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Chevrolet S10 LTZ 2.8 CTDI 4X4 - Plástica em boa hora

Picape média teve o visual modernizado e dimensões ampliadas, ganhando em espaço interno, mas ainda pula muito e é desconfortável. Motor é bom e pneus são inadequados

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Foto:

Picape média teve o visual modernizado e dimensões ampliadas, ganhando em espaço interno

Quem procura uma picape média quer conforto, praticidade, espaço ou a soma de todos esses elementos? O mais certo é que o consumidor desse segmento queira o conforto de um automóvel aliado à robustez de um utilitário. Só que isso não é fácil. Para chegar mais perto dessa fórmula e da concorrência, a General Motors modernizou a S10, espantando a pecha de picape ultrapassada que só convencia pelo preço. O modelo cresceu e com a carroceria de cabine dupla se torna mais espaçoso, tanto no sentido de não caber em qualquer lugar quanto no de oferecer maior área interna. Mas para quem precisa de um carro para a família, com boa capacidade de carga, a nova S10 cumpre bem a função, desde que conforto e agilidade não sejam prioridade.

 

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VISUAL A S10 estava envelhecida e demorou muito para se aproximar do estilo da concorrência. Finalmente isso aconteceu e a GM acertou na mão. A picape ganhou novo visual, moderno, com a frente robusta, marcada por faróis de duplo refletor, encaixados nos recortes do capô e para-lamas. A grade dianteira, do tipo colmeia, é emoldurada por frisos cromados. Vincos no capô e para-choque reforçam a robustez. O para-brisa é bem inclinado e o teto suavemente arqueado, com barras longitudinais, que são de série nessa versão. As laterais são limpas, com frisos de plástico na parte baixa e os providenciais estribos auxiliam no embarque e desembarque, já que a picape é alta. As portas traseiras menores não prejudicam o acesso. A traseira tem linhas mais retas, com lanternas verticais de três elementos. O santantônio instalado atrás da cabine, a cobertura marítima e o revestimento de plástico da caçamba são vendidos como acessórios.

ESPAÇO A S10 cresceu nas dimensões e, com isso, ganhou em espaço. A caçamba tem bom tamanho para o segmento e conta com pontos para amarração de carga e tampa traseira com chave. Por dentro, a cabine também ficou maior, principalmente atrás, onde o túnel central do assoalho está mais baixo, sobrando mais espaço para as pernas. Mas o encosto do banco traseiro é muito reto e o assento baixo não apoia bem as pernas, causando desconforto em viagens mais longas. Ali falta o terceiro apoio de cabeça, porém os todos os cintos de segurança são de três pontos retráteis. Na frente, os bancos são um pouco mais confortáveis e o do motorista conta com ajustes elétricos, mas faltou a regulagem lombar.

Banco traseiro é espaçoso, mas encosto e assento não são anatômicos



ACABAMENTO A GM melhorou também o acabamento interno da S10, usando no painel plástico duro, porém de boa aparência. A versão testada tem de série revestimento dos bancos em couro de boa qualidade. O painel tem desenho moderno, com fácil acesso aos comandos, e os instrumentos de fundo preto são de fácil visualização. O volante, com comandos do som e controlador de velocidade, tem boa pega e conta com ajuste de altura, mas exige que o banco fique na posição mais baixa, pois do contrário esbarra nas pernas. O modelo conta com computador de bordo, controle de estabilidade e comando no console para a troca de tração 4x2 para 4x4 com reduzida. A operação de mudança é simples.

DESEMPENHO Para tirar a grandalhona da inércia, a GM usa um eficiente motor turbodiesel de 180cv e quase 48kgfm de torque. É força e potência de sobra para garantir bom desempenho tanto no asfalto quanto no fora de estrada. O câmbio automático tem bom escalonamento entre as seis marchas e proporciona trocas suaves, sem trancos. O conjunto é eficiente e o computador de bordo registrou consumo médio de 7,5km/l na cidade e 10,5km/l na estrada. A direção assistida não tem bom diâmetro de giro e isso, aliado ao tamanho da picape, torna a S10 um veículo chato de manobrar em espaços menores. A direção vibra um pouco em velocidades mais altas. As suspensões melhoraram, mais ainda transferem muito as irregularidades do solo para dentro da cabine. Os freios com ABS funcionaram de forma eficiente.

