As primeiras experiências sobre rodas fazem parte de um rito individual. É só olhar para velocípedes, bicicletas e carrinhos de pedalar: a grande maioria é destinada para um único passageiro. Um tipo de locomoção que logo dá lugar a outros veículos para mais pessoas. Afinal, um carro para uma só pessoa é o tipo de egoísmo que trai a proposta de transporte eficiente. Uma impressão que a Volkswagen quer desfazer com o NILS, conceito para um ocupante apresentado no Salão de Frankfurt, em setembro. O modelo tem 3,04m, o que até parece muito diante dos 2,69m de um diminuto Smart Fortwo, mas ainda é 85cm menor que um Gol GV. É na largura que o carrinho se destaca, com apenas 1,39m, coisa de moto mesmo, o que diminui o espaço ocupado pelo NILS no trânsito e transforma junto com a propulsão elétrica o que seria um carro egoísta em uma proposta racional de transporte.
Tanto que o projeto foi incentivado pelo Ministério Federal do Transporte, Construção e Desenvolvimento Urbano da Alemanha. Segundo o governo alemão, 60% das pessoas usam carros diariamente e 90% delas viajam sozinhas. Além de pequeno, o NILS pesa apenas 460kg, graças ao uso de alumínio na carroceria. Ou seja, mesmo com um motor elétrico que gera energia equivalente a 20cv em uso normal e 34cv no pico – quase como um Fusca 1.200 –, o urbanoide acelera até 100km/h em menos de 11segundos. Mérito a ser dividido pelo torque instantâneo de 13,2kgfm. A energia é armazenada em uma bateria de íon de lítio (pequena, para não custar caro na hora da troca), que dá autonomia de 65 quilômetros. Aparentemente pequeno, o alcance seria suficiente para cobrir a distância percorrida pela média rodada por 74% dos moradores de Berlim ou Munique, que rodam menos de 25 quilômetros para ir ao trabalho. Para economizar energia, a direção é mecânica, sem assistência, algo explicado também pelo baixo peso, enquanto os retrovisores externos têm ajuste manual.
Seguro
O NILS promete boa visibilidade, assegurada pela ampla área envidraçada. O acesso é feito pela porta, que tem abertura ao estilo asa de gaivota. O motorista tem a sua frente um quadro de instrumentos digital, que faz dupla com um tablet removível e sensível ao toque logo à direita. Daquele lado também ficam os comandos do ar-condicionado e ventilação. Espaço para bagagem apenas no pequeno porta-mochila (mala também é demais) logo acima do motorzinho elétrico. Além de freios ABS e controles eletrônicos de tração e de estabilidade, o NILS tem sistema de frenagem automática, que controla a distância do carro da frente em até 200 metros. Caso detecte uma colisão iminente, o sistema freia automaticamente o carro, evitando colisões em velocidades de até 30km/h.
Embarcando na imaginação infantil, a marca associa o NILS a um Fórmula 1, com o motorista exatamente no meio, o motor logo atrás, as suspensões de braços duplos triangulares e as rodas descobertas nas extremidades. Falando em rodas, estas são aro 17, calçadas em pneus 115/80 na frente e 125/80 atrás, que vão dar uma mão na economia por serem estreitos e pelo composto de baixa resistência a rodagem. É para rodar sem culpa, na medida para a geração Z, nascida a partir dos anos 90.
Análise da notícia
"Meus amigos também vão gostar"
por Pedro Henrique de Paula Ferreira
Acho que vou ver o NILS na rua, pois agora já vejo um monte de carros com uma pessoa só andando. Acho possível que um carro seja esportivo e ecológico, tudo junto. As pessoas vão pensar que é um carro bom para andar na cidade. Uma pessoa só usa o que é necessário e até o porta-malas dá para levar. A ideia de um carro elétrico também é boa para não poluir. Será bom também para estacionar, o que minha mãe reclama. Os meus amigos também vão gostar. Acho que, em 2019, quando tiver 18 anos, existirão carros desse tipo andando nas ruas. Eu mesmo gostaria de ter um. Acho esportiva e chique a porta que abre para cima. Ele parece um Fórmula 1, bem esportivo, como os de que gosto da Mercedes ou BMW. Agora não sei se meus pais iriam curtir, porque eles gostam muito de andar juntos. Mas vão achar bonito.