A Volkswagen demorou muito para entrar no segmento das picapes médias e, quando o fez, chegou meio crua em uma arena que já tinha concorrentes muito fortes (Ford Ranger, Chevrolet S10, Toyota Hilux, Nissan Frontier, Mitsubishi L200, entre outras), seja pela tradição, inovação, robustez, versões mais simples etc. Quando a Amarok foi lançada, em maio de 2010, o consumidor tinha apenas a opção da versão Highline, de cabine dupla, tração 4x4 e câmbio manual, cacife insuficiente para bancar um jogo de alto nível de competitividade. Mas a marca alemã foi se adequando à batalha com o lançamento da cabine simples. Agora, com a opção do moderno câmbio automático de oito velocidades (inédito no segmento) e com um pouco mais de fôlego no motor 2.0 biturbo a diesel (não é o mais potente da categoria, mas está perto disso), a picape média da VW está “pronta” para a briga.
A nova transmissão automática tem algumas características importantes. A oitava marcha foi configurada como “overdrive”, aquela que não tem praticamente força nenhuma e que possibilita ao motorista economizar combustível quando roda por retas planas. Isso, aliado a outros fatores, como a maior amplitude entre as relações de marcha, proporcionam mais economia de combustível do que o mesmo modelo equipado com câmbio manual. Segundo a Volkswagen, essa picape chegou aos 12,2km/l na estrada.
Reduzida
Outra qualidade do novo câmbio é a primeira marcha bem reduzida, que foi desenvolvida para o uso no fora de estrada, para arrancar com carga em subidas íngremes ou quando o veículo é usado para reboque. Dessa forma, os engenheiros conseguiram dispensar a necessidade de engrenagens de redução, tão comuns em veículos com tração 4x4, reduzindo o peso do conjunto. Para os amantes da poeira e do barro, a Amarok vem de série com bloqueio eletrônico do diferencial e pode ser equipada (nas versões Highline e Trendline) com controle automático de descida (HDC), que limita a velocidade até 30km/h; e o sistema HSA, que segura o carro por três segundos (antes de o motorista tocar o acelerador) ao arrancar em subidas íngremes. Para quem tem mais pressa, a nova caixa automática tem a função Sport (S), acionada por uma tecla junto ao câmbio, que faz com que as trocas sejam feitas em rotações mais altas. Existe também a opção de troca manual, de modo sequencial.
Fôlego
Como a última arma de marketing usada no segmento das picapes médias no Brasil tem sido a da potência, a Volkswagen resolveu incrementar a chegada do novo câmbio com uma pitada de pimenta no motor 2.0 biturbo a diesel, que, com algumas mudanças (atualização de softwares e alterações nos turbocompressores), passou a desenvolver 180cv de potência (17cv a mais) e 42,8kgfm de torque (aumento de 2kgfm). Nas opções com câmbio manual o torque permanece em 40,8kgfm. Com o novo conjunto, a Amarok na versão Highline 2.0, cabine dupla, 4x4, acelera até 100km/h em 10,8 segundos e chega aos 179km/h de velocidade máxima. Nos motores com uma turbina, a potência continua sendo de 122cv.
Rodando
Em um primeiro contato com a nova picape, foi possível perceber que o câmbio tem trocas macias, que são quase imperceptíveis (sem nenhum tranco), seja no modo automático ou manual, e que a maior amplitude das relações de marcha faz com que o motor trabalhe mais suave. No fora de estrada, a primeira reduzida, embora não tenha sido exigida a fundo, demonstrou capacidade para transpor obstáculos mais leves; e os sistemas que auxiliam o motorista a descer rampas e a arrancar em subidas íngremes funcionam de forma eficiente. Outra boa impressão foi a da suspensão, que chega perto da principal concorrente (Toyota Hilux), que virou referência no setor no quesito conforto/capacidade de carga.
Versões
Agora, a linha Amarok tem nove versões, sendo que as de entrada passam a ser chamadas de S: S cabine simples, 4x2, R$ 80.990; S cabine simples, 4x4, R$ 87.990; SE cabine simples, 4x4, R$ 95.490; S cabine dupla, 4x2, R$ 91.490; S cabine dupla, 4x4, R$ 95.490; SE cabine dupla, R$ 102.990; Trendline cabine dupla, 4x4, R$ 114.490; Highline cabine dupla (manual), 4x4, R$ 129.490; e Highline cabine dupla (automática), 4x4, R$ 135.990.
* O jornalista viajou a convite da Volkswagen do Brasil.