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Chevrolet Cobalt LTZ - Dá para esticar as pernas

Dentro da filosofia de renovação, GM aposta no segmento dos sedãs compactos que têm no amplo espaço interno o seu maior apelo, como os rivais Renault Logan e Nissan Versa

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Foto:

Estilo atual da marca é a gravatinha estampada na barra frontal

Espaço com espaço se conquista. Esse parece ser o caminho escolhido pela GM ao projetar o Cobalt. O novo sedã da Chevrolet tem mais espaço interno que o seu primo mais abastado, o Cruze. Não apenas os passageiros de trás desfrutam de mais conforto para as pernas como o porta-malas tem capacidade (563 litros) bem maior. O design é um dos pontos polêmicos do carro, pois muita gente critica a falta de harmonia dos faróis com o resto do conjunto. Com motor 1.4, que desenvolve potências de 97cv (gasolina) e de 102cv (etanol); e câmbio manual de cinco velocidades, o modelo tem desempenho limitado. O Cobalt é vendido em três opções de acabamento, que variam de acordo com a lista de equipamentos. Mas em todas as versões falta apoio de cabeça e cinto de três pontos para quem senta no meio.

 

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O fôlego é a conta
Motor 1.4 tem desempenho apenas razoável no Cobalt, principalmente quando o sedã está cumprindo a sua vocação principal: a de levar toda a família e a respectiva bagagem.

O Chevrolet Cobalt, que aposentou de uma tacada só Corsa Sedan e Astra, é fruto de uma projeto que foi inteiramente desenvolvido no Centro Tecnológico da General Motors no Brasil. A fórmula foi a mesma que a Renault (leia-se Dacia, marca romena que pertence ao grupo do fabricante francês) aplicou no Logan e, mais recentemente, a Nissan usou no Versa: criar um carro de construção e visual simples, mas que tenha um espaço interno de um veículo de segmento superior e ofereça uma lista de equipamentos que possa atender um público que queira conforto e segurança. Além do mercado nacional, o sedã será comercializado em mais de 40 países da Europa, África, Oriente Médio e América do Sul.

ESTILO É fácil identificar o Cobalt como um Chevrolet. Basta olhar para a frente do carro, que incorpora o DNA da marca, já presente em modelos como Agile, Cruze, Montana, Malibu, entre outros. Mas no caso do novo sedã, os grandes faróis com refletores únicos não parecem em harmonia com a grade dianteira em colmeia, que tem a gravatinha estampada na barra que a corta na parte de cima nem com o resto do conjunto estilístico. Por outro lado, de perfil o carro tem aparência mais robusta, moderna e um pouco elegante, ressaltada pela linha de cintura alta, a ausência de frisos e o desenho das rodas de liga, com vários raios. A traseira tem linhas simples e lanternas verticalizadas, com desenho em módulos retangulares. A barra cromada acima da placa, que é exclusiva da versão LTZ, dá um toque de sobriedade ao sedã.

ESPAÇO A primeira impressão que se tem ao entrar no Cobalt é a de amplidão do habitáculo. O espaço interno seria suficiente para proporcionar conforto para cinco adultos se não fosse pelo fato de quem senta no meio do banco traseiro ser incomodado pelo túnel central. De qualquer forma, os dois passageiros de trás podem esticar tranquilamente as pernas. A folga é consequência da generosa medida entre-eixos de 2,62m. Mas não é só para as pessoas. Também há espaço de sobra para as suas bagagens, pois o porta-malas comporta 563 litros, 100 litros a mais do que o do Cruze. Mas faltam ganchos para a fixação da carga e rede para prender pequenos objetos, além de um cobertura interna da tampa para melhorar a aparência.

Interior mescla tons marrons com detalhes em cinza imitando metal



POR DENTRO O acabamento interno é compatível com a proposta mais simples do carro e mistura a cor marrom (presente no painel, volante, console e painéis de porta) com detalhes em cinza imitando metal (no volante, base da alavanca de marchas e moldura do sistema de áudio) e cromado (nas maçanetas internas, comandos do som e ar-condicionado, pomo da alavanca de marchas e lingueta da alavanca do freio de estacionamento). Os bancos são revestidos em tecido navalhado, com tear ao centro. A regulagem do encosto dos bancos dianteiros por alavanca é pouco prática. O painel mistura instrumentos digitais (velocímetro e marcador do nível de combustível) com analógico (conta-giros), que são confusos. Falta um item muito importante em país tropical: o indicador de temperatura do motor. A buzina também é difícil de ser acionada. O pacote de segurança inclui ABS e airbag duplo na LTZ, mas deixa de fora cinto de três pontos e apoio de cabeça para quem senta no meio do banco traseiro (nem como opcionais).

