Nova York - Os jornalistas que cobriram o primeiro dia para a imprensa no Salão do Automóvel de Nova York já esperavam uma mudança de comportamento das montadoras, observada desde a crise econômica de 2009, quando economizar virou sinônimo de sobrevivência para diversas empresas. A tendência de economia virou moda e agora é encarada como um novo nicho de mercado que tem ganhado novos adeptos a cada dia, inclusive com o apoio de grande parte da mídia americana. Não foi estranho, por exemplo, ver o BMW ActiveE, um modelo elétrico da marca alemã baseado no Série 1, sendo o principal alvo dos holofotes, mesmo estando rodeado por um lançamento muito mais vistoso, o 650 cupê e conversível.
Os holofotes também se voltaram ao Nissan Leaf, o elétrico já em comércio nos Estados Unidos e que por aqui já ganhou fama referencial no segmento de carros limpos. Por isso a GM não desiste de investir boa parte de sua verba de marketing com o Volt e o expôs de todas as formas pelos pavilhões do Centro de Convenções Jacob Javits. A Toyota aumentou a família do Prius, que ganhou uma versão maior e a empresa reforça a possibilidade de abastecer o carro em uma tomada residencial convencional de 110 volts em apenas três horas. Usando o bom humor, a Smart anunciava que seu brinquedo já vinha com baterias incluídas, se referindo ao Smart fortwo eletric drive, numa alusão aos brinquedos eletrônicos antigamente que vinham com a indicação sobre a alimentação do produto. Até mesmo as locadoras de carros usam da boa vontade alheia em tornar o meio ambiente mais sustentável. A Hertz disponibilizou seus modelos elétricos para test drive dos jornalistas em uma pista montada com carregadores de baterias.
Para o Brasil
Embora seja um salão destinado ao público americano, não faltaram novidades que em breve estarão rodando em nossas ruas. Da Honda será o Civic. Segundo a montadora nos Estados Unidos é certo que esse modelo irá ao Brasil neste ano com apenas mudanças específicas para se enquadrar na legislação, como a mistura de combustíveis e luzes de direção na cor amarelas. Por aqui, ele terá opção com motor convencional 1.8 de 140 cv, o mesmo do brasileiro, que deve receber um novo 2.0 mais potente. Mas haverá uma versão movida a gás natural, uma híbrida, e a esportiva Si, em carroceria duas ou quatro portas.
Volkswagen
O estande da Volkswagen foi o mais visitado pelos jornalistas. Todos queriam posar ao lado do Bulli, conceito que brinca com a antiga Kombi. Segundo a Volks, o veículo de uso misto possui os atributos do velho utilitário, principalmente nas linhas retrô, sem deixar de ser moderna, como manda um conceito que se preze. Matado a curiosidade da Bulli, próxima parada era logo ao lado, no Beetle, que ganhou nova armadura para enfrentar seus concorrentes que estavam anos luz a sua frente, como o Audi A1 e Mini Cooper. Investimento pesado da Volkswagen, pois o modelo foi apresentado em badalado evento em três grandes cidades ao redor do globo: Xangai, Berlim e Nova York. Aqui nos Estados Unidos, contou até com show exclusivo do grupo Black Eyed Peas na Times Square. “Nem mudou tanto assim”, alguém dizia ao ser surpreendido com o Fusca. Na verdade, a Volks incorporou à gama o motor 2.0 TSI, que irá fazer o besouro um carro mais popular entre os homens. Ao menos aquele vasinho de flor de gosto duvidoso, não foi herdado no velho New Beetle.
Novidade também é o Tiguan, cuja versão reestilizada começou a ser vendida essa semana nos Estados Unidos. A marca confirma que o crossover revisado virá para o Brasil, só não confirma ainda a data. Não há nenhuma novidade surpreendente, mas o modelo ganhou novos grafismos e contornos nos faróis e nas peças de fixação na dianteira e traseira, deixando-o com a atual identidade global da VW. O mesmo caminho seguiu o conversível Eos, mas a Volks ainda não confirmou a ida dele para a América do Sul.
Do outro lado do Javis Center, o New Fiesta hatch chamava mais a atenção pelas cores cítricas do que pelo produto em si. Talvez a Ford não tenha sacado o momento em que seu mercado local vive. Americano acostumado a dirigir carros beberrões e que, a passos lentos, caminham para um dia guiar um compacto, não se interessará por um produto destinado aos países emergentes e vão partir para os compactos premium, como o Mini Cooper e Smart fortwo. No mesmo estande, o Focus Elétrico atraía mais olhares.
Em meio a euforia do Volt e entusiasmo do Camaro, a Chevrolet guardou um espaço para o que realmente interessa, principalmente aos brasileiros. O Chevrolet Cruze, que aqui não é mais nenhuma novidade, vai mesmo para o Brasil, segundo um executivo da marca, que anunciou isso durante a coletiva de imprensa. No contexto geral, a maior novidade foi mesmo a nova geração do Malibu, embora o atual (quase antigo) ainda estivesse no estande, ao lado do Impala, outro dinossauro da GM nos Estados Unidos. O novo também irá substituir o atual Malibu no Brasil. As ligeiras mudanças foram muito bem vindas, pois colocou um sorriso na cara fechada do grande seda e deixou a traseira mais moderna, com lanternas mais horizontais e constituídas por leds. Quem queria ver apenas carrões, também se deu bem, pois Camaro (muitos conversíveis) e até Corvettes, tinham aos montes.
Nissan
Lançado mundialmente aqui em Nova York, o novo Tiida Sedã (aqui chamado de Versa) renovou o fôlego para enfrentar a forte concorrência e mantendo-se competitivo mundo a fora, inclusive no Brasil. Se o Tiida de três volumes fez muitos brasileiros torcerem o nariz pra ele, o novo corre grande risco de ser alvo de elogios. Por ser um lançamento mundial, não demora muito e ele desembarcará no Brasil também.
Mas o Salão de Nova York também deu lugar aos luxuosos e atraentes modelos. O lançamento da Land Rover, o Ranger Rover Evoque, que promete agradar a classe média americana, vai encher os olhos dos ricaços no Brasil. Disponível em carroceria de duas ou quatro portas, muitos jornalistas fora da área automotiva vieram apenas para ver o que definiram como o novo conceito de arte automotiva. Inclusive jornais de celebridades vieram conhecer o novo modelo Range Rover, que possui em seu quadro de funcionários, a ex-Spice Girl e esposa do jogador de futebol David Backham, Vitória Beckham, designer executiva da linha Range Rover.
Fugindo à regra, a Chrysler mostrou a versão mais apimentada já produzida até hoje do Jeep Cherokee. Com um invejável motor 6.4 V8 que produz 465 cv de potência, o grandão pode chegar aos 250 km/h, indo de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos. As mudanças feitas na parte externa do carro também contribuíram para uma imagem mais "malvada"do Cherokee. Ele começa a ser vendido no segundo semestre, custando US$ 45 mil, nos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira, o Salão de Nova York abre mais uma vez somente para a imprensa e o Vrum acompanha tudo de perto e continuará trazendo as novidades da mostra americana.