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Sobra recheio, falta qualidade

Hatch e sedã chegam importados da China, mas com previsão de serem produzidos no Brasil a partir de 2014. Modelos têm vários itens de série, porém acabamento e motor são fracos

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Com 2,52m de entre-eixos, o hatch tem 4,13m de comprimento, 1,49m de altura e 1,68m de largura


A chinesa Chery apresentou esta semana o Celer, compacto importado de Wuhu, na China, que chega nas carrocerias hatch e sedã, ambas equipadas com motor 1.5 16V flex e ampla lista de itens de série. De acordo com os executivos da marca, o modelo será produzido a partir de 2014 na fábrica de Jacareí, no interior de São Paulo, que mal começou a ser construída. O carro tem desenho interessante e é bem equipado, porém o acabamento é espartano e conjunto mecânico, ruim.

O Celer foi desenhado pelo estúdio italiano Torino Design, que conseguiu projetar um hatch e um sedã com linhas harmoniosas. Porém, a Chery quer conquistar o consumidor brasileiro com o argumento de que “carro pelado” é coisa do passado. Por isso traz o Celer para o Brasil com uma lista de mais de 40 equipamentos, que inclui ar-condicionado, direção hidráulica, airbags dianteiros, freios ABS com EBD, vidros elétricos, CD Player com entrada USB e vários outros itens. Um chamariz interessante para quem procura uma boa relação custo/benefício, já que o hatch tem preço sugerido de R$ 35.990 e o sedã, de R$ 36.990.

No test drive de apresentação dos modelos foi possível perceber que o Celer, apesar de bem equipado, tem alguns problemas básicos. O hatch e o sedã têm bom espaço interno, com relativo conforto para quatro pessoas. Os porta-malas têm capacidade de 380 litros no hatch e 450 litros no sedã. No acabamento interno prevalece o plástico duro de qualidade duvidosa, pois arranha com facilidade. Os encaixes das peças do painel não são benfeitos e os instrumentos são pequenos, dificultando a visualização.

Sedã de linhas harmônicas e traseira bem definida conta com porta-malas de 450 litros de capacidade


O motor 1.5 16V flex tem potência divulgada de 108cv, com gasolina, e com etanol estimada entre 112cv e 113cv, segundo os executivos da marca. Nas estradas planas o carro mostrou que em determinadas situações faltam força e potência, principalmente nas retomadas de velocidade. Durante o teste, o consumo instantâneo (com gasolina no tanque) oscilou entre 8,5km/l e 10,2km/l, bem distante dos 16,8km/l divulgados pelo fabricante. O câmbio de cinco marchas tem engates duros e não muito precisos e a direção é pesada. As suspensões transferem as irregularidades do solo para dentro do carro e o sedã mostrou uma tendência à inclinação da carroceria em curvas. Os freios com ABS e EBD atuaram de forma segura.

De acordo com a programação da Chery, a fábrica de Jacareí deve ser inaugurada no fim do ano, com o início da produção do Celer previsto para abril de 2014, porém o índice de nacionalização não foi revelado. Mesmo assim, os executivos da marca disseram que não haverá redução de preços e garantem que o consumidor não vai passar raiva por falta de peças de reposição, já que a rede de 80 concessionárias está sendo preparada para atender a demanda. O Celer tem três anos de garantia total e mais dois anos para motor e caixa.

*O jornalista viajou a convite da Chery do Brasil