RODANDO
O motor 1.4, que tem desempenho elogiável no Agile, sofre um pouco para dar conta da missão familiar. Com quatro adultos e bagagem, o fôlego fica no limite, principalmente quando se liga o ar-condicionado. Em pisos planos, a deficiência não aparece tanto, mas em estradas com muitas subidas o ritmo cai muito. O câmbio tem engates macios e precisos, embora haja um pequeno buraco (queda de rotação) entre a primeira e a segunda marchas. Por outro lado, o consumo é razoável para um sedã desse porte – na estrada, com gasolina, quatro adultos e ar ligado, o computador de bordo registrou média de 11,5km/l. A GM vai lançar em breve a versão com motor 1.8 e câmbio automático de seis velocidades. A suspensão privilegia mais a estabilidade do que o conforto, pois transfere um pouco das imperfeições do piso para dentro do carro. O nível de ruídos interno é um pouco alto para um carro dessa categoria. A visibilidade traseira é ruim, mas o motorista conta com a ajuda de retrovisores externos de bom tamanho e de sensores de estacionamento.

 

Cobalt encara desafio


 

AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA

A qualidade da pintura não é boa, pois há alguns pontos com impurezas e várias imperfeições no verniz. A tampa do
porta-malas está descentralizada e desnivelada. O capô tem montagem razoável, mas as quatro portas em à carroceria. As portas não têm friso protetor. NEGATIVO

VÃO DO MOTOR

O capô tem ótimo ângulo de abertura. O resultado do isolamento acústico em relação ao habitáculo é muito bom para essa motorização. O acesso à manutenção é satisfatório. A sistematização dos vários componentes está benfeita e é fácil o acesso aos itens de verificação constante. POSITIVO

ALTURA DO SOLO
Não foram observadas interferências com o solo. Existe chapa protetora em aço para toda a parte inferior do conjunto motopropulsor. POSITIVO

CLIMATIZAÇÃO

O sistema funciona por comando manual. Não há opção de regulagem diferenciada de temperatura para condutor e passageiro nem difusor de ar para os passageiros de trás. A caixa de ar tem quatro velocidades e cinco opções de direcionamento do fluxo. O conjunto apresentou bom funcionamento e está bem vedado. POSITIVO

FREIOS

Apresentaram bom comportamento dinâmico e o ABS está bem calibrado. O pedal de freio tem boa sensibilidade. Em frenagem de emergência simulada sobre asfalto molhado, a desaceleração foi boa, com manutenção da trajetória. POSITIVO

CÂMBIO

A qualidade de engate é ótima. As relações de marchas/diferencial atendem razoavelmente a dirigibilidade no uso urbano e em rodovias, mas as trocas são constantes com o veículo carregado numa cidade de topografia irregular. Em 5ª marcha e a 110km/h, o motor gira próximo do torque máximo (3.200rpm), e em 3ª e a 60km/h, a rotação é de 2.900rpm. POSITIVO

MOTOR

As retomadas de velocidade e aceleração são aceitáveis, exigindo que o motorista trabalhe bem o câmbio. Mas com carga útil de 400 quilos e ar-condicionado ligado, esse sedã é um automóvel lento e, dependendo da topografia, proporciona uma dirigibilidade cansativa. Nessa condição, é preciso muita atenção em ultrapassagens em rodovias com mão dupla e subidas. REGULAR

VEDAÇÃO

Boa contra água. POSITIVO

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS

O efeito aerodinâmico é contido, mesmo em altas velocidades, mas o habitáculo não é silencioso quando se trafega sobre piso de paralelepípedo, terra e asfalto ruim. REGULAR

SUSPENSÃO

Para um sedã com motor de baixa potência, o conforto de marcha está mal definido, assim como a pressão dos pneus em 35 libras (muito alta) indicada para quando o carro está com apenas o motorista, devido às transferências das imperfeições do solo para o habitáculo. A estabilidade é boa e contorna curvas com precisão satisfatória e inclinação moderada da carroceria. REGULAR

DIREÇÃO

A GM homologou a mesma pressão nos quatro pneus, seja com somente o condutor ou com carga máxima. A direção é do tipo direta, mas tem boa sensibilidade. O diâmetro de giro é grande, o que dificulta manobrar, e o efeito retorno tem boa velocidade. O sistema apresentou boa precisão na reta e em curvas e as cargas da assistência hidráulica estão bem definidas. REGULAR

ILUMINAÇÃO

Não tem sensor crepuscular. Existem luzes de cortesia no porta-malas e porta-luvas. Os faróis têm refletor único e auxilio de faróis de neblina embutidos no para-choque, mas falta ajuste elétrico em altura. O conjunto apresentou eficiência normal no baixo e no alto. No habitáculo há somente uma lanterna simples pequena, na parte frontal do teto, com resultado discreto em iluminação para a área interna. O quadro de instrumentos tem iluminação permanente, mas os interruptores elétricos nos painéis de porta não são iluminados nem com os faróis ligados. REGULAR

