Da Ilha da Sardenha, Itália * - Solidez germânica é o que se percebe no primeiro contato com o novíssimo Volkswagen Golf, apresentado para a imprensa mundial em outubro, na Ilha da Sardenha (Itália). E também que sua carroceria recebeu alterações muito discretas. A explicação para a sutileza do novo design veio do próprio Valter de Silva, chefe de estilo do grupo VW, presente no evento para os jornalistas. Ele diz que as novas linhas não são revolucionárias, nem era essa a ideia da marca para o principal modelo de sua gama.
Talvez só os amantes do Golf percebam o capô com uma elevação próxima aos para-lamas e dando continuidade ao pilar A, ele próprio mais encorpado, como nos utilitários compactos. Essa foi, aliás, uma alteração negativa para quem dirige, pois prejudicou a visibilidade. Que já não é lá essas coisas nas laterais traseiras, pois o pilar C continua fiel ao formato de um taco de golfe.
Em compensação, os estilistas sob o comando de De Silva capricharam em muitos detalhes que favorecem a aerodinâmica e alcançaram uma redução de 10% na resistência ao arrasto. Nada mal para as exigências atuais de menor consumo.
DIMENSÕES O carro ganhou alguns centímetros no comprimento (5,6cm em relação à geração anterior) e perdeu alguns (4,2cm) na altura. O resultado é visível: o carro ficou mais grudado ao chão.
CHASSIS O novo Golf recebeu a novíssima plataforma MQB, que vai equipar a maioria dos modelos do grupo VW e que estreou este ano no Audi A3. Ela permitiu reduzir em 100kg o peso do carro e ainda aumentou a rigidez torcional da carroceria. O resultado é uma outra dinâmica de comportamento, que se percebe no piso irregular, em baixas ou em altas velocidades. Além disso, quanto mais leve, menor consumo, emissões e melhor desempenho ao acelerar e frear.
INTERIOR Acabamento interno é primoroso e a VW às vezes precisa se cuidar para não esbarrar no patamar do "primo rico" Audi. Se o prezado considera o painel touchscreen uma evolução, então anote aí que o do Golf 7 vai além, pois algumas funções são ativadas pelo simples movimento do dedo próximo à tela. Seria o sensescreen? O freio de estacionamento ganhou o mesmo dispositivo de seus irmãos maiores: comando elétrico com botão no console. Os assentos dianteiros envolvem motorista e passageiro, que se sentem em casa, pois, além de anatômicos, oferecem todas as regulagens de bancos e volante.
MOTORES Sob o capô, motorizações a diesel e gasolina. A fábrica levou para a apresentação do carro (na deslumbrante Costa Smeralda), o diesel 2.0 TDI e o 1.4 TFSI de 140cv a gasolina, turbinado. Com o surpreendente sistema que desliga dois dos quatro cilindros quando sensores percebem que a potência pode ser reduzida. Uma operação tão sutil que o motorista só toma conhecimento por aparecer no painel o aviso “dois cilindros desligados”. O motor 1.4 é da nova geração EA 211, de alumínio, 40kg mais leve que o EA111 produzido no Brasil.
CÂMBIO A caixa é a famosa DSG de dupla embreagem e sete marchas, quase o estado da arte ao cambiar. A mudança é automática, mas pode ser manual. Em qualquer condição, extremamente suave e com passagens quase imperceptíveis. Mas faz uns incômodos barulhinhos ao rodar devagar em pisos ruins.
DESEMPENHO O novo Golf é impecável tanto em aceleração como em curvas. Percebe-se nitidamente a redução de peso em relação à geração anterior, pois o carro tornou-se mais agradável ainda de dirigir e tem um comportamento mais suave nas curvas. E a lipo de 100kg contribuiu também para redução no espaço de frenagem. O consumo, dá vergonha de comparar com os nossos modelos: mais de 15km/litro na cidade e mais de 20km/l na estrada.
ELETRÔNICA Além de ABS, airbags e congêneres, o Golf herdou do Audi piloto automático (mantém distância do carro da frente), botão elétrico para o freio de estacionamento, leitor de faixas na estrada (se o motorista se distrai ele corrige o volante) e auto hold, que segura o carro ao arrancar na ladeira, e até leitor de placas de velocidade na estrada, lembrando ao motorista, no painel, qual é a máxima naquele trecho.
MERCADO Em resumo, se o Golf tornou-se, desde seu lançamento em 1974, o campeão de vendas da Volkswagen, sua sétima geração tem todos os atributos para manter essa história de sucesso. É o principal trunfo da marca para conquistar a taça de liderança mundial do setor, estimada pela empresa dentro de cinco anos. Só que a Toyota, que detém o troféu, não está inclinada a perdê-lo com facilidade.
No mercado brasileiro, onde ainda se comercializa a quarta geração (fabricada no Paraná), o Golf 7 deverá chegar em 2013, importado do México.
FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro; quatro cilindros. 1.395cm³ de cilindrada a gasolina, 140cv de potência e 25,5kgfm de torque entre 1.500rpm e 3.500rpm.
» TRANSMISSÃO
Câmbio automatizado de sete velocidades com dupla embreagem (DSG). Controle de tração e estabilidade.
» DIREÇÃO
Hidráulica com novo sistema de direção progressiva.
» SUSPENSÕES/RODAS
Dianteira, do tipo McPherson: e traseira de performance modular. Rodas de liga de 17 polegadas na versão top de linha.
» FREIOS
Discos ventilados na frente e rígidos na traseira, com ABS, EBD (Electronic Brakeforce Distribution) e assistência de partida em aclives.
» CAPACIDADES
Tanque, 50 litros; porta-malas, 380 litros; de carga (ocupantes e bagagem), 512 quilos
» DIMENSÕES
Comprimento, 4,25m; largura, 1,79m; altura, 1,45m; e distância entre-eixos, 2,63m
(*) Jornalista viajou a convite da Volkswagen AG