Os fabricantes não costumam gostar de réplicas de seus modelos, como bem ilustrou a decisão da Mercedes-Benz de destruir publicamente a carroceria de uma recriação do clássico Asa de Gaivota (Saiba mais sobre a guerra entre marcas e fabricantes de réplicas). Mas nem todas as réplicas são detestadas ou menos valiosas, já que algumas são endossadas pelos fabricantes. É o que bem prova o leilão de um Aston Martin DB4 GT Zagato Sanction II leiloado na Inglaterra por 1,23 milhão de libras, o equivalente a R$ 3,8 milhões, na semana passada na própria fábrica da Aston, em Buckinghamshire.

E olha que não se trata de um dos vinte modelos originais produzidos entre 1960 e 1963. Os chamados Sanction são aqueles modelos que tiverem a sanção da marca (daí o nome em inglês) para serem produzidos. Depois que os originais produzidos em conjunto com a Aston e o estúdio de Milão começaram a atingir valores absurdos, a própria marca permitiu que quatro chassis restantes do DB4 fosses transformados em variantes Zagato em 1989, um desses o exemplar leiloado, com apenas 7.641 km rodados.

Produzidos pelo próprio estúdio italiano, os modelos tem alguns detalhes de carroceria diferentes, como a grade menor. Além disso, conta com motor maior. O original tem um seis cilindros em linha de 3.670 cm³, enquanto os Sanction II se valeram de um motor ampliado para 4.212 cm³ equipado com carburadores maiores, embora ainda associado ao câmbio manual de quatro marchas. O rendimento é bem maior, são 357 cv de potência a 6 mil rpm e 45,5 kgfm a 4.600 rpm contra 318 cv e 38,4 kgfm do original. Em aceleração, levava 5,5 segundos para ir aos 100 km/h (0,6 s a menos) e em velocidade máxima ficava nos mesmos 247 km/h. Como os chassis são da década de 1960, as numerações permanecem originais, ou seja, não se trata de um DB4 GT Zagato 1989. Curiosamente, esse DB4 pertencia a Tony Smith, empresário do cantor Phil Collins, mas foi leiloado pelo segundo dono, um afortunado alemão. A parceria entre ambas casas rendeu uma nova criação no ano passado.