O Brasil sonhava com o tetracampeonato. O Plano Real equiparava a moeda brasileira ao dólar. E os carros importados dominavam a cabeça dos endinheirados - e dos nem tanto. O tempo passa e alguns desses carrões passaram a ser vendidos a preços de populares seminovos. Basta vasculhar os sites de classificados automotivos na internet para encontrar algumas pechinchas. Considerados micos por alguns, os modelos mais raros passam de mão em mão, muitas vezes depois de uma longa espera. "Independentemente do ano, são carros fora de linha. Tudo o que você precisar fazer vai exigir um garimpo de peças. Acima de tudo, é uma compra pela paixão, um carro que vira hobby e não um mico", explica Paulo Garbossa, consultor da ADK Automotive.
É o caso de importados em pequena escala, como o sueco Saab 9000 CD 92/93 2.3 turbo de 200cv, à venda por R$ 16 mil, ou o Citroën XM V6 3.0 91/92 que oferece o conforto da suspensão hidroativa por R$ 12 mil. Verdadeira coqueluche na época, o BMW Série 3 (foto de abertura) pode ser encontrado na versão 325i anos 92/95 por preços entre R$ 18 mil e R$ 25 mil, valor que compra a experiência de se rodar com um motor de seis cilindros em linha 2.5 24V de 192cv, além da panóplia de equipamentos característica de um sedã germânico.
Fim de feira
Entre as ofertas encontram-se até mesmo topos de linha de marcas de luxo. Como o Audi A8 1995, um supersedã com carroceria de alumínio, motor V8 4.2 de 299cv, tração integral e requintes como ar-condicionado digital dual zone, câmbio Tiptronic, airbags, bancos e volante elétricos com memória, tudo em torno de R$ 30 mil. Equipamentos que não existiam - ou não existem - nos nacionais da época.
Veja mais fotos de alguns importados clássicos da década de 1990!
Na hora de escolher, é melhor optar por um modelo com algum volume de importação. "Quem compra um carro desses, não pode pensar em concessionária oficial. É melhor procurar uma boa oficina independente, pois muitos mecânicos trabalharam para essas marcas e sabem como manter esses carros", recomenda Marcelo Maria, da ADM Automóveis. "Quando se tem um volume de carros vendidos, sempre tem a oferta de peças recuperadas ou recondicionadas de um modelo danificado. É o que se chama de 'tiradinha', aproveitar as partes intactas de um carro que deu perda total, uma saída que não é a ideal", alerta Garbossa.
Paixão e razão
Além do desejo, o custo/benefício também decide a compra. É inevitável comparar o preço pedido por alguns desses carros e o valor de um carro nacional menos equipado. "Tenho um Nissan Sentra 93/94 equipado com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag do motorista, câmbio automático e cintos autoajustáveis que custa R$ 9 mil, o mesmo preço de um Fiat Uno 96", compara Marcelo Maria. "É um carro que, com manutenção preventiva, não dá dor de cabeça, além de entregar conforto e paz de espírito, pois não é cobiçado", completa Marcelo, que também recomenda os modelos Suzuki Swift e Kia Sportage.
Entre as alternativas, há modelos futuristas como o Renault Twingo 1.2, que não raro é encontrado por menos de R$ 8 mil. E também o pouco vendido Peugeot 205 XS 1.4 95/96, também nesta faixa. Médios do período costumam ficar abaixo dos R$ 10 mil, como o Fiat Tipo, o importado mais vendido da década de 1990, o Chevrolet Astra GLS 2.0 belga e alguns Volkswagen Golf GL 1.8, todos com idade para debutar.
Lazer
Às vezes, o sonho está ligado a um fim específico. Há os que desejam um carro para o lazer. Entre eles, há a oferta de conversíveis, como o Peugeot 306 Cabriolet 2.0 16V 94/95, com estilo Pininfarina e preço em torno de R$ 25 mil, ou até mesmo um raro VW Golf 2.0 Cabriolet 1995/97, que custa um pouco mais caro, cerca de R$ 30 mil. E se o negócio do dono é pegar uma trilha, o Lada Niva serve como porta de entrada, com preço médio de R$ 9 mil para modelos entre 1991/93.
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