Poucos sedãs até hoje conquistaram a simpatia dos apreciadores de carros esportivos e hatches, mas a Audi conseguiu um feito: deixar a versão sedã do A3 mais esportiva que o hatch. Pode parecer exagero, mas as linhas do modelo três volumes agradam a todos.
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Reforço que não estou falando do S3 Sedan, o esportivo de 280 cv que chegou este mês ao Brasil, mas sim da versão 1.8 TFSI, testada pelo Vrum. Mesmo na discreta cor perolizada preto-fantasma, ele é um grande 'entorta pescoço'. Sem perder a identidade atual da Audi, com a característica cara de bravo e luzes diurnas de Led, que o destacam em meio ao trânsito, as ousadas linhas para um sedã são um convite para um olhar mais curioso e admirado. A traseira curta e o teto baixo com caimento fluido o deixaram com o estilo 'cupê quatro portas', mas sem perder a elegância dos sedãs de luxo. Com um discreto spoiler e uma linha de cintura alta, que o delineia de ponta a ponta, o A3 de três volumes é um prato cheio para quem curte sedãs compactos, mas vira uma opção bem interessante para quem é fã dos hatches médios.
A versão avaliada é vendida por R$ 130 mil, mas por R$ 94,8 mil já é possível ter um na configuração básica e motor 1.4 Turbo. É a sua chance de sair dos japoneses e embarcar em um alemão premium. Predicados para conquistar você, ele tem de sobra e é nisso que a Audi aposta para tornar o A3 um campeão de vendas aqui no Brasil.
Desempenho e eficiência
A motorização é a mesma 1.8 TFSI nas quatro carrocerias do A3: a duas portas (Sport) - que não é mais importada para o Brasil -, a quatro portas (Sportback), sedã, e o Cabriolet, que chega no início do mês que vem.
Com 20 cv a menos do que na geração anterior, o atual A3 ganhou na eficiência. O A3 Sedan 1.8 pesa apenas 1.370kg, exatamente o mesmo que o antigo A3 Sportback. Para fazer um sedã ter o mesmo volume de um hatch, a montadora combinou o uso de aços de alta resistência com um aço mais leve e alumínio. Junte isso a um novo e extremamente rápido câmbio dupla embreagem de sete velocidades, chamado de S-Tronic. A plataforma é a moderna MQB (Arquitetura Modular Transversal), do grupo Volkswagen, a mesma do novo Golf e considerada o futuro do grupo.
O motor também é novo: 1.8 Turbo de 180 cv com 25,5kgfm de torque disponível aos 1.250 rpm, ou seja, pouco acima da marcha lenta você já tem toda a força disponível. Mas a característica mais peculiar deste propulsor é a alimentação, que pode ser tanto por injeção direta quanto indireta. Quando se trafega com o motor em médias rotações, com uma velocidade constante, ele funciona com injeção indireta e quando o condutor solicita uma resposta mais enérgica do motor, entram em ação os bicos injetores dentro da câmara de combustão (injeção direta).
O sistema Start-Stop entrou para a lista para ajudar na redução do consumo. Toda essa tecnologia, que não estava presente no antigo A3, é a responsável pela maior economia de combustível e maior eficiência energética, pois mais leve, o A3 Sedan 1.8 180 cv consegue ter praticamente o mesmo desempenho do A3 2.0 Turbo de 200 cv. Colocando um ao lado do outro, percebe-se que o antigo é ligeiramente mais esperto que o Sedan, mas é uma diferença desprezível, pois o novo câmbio S-tronic permite um escalonamento melhor das marchas. No teste de 0 a 100 km/h, o A3 Sedan 1.8 T 180 cv cumpre em 8,0 segundos e o A3 Sportback 2.0 T 200cv, em 7,2 segundos. Ou seja, trocando em miúdos, os 180 cv do novo A3 valem mais do que os 200 cv do velho.
