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Toyota na Assembleia

ALMG convocará fabricante para audiência pública, em que terá que explicar por que não fez recall no Brasil, apesar de ter havido acidentes por causa do acelerador do Corolla

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A Toyota terá que explicar os problemas envolvendo cinco unidades do Corolla nacional, todos relatados pelo Estado de Minas, para a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A fábrica japonesa instalada em Indaiatuba (SP) não fez recall no Brasil para o problema do pedal do acelerador que agarra, como fez no resto do mundo (leia quadro), pois alega que os modelos fabricados aqui usam um componente diferente dos mais de 8 milhões de veículos afetados.

Entretanto, a explicação não convence o deputado estudual Délio Malheiros, vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da ALMG, que fez o requerimento para a audiência pública. "É preciso investigar o que ocorre. Vamos convocar órgãos isentos para analisar os carros que apresentaram problemas e emitirem laudos se são produtos defeituosos ou não", afirma o deputado.

Malheiros explica que a atitude da montadora fere o artigo 10 do Código de Defesa do Consumidor, pois quando é de conhecimento que um produto oferece perigo à saúde ou à segurança, ele deve ser retirado do mercado e comunicado o fato publicamente. "A Toyota precisa comprovar que os relatos das pessoas não são verdadeiros", afirma o deputado. Além dos consumidores lesados, o Ministério Público Estadual, os Procons e um instituto técnico, que fará a análise dos veículos, participarão da audiência. A Toyota também será convocada. A previsão, segundo Malheiros, é de que a audiência seja realizada na quinta-feira depois do carnaval.

Híbridos e Corolla

Ontem, o estrago na imagem e nos cofres da Toyota se ampliou, pois foi anunciado o recall de 436 mil unidades do Prius, do Sai (versão básica do Prius vendida somente no Japão) e do Lexus HS250h. A maior parte circula no Japão (233 mil), mas 155 mil estão nos EUA e 53 mil na Europa. A montadora japonesa, líder mundial de vendas, previa perdas de US$ 2 bilhões (R$ 3,7 bilhões) por causa do primeiro recall do ano. Desde o dia 21, quando o primeiro recall começou, a Toyota já perdeu US$ 31 bilhões (R$ 58 bilhões) em valor no mercado. A cotação de suas ações caiu 19%.

O Corolla americano também está na mira do órgão que fiscaliza a segurança dos carros no país, o National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), que recebeu queixas, com seis acidentes, totalizando 10 feridos, relacionadas a problemas na direção eletricamente assistida do Corolla. As informações são da publicação Automotive News.


Entenda o caso

Agosto de 2009

Quatro pessoas morrem quando um Lexus (divisão de luxo da Toyota) perde o controle nos EUA.

Setembro de 2009
Toyota convoca 3,8 milhões de veículos para substituir o tapete, apontado como responsável por prender o acelerador em diversos modelos da marca.

21 de janeiro
Toyota convoca 2,3 milhões de veículos, dizendo que a causa da aceleração descontrolada também pode ser o pedal, que agarra no fundo. Desses, 1,8 milhão já havia sido convocado para a ação do tapete.

26 de janeiro
Toyota suspende a venda de oito modelos até encontrar a solução. São eles: Corolla, RAV4, Camry, Matrix, Avalon, Highlander, Tundra e Sequoia.

28 de janeiro
Mais 1,1 milhão de veículos no recall do tapete que agarra.

29 de janeiro
Recall anunciado para 1,8 milhão de veículos na Europa por causa do acelerador que prende.

31 de janeiro
Toyota apresenta solução para o pedal problemático.

31 de janeiro
Toyota faz recall de veículos da América Latina e África, que são importados dos EUA e da Europa.

2 de fevereiro
Toyota admite problema no freio do Prius.

8 de fevereiro
Os oito modelos que tiveram a produção paralisada voltam a ser fabricados.

9 de fevereiro
Toyota convoca recal do Prius, Sai e Lexus por problemas no freio.

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