Mexicano em foco
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AVALIAÇÃO técnica
ACABAMENTO DA CARROCERIA
A pintura tem bom acabamento, mas a tampa plástica que dá acesso ao tanque está desigual e com a chapa mal preparada para a pintura. As quatro portas apresentam desnivelamento entre si em alguns pontos. O capô está desnivelado em relação aos para-lamas e painel frontal. A tampa do porta-malas está descentralizada e desnivelada. REGULAR
VÃO DO MOTOR
Quando aberto, o capô, que tem ângulo de abertura razoável, é sustentado por vareta. O motor 2.0 turbo preenche todo o vão, limitando bastante acesso à manutenção de vários componentes. Os itens de verificação permanente têm fácil identificação e manuseio. O isolamento acústico no capô e no painel de fogo tem resultado satisfatório em relação
ao habitáculo. REGULAR
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ALTURA DO SOLO
Em vez de chapa em aço protetora para o cárter e caixa de marchas, há apenas uma placa plástica, que tem resistência limitada. A aba inferior do para-choque dianteiro toca com frequência o chão em saídas e entradas de garagem em desnível. Ao transpor quebra-molas saliente de perfil curto e ao trafegar sobre estrada de terra com algumas imperfeições, o veículo raspa também a proteção plástica do conjunto motopropulsor, além da zona
central do chassi. REGULAR
CLIMATIZAÇÃO
É automático digital e pode ser gerenciado por meio de toques na tela do display no centro do console central. Funciona bem, com boa vazão de ar pelos difusores do painel, que tem nível baixo de ruído. Há saídas específicas para os passageiros de trás no console central. O tempo gasto para dar a sensação de conforto em todo o habitáculo foi bom, depois de trancado sob o sol por meia hora. Existem opções de temperatura diferenciada para condutor e passageiro e programação automática de temperatura escolhida pelo condutor. Está bem vedado. O teto solar, que tem recobrimento integral fechado, favorece a manutenção e o conforto da temperatura climatizada no habitáculo. POSITIVO
FREIOS
Estão muito bem dimensionados e calibrados para o peso do veículo e o rendimento do motor. O sistema ABS tem boa sensibilidade e atuou com precisão. O freio de estacionamento é eletrônico e funcionou normalmente. Não ocorreu superaquecimento depois de uso mais constante em longa descida sinuosa em velocidade elevada e com frenagens mais fortes na entrada de curvas. Em frenagem de emergência em alta velocidade (asfalto liso/seco e molhado), o veículo manteve a trajetória, com boa desaceleração e pouco espaço percorrido até a imobilização. POSITIVO
CÂMBIO
As relações de marchas atendem bem no uso misto, as trocas são suaves e o kick-down (redução de marchas ao pressionar fundo o pedal de acelerador) é eficiente. O quadro de instrumentos tem display informando a opção de marcha selecionada e o modo de condução. Há opção de troca manual sequencial (por meio de toques nas aletas acopladas ao volante) e programação esportiva. POSITIVO
[SAIBAMAIS]MOTOR
Trata-se de um 2.0 com duplo comando variável, injeção direta e turbo compressor, que tem funcionamento elástico e bem progressivo. A aceleração é notável e as retomadas de velocidade são ótimas para o peso do automóvel. O motor proporciona uma dirigibilidade muito prazerosa no uso misto, sendo confortável e ágil no uso urbano e rápido e seguro em rodovias. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
O habitáculo não é silencioso, surgindo vários pequenos ruídos quando o carro passa sobre piso de paralelepípedo, terra e asfalto irregular. O efeito aerodinâmico é aceitável mesmo em alta velocidade. Em aceleração e retomadas de velocidade aparece um ruído (do tipo soprando com alta pressão) no habitáculo proveniente da tubulação de descarga no lado traseiro direito. REGULAR
SUSPENSÃO
Os dois conjuntos têm calibragem razoável e, com o auxílio evidente da tração permanente nas quatro rodas, proporcionam estabilidade excelente. Surpreende o alto handling deste automóvel, pois é extremamente rápido em curvas de raios variados, com ótima precisão no contorno delas, seja em asfalto liso, seco ou molhado, com inclinação moderada da carroceria. No limite da aderência lateral, o controle eletrônico de estabilidade atuou com precisão. POSITIVO
DIREÇÃO
As reações são precisas, com boa rapidez de resposta, além de excelente sensibilidade. A coluna de direção tem ajuste manual em altura e distância, com bom curso. O diâmetro de giro em manobras apertadas é aceitável e a velocidade do efeito retorno agrada. As cargas do sistema eletro-hidráulico estão bem definidas para o uso urbano e em rodovias. A precisão na reta e em curvas é muito boa. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
Conjunto tem sensor crepuscular. Existem luzes de cortesia nos para-sóis, porta-malas, porta-luvas, base inferior dos retrovisores externos, painéis de porta e nos pés do condutor e passageiro. O grupo óptico dianteiro tem construção com duplo refletor e é eficiente no baixo e no alto, mas falta regulagem elétrica em altura em função da carga transportada. Os faróis auxiliares de neblina estão embutidos no para-choque. No teto, há um spot fixo na parte central traseira para os passageiros de trás e uma lanterna bipartida com spot fixo na frente. O quadro de instrumentos tem iluminação permanente.