SAPATO ERRADO Na nossa avaliação, levamos a S10 para uma trilha de piso com cascalho e ondulações. A picape mostrou que tem motor suficiente para aguentar o tranco, mas os pneus não são apropriados. Com algumas manobras não muito radicais o pneu dianteiro dobrou e esvaziou. O pior foi fazer a troca, que não é prática e muito menos limpa. Se for no escuro, então, nem pensar. A picape, por ser 4x4, merecia sapatos mais apropriados.

Operação de retirada do estepe é complicada e muito suja



Espaçosa em todos os sentidos
A Chevrolet S10 LTZ 2.8 turbodiesel tem acabamento interno de boa qualidade, além de caçamba de bom tamanho. Porém, é muito grande, pouco apropriada para a cidade.

A General Motors conseguiu finalmente dar um toque de modernidade à sua picape média, que ficou ultrapassada diante da concorrência. A S10 ficou mais bonita, cresceu, ganhou em espaço interno, mas preservou alguns problemas de desconforto, como no banco traseiro baixo. O motor turbodiesel, o câmbio automático de seis marchas e o sistema de tração 4x4 garantem bom desempenho, porém os pneus não aguentam muitas exigências no fora de estrada. A versão testada é a topo de linha e tem um amplo pacote de itens de série. Confira!


FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.798cm³ de cilindrada, que desenvolve potência máxima de 180cv a 3.800rpm e torque máximo de 47,9kgfm a 2.000rpm

TRANSMISSÃO
Tração 4x4 com reduzida e câmbio automático de seis marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com braços articulados e barra estabilizadora; e traseira com feixe de molas semielípticas de dois estágios/ 7 x 17 polegadas (liga leve) / 255/65 R17



DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
A disco na frente e tambores na traseira, com ABS nas quatro rodas

CAPACIDADES
Tanque, 80 litros; capacidade de carga (passageiro e carga), 912kg 

Capota marítima e proteção são opcionais



EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência - Direção hidráulica, trava da coluna de direção, chave canivete dobrável, coluna de direção regulável em altura, vidros elétricos nas quatro portas, porta-objetos no banco traseiro, desembaçador elétrico do vidro traseiro, controlador de velocidade, ar-condicionado digital, computador de bordo, transmissão automática de seis velocidades com Active Select, descansa-braço central no banco traseiro, ganchos para amarração de carga na caçamba, seletor eletrônico de tração, airbag duplo, retrovisores e travas elétricas, sistema de controle de tração, controle eletrônico de estabilidade, banco traseiro rebatível, banco do motorista com ajuste elétrico e rádio com CD player, MP3, bluetooth, entrada auxiliar e USB.

Segurança - Cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura, freios ABS e EBD, gancho de reboque dianteiro, imobilizador eletrônico de motor, luz auxiliar de freio, alarme antifurto, farol de neblina, tampa traseira com chave, regulagem elétrica de altura dos faróis.

Aparência - Para-choques na cor da carroceria, adesivos decorativos, volante e bancos revestidos em couro, estribos laterais, moldura cromada do farol de neblina, rodas de alumínio, rack de teto, moldura nas portas na cor preta, acabamento interno em dois tons, maçanetas cromadas.

OPCIONAL
Pintura metálica.