ESTEPE/MACACO

O estepe é temporário e específico para pequenos deslocamentos com velocidade máxima de 80km/h e está instalado dentro do porta-malas, no fundo do assoalho. A operação de substituição é normal. Essa solução não é prática para o Brasil, devido à baixa qualidade e falta de manutenção das vias urbanas e rodovias estaduais e federais. Esse tipo de pneu também altera completamente o comportamento dinâmico do veículo e o ritmo da viagem. NEGATIVO

LIMPADOR DO PARA-BRISA

O sistema de limpeza tem palhetas eficientes, bons esguichos e ampla área varrida no para-brisa. O acesso ao reservatório de água instalado dentro do vão do motor é fácil. Não tem sensor de chuva. POSITIVO

FERRAMENTAS

Tem uma chave de fenda combinada com Phillips. POSITIVO

ALARME

A chave de ignição é codificada. O sistema tem proteção perimétrica das partes móveis, mas falta a volumétrica dentro do habitáculo contra invasão pela quebra dos vidros. Não há função um toque nos vidros, que não sobem automaticamente ao dar comando para travar as portas. REGULAR

VOLUME DO PORTA-MALAS

O declarado pela fábrica é 563 litros, o mesmo encontrado na nossa medição.

 

PALAVRA DE ESPECIALISTA

 

Queimaram a largada
DANIEL RIBEIRO FILHO
ENGENHEIRO


A GM Brasil tem hoje o melhor motor 1.4 8V do mercado, pela sua curva de potência/torque x rotação e baixo custo de manutenção. A opção de ter somente essa motorização no Cobalt parece um pouco precipitada, pelas suas dimensões, ótima habitabilidade e excepcional volume de porta-malas. O peso em ordem de marcha (1.073 quilos) é até razoável, mas o rendimento com o veículo carregado e ar-condicionado ligado é fraco. Merecia ser lançado com outro motor de maior cilindrada (como o Ecotec 1.8, que equipa o Cruze) e fazer a diferença no segmento. Quanto ao estilo da carroceria, faróis e lanternas agradam pouco, e beleza é fundamental. Também o conforto de marcha merecia outra calibração e um melhor estudo para a pressão dos pneus. Não tem sentido técnico o tipo de estepe homologado, porque o conjunto roda/ pneu de uso, quando danificado, cabe perfeitamente no porta-malas sem alteração da altura do assoalho.

Quem vai no meio fica sem a segurança do cinto de três pontos e do apoio de cabeça


FICHA TÉCNICA
MOTOR

Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, 1.389cm³ de cilindrada, que desenvolve potências máximas de 97cv (gasolina) e de 102cv (etanol) a 6.200rpm e torques máximas de 12,8kgfm (gasolina) e de 13kgfm (etanol) a 3.200rpm

TRANSMISSÃO

Tração dianteira com câmbio manual de cinco velocidades

DIREÇÃO

Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS

A disco na dianteira e a tambor na traseira, com sistema ABS (de série na LTZ)

SUSPENSÕES/RODAS/PNEUS

Dianteira, independente, do tipo McPherson, com braço de controle ligado à haste tensora e barra estabilizadora; e traseira, semi-independente, com eixo de torção / 6 x 15 polegadas, em liga leve (de série na LTZ) / 195/65 R15

Rodas de liga aro 15 são de série na versão LTZ



CAPACIDADES

Do tanque, 54 litros; e de carga (ocupantes e bagagem), 455 quilos

EQUIPAMENTOS
DE SÉRIE
Conforto/conveniência
– Ar-condicionado, direção hidráulica, desembaçador traseiro, coluna de direção com regulagem de altura, chave do tipo canivete com abertura à distância, trava elétrica das portas, encosto traseiro rebatível 60/40, comando elétrico para os vidros dianteiros e traseiros, banco do motorista com regulagem de altura e sistema de som com CD/MP3, rádio AM/FM, bluetooth, computador de bordo, espelhos retrovisores com comando elétrico e entrada USB.

Aparência – Mostrador digital, grade dianteira e barra traseira cromadas, interior com revestimento em dois tons, rodas de liga leve e maçanetas internas e comandos do ar-condicionado cromados.

Segurança – Airbag duplo frontal, freios ABS com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), faróis de neblina e alarme antifurto.

OPCIONAIS
A versão LTZ não tem opcionais.

NOTAS
Desempenho    6
Espaço interno    9
Suspensão/direção    7
Conforto/ergonomia    7
Itens de série/opcionais    8
Segurança    7
Estilo    7
Consumo    8
Tecnologia    7
Acabamento    8
Custo/benefício    8

QUANTO CUSTA

O Chevrolet Cobalt é vendido em três versões, todas com motor 1.4 e câmbio manual de seis velocidades: LS, R$ 39.980; LT, R$ 43.780; e LTZ, R$ 45.980.

Perfil de aparência robusta é ressaltado pela linha de cintura alta, poucos frisos e rodas de liga leve de vários raios