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Pneus chineses são economia de verdade ou cilada? Descubra!

Com preços até 50% mais baixos, marcas chinesas de pneu vendem bem, mas será que a qualidade acompanha?

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A marca chinesa Sailun Tires é uma das interessadas em abrir fábrica no Brasil
A marca chinesa Sailun Tires é uma das interessadas em abrir fábrica no Brasil Foto: Sailun Tires/Divulgação

Além dos carros chineses, os pneus chineses também vem ganhando espaço nas prateleiras das lojas e na hora de trocar os pneus, vale apostar nos chineses, que custam quase metade do preço de um Michelin ou Pirelli, ou é melhor não arriscar? No Brasil, onde o asfalto esburacado e o orçamento apertado são realidade, marcas como Linglong, Sailun, Aptany, Triangle, Goodride e XBRI estão bombando por prometerem qualidade a preço de banana. 

Há uns 10 anos, pneu chinês era sinônimo de “barato e ruim”. Hoje, a história mudou. A China é um dos maiores produtores de pneus do mundo, e suas marcas estão conquistando espaço com tecnologia de ponta e preços imbatíveis. Segundo a ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), 40% do mercado brasileiro é dominado por importados, e os chineses lideram. 

Um pneu chinês, como o Sailun Atrezzo Elite (205/55 R16), custa em média R$ 400 a R$ 450, enquanto um Pirelli Cinturato P7 pode ser encontrado acima dos R$ 700. A diferença de até 65% atrai motoristas de carros populares, SUVs e até frotistas. Mas o que explica esse preço? 

Pneu run flat visto de cima no fundo preto
Pneu run flat visto de cima no fundo preto Foto: Internet/Reprodução

A mão de obra barata na China, produção em larga escala e investimentos pesados em robôs e automação, como na Zhongce Rubber (dona da Goodride), cortam custos sem sacrificar tanto a qualidade. Além disso, marcas chinesas estão bancando patrocínios esportivos e parcerias com montadoras. 

Qualidade: tão bons quanto parecem?

A fama de “frágil” está ficando no passado. Marcas como Linglong, Sailun, Aptany, Triangle, Goodride e XBRI investem em pesquisa e cumprem normas internacionais, como DOT (EUA), ECE (Europa) e Inmetro. 

A Linglong, segunda maior da China, produz 40 milhões de pneus por ano e tem 700 patentes, com modelos como o Green Max, elogiado por frenagem em pista molhada. A Sailun, com o Atrezzo Elite, usa modelagem por computador para garantir tração e baixo ruído, rivalizando com pneus médios nacionais. A Aptany, da Wanli Tire, foca em durabilidade e custa até 40% menos que um Goodyear.

Dicas para mudar as medidas dos pneus
Pneu de perfil baixo Foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press

Testes independentes, como o da Pneufree.com com Alta RPM, compararam cinco pneus chineses (XBRI Ecology, Maxtrek Maximus M1, Goodride RP28, Linglong Greenmax, Sailun Atrezzo Elite) e um remold. O resultado foi que cada modelo mostrou pontos fortes, como aderência e conforto, superando o remold em emergências. 

No ranking do Inmetro, pneus como o Triangle AdvanteX (205/55 R16) pegam nota C em economia de combustível e B em piso molhado, equiparáveis a modelos da Bridgestone. Mas nem tudo é perfeito. A principal crítica é a durabilidade. Enquanto um Michelin Primacy 4 roda até 50 mil km, pneus chineses, como o Goodride SC328, duram em média 30 mil a 35 mil km.

Segurança, pode confiar?

Segurança é o que mais preocupa, e aqui os chineses não decepcionam. Marcas como Triangle e Tracmax usam compostos de sílica para melhor tração em pista molhada, e a Goodride tem homologação na Europa desde 2009. 

A Etiqueta Europeia de Pneus, adotada no Brasil, garante que os pneus chineses vendidos aqui passam por testes de aderência, ruído e eficiência. Os estudos mostram que pneus chineses de marcas usadas por montadoras (Maxxis, Sunny, Champiro) são confiáveis e não representam risco.

Pneus Continental equipam carro preto em movimento no asfalto molhado
Marcas tradicionais no mercado brasileiro se preparam para enfrentar a concorrência chinesa com produção local Foto: Continental/Divulgação

No entanto, cuidado com marcas desconhecidas. Algumas, sem certificações claras, podem ter borracha dura demais, aumentando o ruído e diminuindo o conforto. O Inmetro reprovou modelos de marcas menores em 2023 por falhas em aderência. A dica é checar o selo do Inmetro e avaliações em fóruns. Por exemplo, o Aptany RU101 é elogiado por conforto, mas criticado em uma condução mais esportivo, como é comentado no fórum de discussão da Promobit.

Custo-benefício: economia ou cilada?

Para quem roda pouco, como 12.900 km por ano – média do brasileiro —, o Sailun pode ser uma economia tentadora. Um jogo de quatro pneus custa R$ 1.500, contra R$ 2.500 do Pirelli, poupando R$ 1.000 na compra. Mas a durabilidade é um ponto de interrogação. Enquanto o Pirelli roda tranquilo uns 50 mil km, o Sailun varia. 

Estudos do site Pneus.org apontam até 54.700 km em condições ideais, durando 4,2 anos, mas relatos no fórum Testedepneus.com dizem ter desgaste grave com apenas 15.000 km, quase na medida de segurança. 

Pegando uma média de 30 mil km, o custo por km é R$ 0,05, igual ao Pirelli. A vantagem fica no bolso, mas, para motoristas de aplicativo ou quem roda muito, o Sailun pode exigir trocas mais cedo, zerando a economia.

Pneu com desgaste irregular na banda de rodagem mão apontando para os sulcos e roda de carro ao fundo
O desgaste irregular no pneu pode ser indicativo de algum problema na suspensão ou falta de alinhamento da direção Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press

Outro ponto é a revenda. Carros com pneus chineses podem desvalorizar, já que compradores associam marcas como Michelin a maior cuidado. Mas, para quem não liga pra isso, a economia inicial compensa. 

Um post no X de 2020 (@paulogala) resume bem: “Furou o pneu. Fui trocar. Pirelli e Goodyear muito caro!! Pneu chinês Delint 20% mais barato. Fui pesquisar. Fazem pneus para a Boeing e agora avançam com força no mercado de carros. Me diz o vender: Pirelli esquece, não dura nada, vem com microfuros. Novos tempos!!!”. 

Conheça boas marcas chinesas em 2025 e conhecidas

  • Linglong
  • Sailun
  • Aptany
  • Triangle
  • Goodride
  • XBRI

Não caia em cilada, cuidado

  • Cheque certificações: Compre só pneus com selo do Inmetro, DOT ou ECE. Evite marcas sem histórico claro
  • Pesquise a marca: Leia reviews em sites. Marcas usadas por montadoras são mais seguras.
  • Considere o uso: Para cidade, chineses são ótimos. Para alta performance ou estrada, marcas premium duram mais.
  • Compre em lojas confiáveis: Vá em lojas que te dão garantia. Evite marketplaces sem suporte.
  • Faça manutenção: Calibre os pneus a cada 15 dias e faça rodízio a cada 10 mil km para aumentar a vida útil .

Vale a pena ou não?

Pneus chineses são uma economia real para quem roda pouco, prioriza preço e escolhe marcas consagradas como Sailun ou Linglong. Nos últimos anos a qualidade subiu, com tecnologias que rivalizam com marcas médias nacionais, e a segurança é garantida por certificações. Mas, para quem roda muito ou quer desempenho, a durabilidade menor pode ser uma cilada.