NOTAS (0 A 10)

 

Desempenho 9
Espaço interno 8
Caçamba 8
Suspensão/direção 6
Conforto/ergonomia 6
Itens de série/opcionais 7
Segurança 8
Estilo 9
Consumo 7
Tecnologia 7
Acabamento 8
Custo/benefício 8

QUANTO CUSTA
A picape Chevrolet S10 cabine dupla é vendida na versão de entrada 2.4 flex LS 4x2 a partir de R$ 66.350. Já a versão topo de linha LTZ 2.8 diesel automática tem preço de R$ 135.259, e com pintura metálica vai a R$ 136.510.

Enfrentando os inimigos
Confira os detalhes da nova S10 diante da concorrência e os resultados da nossa avaliação.

Traseira tem linhas mais retas, com lanternas verticais e cromados



AVALIAÇÃO TÉCNICA

 

Acabamento da carroceria

As quatro portas têm pontos com desnivelamento em relação à carroceria, além de folga fixa diferenciada entre os dois lados. A pintura contém alguns pontos com impurezas. O capô tem montagem satisfatória, mas a tampa da caçamba está descentralizada. O veículo não tem grade protetora para o vidro traseiro. Alguns parafusos que fixam o acabamento plástico nas laterais do arco superior apresentam pontos com ferrugem. NEGATIVO

Vão do motor
Mesmo com montagem longitudinal, o motor preenche bem o vão, limitando o acesso à manutenção de vários componentes. Os itens de verificação constantes têm fácil verificação e manuseio. O capô é sustentado aberto por vareta manual com ângulo de abertura razoável. O resultado da insonorização (pequena parte do painel de fogo e interno do capô) é discreto em relação ao habitáculo. REGULAR

Altura do solo
Não foram reveladas interferências com o solo em nosso percurso misto de provas. Os ângulos de ataque e saída satisfazem para um fora de estrada usual. Tem chapa em aço de boa espessura para toda a zona inferior do motor e parte da suspensão dianteira, mas não tem para o cárter do câmbio e caixa de transferência, ambas com boa distância do solo. POSITIVO

Climatização
A temperatura mínima disponível e programável é de 18 graus, um pouco limitado para quem gosta de ar-condicionado no mínimo. São cinco as velocidades da caixa de ar e três as de direcionamento do fluxo de ar. Não há difusor de ar para os passageiros de trás, nem ajuste de temperatura diferenciada para condutor e passageiro. Apresentou bom funcionamento, bem vedado, e a rumorosidade de funcionamento é satisfatória. REGULAR

Freios
O freio de estacionamento é por comando manual por meio de alavanca junto ao banco do condutor. Apresentaram bom comportamento dinâmico em geral e o ABS atuou com eficiência. O pedal de freio tem boa sensibilidade. A desaceleração foi boa com manutenção da trajetória em frenagem simulada de emergência sobre asfalto seco e terra batida. POSITIVO

Câmbio
É automático com seis marchas e opção de troca manual sequencial na alavanca principal. O comando de tração 4 x 4 está instalado no console central e é do tipo botão giratório, que apresentou bom funcionamento. A resposta em kick-down é razoável. As relações de marchas proporcionam uma dirigibilidade normal e segura, e a 110km/h em 6ª marcha o motor gira suave a 1.800rpm, próximo do torque máximo (2.000rpm). POSITIVO

Motor
A performance é boa, com aceleração eficiente e retomadas de velocidade satisfatórias. A rumorosidade de funcionamento é aceitável. A curva de torque é muito boa, com pico máximo de 47,9kgfm a 2.000rpm, e é possível sentir a dinâmica porque a potência máxima está numa rotação utilizável (3.800rpm, já que o motor gira até 4.500rpm). POSITIVO

Vedação
Boa contra água e poeira. POSITIVO

Nível interno de ruídos
O efeito aerodinâmico é crescente e evidente a partir de 100km/h. Os ruídos no habitáculo são poucos e se manifestam sobre pisos irregulares. REGULAR