Já o comportamento pode oscilar do modo 'Comfort ao Dynamic' através do Audi Drive Select. O sistema regula o pedal do acelerador, a assistência da direção e a rigidez da suspensão.
Consumo
No trânsito urbano e ar-condicionado ligado o tempo todo, chegamos na média de 9,8 km/l de gasolina comum. Na estrada, respeitando os limites máximos de velocidade, aferimos 14,7 km/l.
Emílio Camanzi também testou o Audi A3 Sedan 1.8 para o programa Vrum. Assista:
Interior
O interior do A3 Sedan mantém o tradicional padrão alemão e não dá margem para críticas. Bancos e forros de portas são revestidos em couro e o painel tem acabamento com material agradável ao toque, assim como o revestimento interno das quatro portas. O motorista conta com regulagens elétricas do banco e os comandos estão todos à mão. No banco de trás, apesar de ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça para todos, apenas dois vão com conforto. Por causa do tunel central, no meio, apenas uma criança consegue se acomodar.
O destaque do interior fica com a tela multifunções de oito polegadas, que brota do painel elegantemente ao dar a partida com a chave. Com um toque em um botão, ela se esconde de forma discreta. O sistema multimídia é controlado por uma roleta seletora sensível ao toque e que permite, inclusive, escrever sobre ela para inserir dados no GPS ou até fazer uma busca pelas músicas armazenadas em um dispositivo móvel.
No volante, há comandos do sistema de som, do piloto automático e do computador de bordo. Direção com assistência elétrica progressiva e ar-condicionado automático digital de duas zonas com dutos de saída para o banco traseiro e teto solar panorâmico fazem parte do pacote de série desta versão do A3 Sedan.
Para um carro tão sofisticado, o sensor de estacionamento - item tão simples e encontrado até mesmo em carros populares – faz muita falta. A Audi não oferece o equipamento nem mesmo como opcional, uma tremenda mancada.
O navegador opcional no sistema MMI Plus é rico em detalhes e não apresentou nenhuma anomalia durante o teste. Os mapas são em 3D e as rotas são apresentadas de forma nítida. O funcionamento é bem simples, rápido de configurar, mas o principal empecilho é o preço: R$ 9 mil.
Porta-malas
Não tem como falar de sedã sem mencionar o compartimento de cargas. No caso do A3 são 425 litros, bem pequeno em relação a outros sedãs, mas ainda assim compatível com a categoria. O porta-malas do A3 Sedan tem capacidade de levar 45 litros a mais que o Sportback e 60 litros a mais que o Sport. Só para comparar, o Fiat Siena tem capacidade para 500 litros.
O acesso é bom, mas o arcaico 'pescoço de ganso' rouba um espaço que poderia ser economizado com braços pantográficos, por exemplo. Há ainda uma rede na lateral e dois pequenos espaços fechados com uma tampa para guardar pequenos objetos. Em um deles, fica o kit de primeiros socorros, que não é mais exigido no Brasil, mas a Audi resolveu seguir a legislação europeia, onde o kit ainda é obrigatório.
Segurança
O modelo vem com preparação para rastreador, alarme antifurto e travamento central com controle remoto à distância. O motorista e o passageiro da frente contam com airbags frontais e laterais – para o condutor, ainda há airbags especiais para proteção dos joelhos, totalizando sete bolsas.
Vale destacar a estabilidade pela altíssima precisão e rapidez em curvas de qualquer raio e pela inclinação neutra da carroceria com o veículo em velocidade elevada. No limite da aderência lateral e direcional entram em ação os eficientes controles eletrônicos de tração e estabilidade, que podem ser desligados quando o motorista achar pertinente. Com rodas de aro 17 polegadas, as imperfeições de pisos muito ruins são transferidas para o habitáculo.
O único concorrente deste segmento é o Mercedes-Benz CLA 200 com motor 1.6 Turbo de 156 cv, vendido por enquanto somente em uma única versão por R$ 150 mil.