Uma lenda é sempre uma lenda. Uns amam, outros odeiam. Nem sempre se trata do carro mais bonito do segmento, mas o poder de um nome e uma história carregada de tradição fazem milagres nas mentes e sonhos dos aficionados.
Um dos maiores exemplos da força do mito é o Chevrolet Corvette, o esportivo símbolo da indústria automobilística norte-americana. O modelo já passou por altos e baixos, resistiu à invasão oriental, a aumentos no preço dos combustíveis, não faz feio frente aos mais sofisticados e muito mais caros europeus e, mesmo seus concorrentes domésticos, como o Dodge Viper, e até certo ponto o Ford Mustang, não causam tanta admiração.
A GM sabe muito bem a arma de marketing que tem com o Corvette e não deixa a peteca cair. Um bom exemplo é o ZR1 2009, que só chega às revendas no meio do ano que vem, mas, cujos detalhes não foram revelados. A principal novidade, obviamente, está no motor.
O V8 6.2 ganhou um supercharger (compressor), o que é incomum em carros esportivos nos EUA, onde, normalmente, o ganho de potência é conseguido de forma mais simples: aumentando a cilindrada. O desenvolvimento do novo propulsor ainda não foi finalizado, mas o objetivo é chegar a 620 cv, ou seja, 100 cv por litro. Nada mal, levando-se em consideração que o motor é de construção tradicional, com comando de válvulas lateral, sendo apenas duas por cilindro.
Outra vantagem da adoção do compressor volumétrico é a distribuição uniforme da força ao longo do regime de giro: 90% do torque máximo está disponível entre 2.600 rpm e 6.000 rpm. O cabeçote é feito de ligas especiais, para suportar as altas temperaturas produzidas pelo supercharger. O câmbio manual de seis marchas foi redimensionado, com um sistema de embreagens de discos duplos. A escolha, apesar de aumentar a complexidade do sistema, proporciona o benefício de diminuir o peso sobre o pedal. Comparativamente, a força para acionar a embreagem no ZR1 é a mesma necessária para o modelo padrão Z06.
A Chevrolet optou por mudanças estéticas sutis, para não desviar a atenção do foco principal, o motor. Aliás, uma das principais diferenças estéticas do ZR1 está em uma pequena 'janela' no capô, que deixa o intercooler do sistema de superalimentação visível. A abertura traz ainda o benefício de reduzir o ruído, pois trata-se de um ponto a menos de contato e vibração entre o motor e a carroceria.
A outra grande diferença no exterior com relação aos demais Corvettes está no teto, feito em fibra de carbono, sem pintura. A proposta inclusive é coerente com o veículo, que, já na sua primeira versão, em 1953, substituía a chapa de aço por um material inovador (para a época ao menos), a fibra de vidro.