Suspensão
O conforto de marcha é limitado quando somente condutor, mas tem pequeno ganho com cinco adultos de carga útil. A suspensão dianteira do lado direito apresentou-se rumorosa a baixa velocidade. A estabilidade é bem razoável para uma utilização normal, passando a delicada numa condução mais esportiva, em que à menor alteração do comportamento dinâmico entram em ação os controles eletrônicos de tração e estabilidade, mantendo o veículo com segurança no contorno de curvas. REGULAR

Direção
O diâmetro de giro é ruim, incomoda e em algumas situações causa apreensão. A caixa de direção apresenta-se mal dimensionada/com coxim de fixação ineficiente e/ou defeito de fabricação pela transferência significativa de vibração em várias situações de solo e velocidade, causando trepidação para a coluna de direção e volante, com sensação de fragilidade/desgaste prematuro. O projeto não tem opção de amortecedor para minimizar esse desconforto. Os pneus são fracos para o uso sobre piso de baixo atrito no 4x4 e deveriam ser da série 70, no mínimo. As cargas do sistema assistido são razoáveis, assim como a precisão na reta e em curvas (asfalto liso e terra batida), mas em manobras de garagem nota-se uma pequena aspereza do sistema hidráulico ao esterçar o volante para a esquerda. NEGATIVO

Iluminação
O quadro de instrumentos tem iluminação permanente. Não tem sensor crepuscular. Os faróis estão desregulados e contam com discreto auxílio de faróis de neblina, mas têm ajuste elétrico em altura em função da carga transportada. Há luz de cortesia somente no porta-luvas. No habitáculo tem uma lanterna na zona central do teto, além de auxílio de dois spots fixos junto ao retrovisor com resultado satisfatório em iluminação. REGULAR

Painel com desenho moderno e instrumentos de fácil visualização



Estepe/ macaco
O estepe (roda em aço e pneu diferente dos de uso em medidas) está instalado abaixo do vão de cargas em suporte. O mecanismo para baixar o mesmo não é simples de operar, o apoio do macaco não é nas soleiras, causando uma operação de troca cansativa, suja e demorada, e à noite é imprescindível uma lanterna para localizar o sistema de basculamento. NEGATIVO

Limpador de para-brisa
Os esguichos são do tipo spray e apresentaram boa vazão e abertura. As palhetas de boa qualidade varrem uma área satisfatória. É fácil o acesso ao reservatório de água dentro do vão do motor. Não há sensor de chuva. POSTIVO

Ferramentas
Tem uma chave de fenda com Philips, uma chave de boca 12 x 14mm, uma chave de boca 8 x 10mm e um alicate tipo bico de papagaio. POSITIVO

Alarme
A chave de ignição é codificada. Tem proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas os vidros não sobem automaticamente. Somente a porta do condutor tem função um toque, em que o sistema antiesmagamento atuou com precisão. REGULAR

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

Palavra de especialista
Mudança radical para melhor

DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO
A GM lançou um novo produto que nada tem a ver com a antiga S10 para melhor se posicionar no seu concorrido segmento, que evoluiu bastante. O traço da carroceria impõe respeito e sugere durabilidade e confiabilidade. A área do habitáculo é generosa e o acabamento agrada. As suspensões trabalham bem na absorção a impactos, além de bom curso no off road usual, mas os pneus homologados tiram o brilho sobre piso de baixo atrito. A tração 4x4 com acionamento eletrônico atuou eficazmente e é fácil de operar. O novo motopropulsor (motor e câmbio) com 180cv de potência máxima e excelente torque, ambos atuando em rotações práticas, acoplado ao novo câmbio automático com a opção manual sequencial de seis marchas estão à altura de qualquer concorrente e tornam a dirigibilidade da nova S10 agradável e segura. Um defeito crônico é a atuação inaceitável da caixa de direção pela alta transferência de trepidação até o volante. Mesmo após a devolução da unidade em testes para a concessionária autorizada, que reconheceu o problema e efetuou a troca do componente e ajustes necessários, mas não conseguiu saná-lo.

Robustez é a principal característica da S10