O Uno Mille é considerado um dos projetos de maior sucesso da marca italiana, principalmente no Brasil, onde permaneceu na lista dos mais vendidos por quase 30 anos. Devido à forma do perfil da sua carroceria, o modelo recebeu o apelido de “botinha”. Com a sua retirada de cena meio forçada, já que ele não tinha como se dar bem no crash test, a Fiat resolveu transferir a responsabilidade de ser o seu modelo de entrada para o Palio Fire. O modelo passou por alguns ajustes, incluindo o de preço, e atualmente sustenta não apenas o título de carro mais barato da marca italiana, como também o do mercado brasileiro, deixando para trás no quesito preço seus concorrentes mais diretos: Chery QQ e Renault Clio.
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VISUAL Quem olhar rapidamente para o Palio Fire, não vai ver muita diferença em relação ao modelo anterior. Mas é isso mesmo. O hatch compacto mudou nos detalhes. Por fora, as únicas e quase imperceptíveis mudanças foram a grade frontal, que ganhou uma moldura na cor da carroceria; e nos faróis de duplo refletor, que incorporam nova pintura prateada. As alterações internas foram mais significativas: o painel foi redesenhado, o quadro de instrumentos ganhou o econômetro, um novo volante, o console central passou a ter o porta-copos integrado, novos bancos, revestidos com tecido de toque agradável; painéis de porta com novos desenhos e novo rádio com entrada USB. O acabamento é condizente com o de um carro básico e barato, ou seja, sem muita qualidade.
DIRIGINDO NA BOA
Como se trata do mesmo Palio, o espaço interno continua tratando bem apenas os ocupantes dos bancos dianteiros. Os passageiros do banco traseiro de maior estatura sofrem com a falta de espaço para as pernas. E só há conforto razoável para dois adultos e uma criança pequena. Destaque para a boa posição de dirigir, que é fácil de ser encontrada, mesmo sem as regulagens da coluna de direção e de altura do banco, e com o ajuste do encosto por meio de alavanca, que é pouco prático. O novo volante tem boa pega, mas o acionamento da buzina exige um pouco mais de força. Os comandos do painel estão bem localizados e facilitam o acesso tanto pelo motorista quanto pelo passageiro da frente. O porta-malas tem espaço compatível com o de um hatch compacto.
ECONÔMETRO Quem compra um carro como o Palio Fire, geralmente está preocupado com o consumo. Por isso, o econômetro é muito bem-vindo. Ele acaba fazendo também a função do conta-giros. A relação é quase direta, ou seja, se o motorista pressiona mais o acelerador, os giros sobem e o ponteiro se desloca da faixa verde (baixo consumo) para a faixa laranja (alto). Na ânsia de economizar o tempo todo, os condutores mais pães-duros podem tirar um pouco a atenção do trânsito, já que o reloginho não é tão grande e fica na parte baixa do lado direito do quadro de instrumentos. Mas ele não precisa ficar tão fissurado, basta não abusar do acelerador, pois o modelo é bem econômico – tem nota A no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro – e o consumo não vai pesar no bolso.
FÔLEGO Ser o mais barato não significa ser o mais lento. A mistura de baixo peso – pouco mais de 900 quilos – com rendimento razoável do motor 1.0 EVO de oito válvulas garante um desempenho bem razoável para um carro de baixa cilindrada. No trânsito urbano, sua praia preferida, ele tem agilidade para driblar – quando possível – os engarrafamentos. Na estrada, abastecido com álcool, ar ligado, dois adultos e bagagens, o hatch manteve um bom ritmo de viagem, exigindo apenas um pouco de cuidado nas ultrapassagens. O câmbio tem bons engates, mas há um pequeno “buraco” (queda de rotação) entre a segunda e terceira marchas que incomoda um pouco. No caso da segurança, os obrigatórios airbags frontais e freios ABS impedem que ela seja tão básica, mas os dois apoios de cabeça no banco traseiro (o terceiro nem existe) e os cintos laterais traseiros retráteis são opcionais, o que é um absurdo!
VEREDITO No caso do título de mais barato, cabe apenas uma pequena ressalva: o Palio Fire tem preço menor que o Chery QQ porque tem opção de duas portas. Na opção de quatro portas, o modelo da Fiat é mais caro que o chinês (R$ 1.700) e que o Renault Clio (R$ 490). Em relação ao Chery, o Palio não vem com ar-condiconado de série, mas tem como vantagem o fato de ser um projeto mais maduro, mas bem aceito em nosso mercado, e de contar com uma rede de concessionários muito maior no Brasil. Quando comparado, em preço, com o Clio, o ar-condicionado do modelo da marca francesa é mais caro e o valor de revenda no mercado brasileiro do hatch da Fiat é bem maior. Mas para quem quiser equipar o Fire com todos os opcionais, o preço sobe para quase R$ 32 mil (R$ 31.748), que é bem salgado.
AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
As quatro portas têm pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. A tampa traseira está descentralizada e o capô tem montagem razoável. A pintura contém impurezas e imperfeições. NEGATIVO
VÃO DO MOTOR
O capô tem bom ângulo de abertura e, quando aberto, é sustentado por vareta manual. O resultado do isolamento acústico do vão em relação ao habitáculo é razoável para um modelo “popular”. O acesso aos itens de manutenção é satisfatório. POSITIVO
ALTURA DO SOLO
Não ocorreram interferências com o piso, mesmo com carga máxima. POSITIVO
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CLIMATIZAÇÃO
Os quatro difusores de ar no painel têm formato circular e giram 360°, com vazão satisfatória nas quatro velocidades. Está bem vedado. O nível de ruído de funcionamento é razoável e os comandos fáceis de manusear, mas o botão do seletor de velocidade da caixa de ar já apresenta folga axial. REGULAR
FREIOS
Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o ABS está bem calibrado. O freio de estacionamento atuou normalmente. A desaceleração foi normal e sem desvios de trajetória. A resistência térmica foi positiva. POSITIVO
CÂMBIO
O curso da alavanca é longo e a embreagem trepida, eventualmente, ao dar marcha à ré sobre piso inclinado. As relações de marchas/diferencial atendem, razoavelmente, na dinâmica, mas as trocas são constantes quando se faz uso do ar-condicionado. E piora quando o veículo roda com carga útil máxima numa topografia irregular usual, principalmente por ter o torque máximo somente a 4.500rpm. REGULAR
MOTOR
Para um cabeçote com a arquitetura oito válvulas, o torque máximo atua em rotação muito alta, que é uma característica dos 16V, tudo em função da potência máxima de 75cv. O motor apresentou bom funcionamento, com aceleração e retomadas de velocidade razoáveis, sendo aceitável o seu rendimento com ar-condicionado ligado e carga útil máxima. A rotação de potência máxima (6.250rpm) quase nunca é utilizada numa condução normal, somente em 1ª, 2ª e 3ª, quando se consegue esticar bem as marchas em situações bem específicas. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
O efeito aerodinâmico é evidente e incomoda a partir de 100km/h. Os ruídos no habitáculo são vários e surgem ao trafegar sobre piso de paralelepípedo, terra e asfalto mal conservado. NEGATIVO
SUSPENSÃO
O conforto de marcha não tem um bom acerto, devido ao nível das transferências das imperfeições do solo para dentro. A situação piora substancialmente quando o veículo está carregado. A estabilidade direcional é aceitável, mas ao esterçar o volante em alta velocidade, numa manobra usual, ocorre uma forte inclinação da carroceria, principalmente vindo do eixo dianteiro e passando para o traseiro. A estabilidade lateral em curvas de alta é boa, passando a razoável nas de baixa/média feitas no limite da aderência lateral. REGULAR
DIREÇÃO
A coluna de direção é fixa, mas está numa altura satisfatória. O diâmetro de giro e a velocidade do efeito retorno são bons. A precisão na reta é boa, assim como em curvas. As suas reações são bem delicadas em situações de forte desvio e retorno à faixa original. As cargas do sistema assistido são satisfatórias no uso urbano e em baixa velocidade, mas em rodovias deveria ser mais pesada para minimizar o comportamento das suspensões. REGULAR
ILUMINAÇÃO
Não tem nenhuma luz de cortesia. No teto tem uma lanterna de formato retangular com resultado discreto em iluminação. Os faróis apresentaram boa eficiência no baixo/alto e, quando o veículo está carregado, é fácil alterar a altura do facho, por meio de chaveta instalada atrás do corpo dos faróis. Os de neblina são opcionais. O quadro de instrumentos tem fácil leitura dia/noite. POSITIVO
LIMPADOR DO PARA-BRISA
Sistema tem seis esguichos no para-brisa que, quando acionados, ativam automaticamente a limpeza. As palhetas varrem uma área satisfatória, mas a do lado do condutor apresenta trepidação e ruído. O reservatório de água está instalado em um local onde não é possível ver o nível e o bocal do gargalo, pouco prático. No vidro traseiro, o sistema é eficiente. REGULAR
ESTEPE/MACACO
O estepe está instalado no assoalho, dentro do porta-malas. A roda é em aço e o pneu igual aos de uso. O kit de troca está instalado em base plástica, abaixo do aro. A operação de troca é normal. POSITIVO
ALARME
A chave de ignição é codificada. Opcionalmente, há proteção perimétrica das partes móveis e volumétrica dentro do habitáculo. Ao dar comando de travar as portas, por controle remoto inserido na chave de ignição, os vidros dianteiros sobem automaticamente. O sistema antiesmagamento atuou com precisão. As teclas para travar/destravar as portas na chave estão com os símbolos invertidos no sentido usual de utilização. REGULAR
VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 290 litros e o encontrado foi de 235 litros, com o banco traseiro na posição normal e com a tampa do bagagito fechada.
(*) Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.
www.danieltecnodan.com.br
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 999cm³ de cilindrada, oito válvulas, que desenvolve potências máximas de 73cv (gasolina) e de 75cv (etanol) a 6.250rpm e torques máximos de 9,5kgfm (gasolina) e de 9,9kgfm (etanol) a 4.500rpm
» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades
» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores transversais; e traseira, com rodas independentes, eixo de torção de barra estabilizadora / 5,0 x 13 polegadas, em aço / 165/70 R13
» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
» FREIOS
A disco na dianteira e tambor da traseira, com ABS
» CAPACIDADES
Do tanque, 48 litros; e de carga útil (ocupantes mais bagagens), 400 quilos
EQUIPAMENTOS
» DE SÉRIE
Airbag duplo e freios ABS (obrigatórios) e econômetro.
» OPCIONAIS
Direção hidráulica, ar-condicionado, rádio com entrada USB, vidros, travas e retrovisores com comando elétrico, pintura metálica, apoios de cabeça no banco traseiro, cintos laterais traseiros retráteis, desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro, minissaias laterais e faróis de neblina.
QUANTO CUSTA
O novo Palio Fire Economy 1.0 tem preços sugeridos de R$ 24.190 (duas portas) e de R$ 26.190 (quatro portas). Completa, a opção de quatro portas custa R$ 31.748.
Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 8
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 6
Segurança 7
Estilo 7
Consumo 9
Tecnologia 7
Acabamento 7
Custo/benefício 8