Com o passar do tempo muitos motoristas se cansaram do troca-troca de marcha e sonham com um modelo automático. Essa necessidade é ainda mais comum nas cidades grandes com trânsito caótico, em que às vezes não é possível engatar nem a segunda marcha. A realidade é engatar a primeira marcha, soltar o pedal da embreagem, andar alguns poucos metros e desengatá-la, uma verdadeira ginástica.
Tudo bem, a troca automática de marchas não é nenhuma novidade, mas o que poucos sabem é que existe o câmbio automático e o automatizado, que são muito diferentes. O que esses dois câmbios têm em comum é o fato de que o motorista não precisa mover um músculo para que as marchas sejam trocadas, o pedal de embreagem nem existe, bastando usar o acelerador, o freio e o volante para dominar o veículo.
Como funciona
Antes de entender as particularidades de cada um desses câmbios é preciso saber como funcionam. O automático convencional tem um componente chamado conversor de torque, uma espécie de acoplamento hidráulico, que substitui a embreagem. Já o automatizado é um câmbio idêntico ao manual. A embreagem e as trocas de marchas são acionadas por um sistema eletroidráulico operado por um módulo eletrônico que recebe informações de sensores e comanda atuadores eletroidráulicos que fazem a troca de marcha.
Tranco
Fazendo jus à fama, a principal desvantagem do câmbio automatizado são os trancos causados pela troca de marcha. Isso porque, quando a marcha é trocada, a embreagem é acionada, causando uma perda de torque que logo depois é retomada quando o motor é novamente conectado à transmissão. Nos automáticos, o conversor de torque evita o tranco. O engenheiro mecânico Cláudio Castro, membro da Comissão Técnica de Transmissão da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), conta que dependendo da calibração do câmbio automatizado esse tranco pode ser mais ou menos sentido. A Volkswagen, com o I-Motion, conseguiu reduzir esse efeito modificando a relação das marchas.
Vantagens
Mas, de acordo com Cláudio, o câmbio automatizado tem uma série de vantagens. Como ele é montado a partir de um câmbio convencional, é mais leve: enquanto este pesa cerca de 8kg a mais do que o câmbio manual, o automático chega a pesar 50kg a mais. Outra característica é que, enquanto o câmbio automático consome potência do motor, no automatizado este sistema consome menos potência. Por isso, esse câmbio pode ser adotado em veículos com motorizações menores.
Não é segredo que o câmbio automático convencional aumenta o consumo de combustível em função do conversor de torque, que não consegue anular completamente o movimento do motor na transmissão. Com o câmbio automatizado acontece a redução do consumo de combustível, já que as marchas são trocadas em condições ideais.
No bolso
A grande vantagem do câmbio automatizado é o menor custo em relação ao automático, outra característica que permite a esse câmbio equipar modelos mais baratos. O engenheiro mecânico conta que não é difícil adaptar uma linha de montagem convencional para a produção de veículos com câmbio automatizado. E como a oferta de modelos com esse câmbio está aumentando, com o crescimento do volume de produção, a tendência é que essa tecnologia fique mais acessível tanto para a compra quanto para a manutenção.
Automatizado de dupla embreagem
Existe uma nova geração de câmbio automatizado, com duas embreagens, que reúne todas as vantagens desse tipo de câmbio aliadas ao conforto do automático, já que, enquanto uma marcha já está em uso, a próxima já está engatada. Desta forma a mudança é feita sem trancos porque o torque não varia, sendo este câmbio quase o "estado da arte". Mas por enquanto essa tecnologia não é para qualquer bolso.