O console central e os interruptores dos painéis de porta têm fácil leitura e identificação noturna. REGULAR
ESTEPE/MACACO
O estepe está instalado no assoalho do porta-malas. A roda é em aço e o pneu diferente dos de uso (T125/80 R16), sendo o conjunto apenas para pequenos percursos com velocidade limitada a 80km/h, pois o comportamento dinâmico do automóvel é alterado completamente. Ao ser colocado no local do estepe, o conjunto roda/pneu de uso (na medida
235/45 R18) altera muito o nivelamento do porta-malas, que, se estiver lotado, vai incomodar bastante. A operação de substituição é normal. Existem cinco prisioneiros fixos por cubo para melhorar o apoio e a centralização da roda. REGULAR
LIMPADOR DO PARA-BRISA
Os três esguichos são do tipo spray em V, com boa vazão, que atingem todo o para-brisa, facilitando bem a área de contato das palhetas que trabalham cruzadas e a área de varredura é satisfatória. Instalado dentro do vão do motor, o reservatório d’água tem fácil acesso e identificação. Sistema tem sensor de chuva. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é especial e não precisa ser inserida no comutador de ignição, pois a proximidade dela libera o uso da tecla de partida e desligamento do motor. As quatro portas têm função um toque para descer e subir os vidros. O sistema antiesmagamento atuou com precisão. Existe proteção perimétrica das partes móveis, mas falta a volumétrica, contra invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. REGULAR
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 453 litros e o encontrado foi de 510 litros.
Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan
www.danieltecnodan.wordpress.com
Palavra de especialista
Vale quanto pesa
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
O novo Fusion passou por alterações profundas e a evolução em relação ao modelo anterior é gritante. O novo motor 2.0 turbo pouco fica a dever em performance a um V6. Em vez de ficar na região dos pés do passageiro, o extintor de incêndio deveria ser colocado em um suporte na parte frontal inferior do banco do condutor. O bocal do tanque de combustível sem tampa específica e a portinhola sem trava elétrica, assim como a altura do solo, são soluções que deveriam ser revistas para uso no Brasil.
Ficha técnica
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.999cm³ de cilindrada, a gasolina, com turbo e injeção direta de combustível, de 240cv de potência a 5.500rpm e 34,7kgfm de torque entre 1.750rpm e 4.000rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral, com câmbio automático de seis velocidades
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira independente, do tipo McPherson, com assistência elétrica, com barra estabilizadora; e traseira independente, do tipo multilink, com barra estabilizadora / 8 x 18 polegadas, em liga leve / 235/45 R18
DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
A disco nas quatro rodas, com sistema ABS (de série)
CAPACIDADES
Do tanque, 66 litros; e de carga útil (ocupantes mais bagagem), de 387 quilos
Equipamentos:
DE SÉRIE
Conforto/conveniência: direção com assistência elétrica, bancos dianteiros aquecidos, banco do motorista com ajustes elétricos e três memórias, banco traseiro com descansa-braço, chave programável MyKey, espelho retrovisor interno eletrocrômico, sistema de estacionamento automático, câmera de ré, sistema de informação e entretenimento com tela de LCD de oito polegadas para funções de áudio, ar-condicionado, navegador e telefone, painel de instrumentos configurável, computador de bordo e abertura das portas com teclado keyPad.
Aparência: Bancos revestidos em couro, lanternas traseiras com luzes de LED e grade do radiador com sistema de fechamento ativo para redução do arrasto do ar.
Segurança: oito airbags, freios ABS, monitoramento da pressão dos pneus, sistema de alerta pós-acidente, sistema de fixação para cadeiras infantis, farol alto automático, alerta sobre mudança de faixa, sistema de monitoramento de pontos cegos (com alerta de tráfego cruzado), assistência de partida em rampa e controle automático de velocidade com alerta de colisão e acionamento dos freios.
OPCIONAIS
Não tem.
notas (0 a 10)
Desempenho 9
Espaço interno 9
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 9
Segurança 9
Estilo 9
Consumo 8
Tecnologia 9
Acabamento 8
Custo-benefício 8
Quanto custa
Por enquanto, o novo Ford Fusion virá do México apenas na versão Titanium EcoBoost 2.0 AWD, por R$ 112.990. Em março, começam a chegar as versões 2.5 Flex, 2.0, com tração dianteira e a Hybrid.