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Reparo - Fuja do problema

Não importa se a oficina é de confiança, antes de autorizar o conserto do veículo é preciso ter um orçamento com prazo de entrega e depois nota fiscal do serviço

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Aluísio mostra o cartão com o orçamento do serviço da oficina e o recibo da queixa que registrou no Procon

O ditado popular assegura que o combinado não sai caro. Ao contratar os serviços de uma oficina mecânica, é preciso se precaver para evitar dores de cabeça. De acordo com Maria Laura Santos, coordenadora interina do Procon BH, para se guardar de possíveis problemas o cliente deve solicitar um orçamento, de preferência em papel timbrado, em que deve constar prazo de entrega do serviço contratado. Ao buscar seu veículo, o proprietário deve exigir uma nota fiscal ou ordem de serviço que assegure a garantia das peças e do serviço.

O artesão Aluísio da Silva não tomou nenhuma dessas precauções e por isso está convivendo com um problema dos grandes. Ele levou o seu Voyage ao Centro Automotivo Ipiranga, que na época funcionava no Bairro São Cristóvão, para consertar os estragos de uma batida na lateral direita do veículo. De acordo com Aluísio, o serviço de lanternagem e pintura foi contratado em 21 de novembro de 2007, há quase dois anos. Desde então, o artesão já gastou R$ 3.480 e o veículo ainda se encontra em poder da oficina sem que praticamente nenhum serviço tenha sido realizado.

O proprietário do Centro Automotivo Ipiranga, Francisco de Assis Pereira, alega que o serviço atrasou devido à transferência de sua oficina, que hoje funciona em um pequeno galpão, sem nenhuma placa, no Bairro Ipiranga. Ainda assim, no início de julho, Francisco prometeu pelo menos o serviço de lanternagem pronto até o fim daquele mês. De acordo com Aluísio, até hoje nada foi feito no veículo. A reportagem entrou novamente em contato com o dono da oficina, que prometeu entregar o veículo pronto até 20 de novembro. Aluísio afirma que essa é a estratégia usada por Francisco desde o começo, várias vezes marcou datas de entrega sem nunca cumprir.

O único registro que o artesão tem de que o serviço foi contratado junto à oficina é um cartão de visita com alguns orçamentos escritos com letras miúdas no verso. Em vez de nota fiscal, para comprovar o pagamento, existe apenas um recibo escrito à mão. Em julho, na presença da reportagem, o dono da oficina disse que providenciaria o orçamento do serviço e a nota fiscal de tudo que já foi pago por Aluísio, o que não foi cumprido. De qualquer forma, a representante do Procon BH garantiu que as anotações em poder de Aluísio são aceitas como documento para dar início a uma reclamação junto ao órgão de defesa.

Outro ponto contestado por Aluísio é o aumento do preço do serviço, informado somente depois que a oficina iniciou o trabalho no veículo. Francisco garante que o artesão autorizou qualquer serviço necessário para arrumar o carro. Para o dono da oficina, o primeiro orçamento não previa o conserto dos vários pontos de ferrugem encontrados quando começou o serviço no carro.

Olhos de lince

Saiba o que pode ser observado para saber se a oficina tem condições mínimas para garantir o serviço

Legalidade do estabelecimento
. Conferir os seguintes documentos, que devem estar afixados em lugares acessíveis aos clientes:
. Alvará de funcionamento: se não tiver, a oficina pode sofrer um embargo, e tudo que está lá dentro ficará retido.
. Alvará do Corpo de Bombeiros: é a garantia de que aquele imóvel está preparado para o combate a algum incêndio, com hidrantes e extintores.
Seguros
. Os seguros disponíveis e necessários para as oficinas mecânicas devem englobar os veículos e o imóvel. Caso aconteça algum revés, é uma garantia para o cliente e para a oficina. A apólice de seguro, com sua vigência, deve estar à disposição do cliente.

Cuidados
. É importante que seja feita uma lista que identifique os danos da carroceria e o estado de funcionamento de alguns acessórios.
. O veículo deve ser protegido com capas nos bancos e filme plástico no volante, manopla de câmbio e freio de estacionamento, se for o caso.

Estrutura física
. Espaço adequado para o cliente estacionar o veículo até ser
atendido.
. Se há áreas específicas para a realização de cada serviço.
. Recepção
. Sala de espera
. Área produtiva, onde ficam as bancadas, ferramentas, elevadores etc. O cliente deve ter acesso visual a esse espaço, mas não deve entrar para não correr o risco de se machucar.
. Escritório
. Estoque
. Ferramentas básicas e para serviços específicos

Fonte: Felício Félix, analista técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil)