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Réplicas - Competição mínima

Devido à qualidade das reproduções, montar miniaturas deixou de ser passatempo, para virar atividade profissional para modelista mineiro, cuja ênfase são carros de corrida

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Transformar um hobby em meio de vida é o sonho de muita gente. Mas isso está ao alcance de poucos. Foi o que aconteceu com Paulo Henrique Leite de Souza, cuja paixão por carros em miniatura se transformou em sua principal fonte de renda. Mas não foi da noite para o dia que a montagem de modelos evoluiu de passatempo para ganha-pão.

O modelista monta suas réplicas desde 1985. Como a maioria dos aficionados, ele começou com os modelos industrializados, de plástico, vendidos em kits semiprontos. O passo seguinte foi passar para as reproduções importadas, que ofereciam mais qualidade e maior número de réplicas.

Mesmo assim, as opções de modelos e versões não eram suficientes para atender às necessidades de personalização de Paulo Henrique. Foi esse desejo que levou o modelista, que também é ilustrador científico, a produzir suas próprias peças: "Os modelos feitos em larga escala também são pouco atualizados e, às vezes, mudam apenas um detalhe sobre um molde já existente. Então comecei a modificar as maquetes que comprava, como, por exemplo, transformar um cupê em conversível. O mercado tem alguns buracos, onde estão as possibilidades", pondera.

Trankits
O passo seguinte foi comprar os transkits, feitos de propósito para modificar as miniaturas à venda no mercado. Paulo Henrique fez seu primeiro modelo completo somente em 1997: uma Ferrari 312PB 1971. De acordo com o modelista, a escolha foi feita por ser um carro bonito, revolucionário (primeira Ferrari com motor boxer) e relativamente fácil de construir.

O processo de produção não mudou muito desde a 312PB. Com base em desenhos técnicos, é feito uma matriz (ou modelo master, no jargão dos modelistas) em madeira tipo balsa ou massa, dependendo das características. Essa matriz dá origem a um molde em silicone que, curiosamente, só rende cerca de trinta peças, pois vai se deteriorando a cada reprodução. Por isso, explica Paulo Henrique, é primordial conservar o modelo master. O molde é preenchido com resina líquida. Em seguida, é necessário aparar rebarbas e outras imperfeições, como bolhas de ar. A pintura é feita com tinta automotiva e, no caso de veículos com pinturas especiais, Paulo Henrique também desenvolve os desenhos que serão usados nos decalques.

Boca-a-boca
A profissionalização da atividade foi quase uma conseqüência natural da qualidade do trabalho do modelista. O boca-a-boca ajudou no início da comercialização e a internet tem sido uma aliada para a divulgação das peças. Paulo Henrique já teve pedidos de outros estados e até da Alemanha. São vendidos, em média, 70 unidades de cada nova miniatura. A maioria dos modelos é feita em escala 1:24 e preferência do profissional é por veículos de competição. Atualmente, o modelista tem disponíveis reproduções de um Porsche 910, de 1967, que competiu nos 500 quilômetros de Belo Horizonte, em 1972, pilotado por Clóvis Ferreira, além de uma Maserati de Fórmula 1, de 1957.

Paulo tem planos de construir um Porsche 908, de 1968, além de uma Ferrari F1, de 1963, que deve ser feita na escala 1:12, mas, como o processo é mais complexo, ainda não há previsão de quando vai ficar pronta. Os kits custam cerca de R$ 190, desmontados, ou podem ser entregues já prontos, ao custo de R$ 450. Para quem curte peças realmente únicas, o modelista também pode fazer miniaturas individuais, mas a um custo substancialmente maior, sob consulta.

Serviço
As peças podem ser vistas no endereço de internet www.blogdofiote.blogspot.com e encomendas pelo email
fiottimodelos@yahoo.com.br.